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Ajeitei-me em minha cadeira, fingindo interesse em meu cardápio enquanto meus olhos analisavam os dois homens do outro lado da rua, pareciam inquietos e conferiam as horas em seus relógios de pulso com demasia insistência, soaria normal, porém eu sabia muito bem qual era a pressa.

-Seu café. -A garçonete me serve com um sorriso contido, agradeço enquanto ela se afasta, voltando minha atenção ao que interessava, um dos homens tinha seus olhos em mim agora, ele parecia fazer um grande esforço para ser sedutor, erguendo uma de suas mãos para seus fios loiros e os levando para trás, fazendo-me sorrir em sua direção, recebendo em troca seu sorriso galanteador, era triste notar seu desespero, eu não podia negar.

Observando-o por um tempo, notei que seu amigo tinha sumido de vista e isso era o que eu estava esperando, deixei dinheiro suficiente para uma boa gorjeta e segui para o outro lado da rua, caminhando de forma despreocupada, como se eu fosse moradora de lá e essa fosse uma manhã comum, o homem piscou em minha direção quando passei ao seu lado para que eu pudesse adentrar o prédio atrás de si, revirei meus olhos em desgosto quando ele não podia ver e segui em direção às escadas, sem chamar atenção e nenhum pouco surpresa ao encontrar um homem ali, armado, pronto para sacar a arma, porém fui mais rápida, afastando sua mão de seu corpo enquanto o empurrava contra a parede de gesso, vendo a rachadura que ele fizera antes de cair aos meus pés desmaiado.

-Boa sorte na próxima. -Lhe desejo, descarregando a arma ao seu lado e a colocando em minha cintura, em meu trabalho não usava nenhum meio letal, eu diria que era por ter toda a atenção normalmente naqueles que me contratavam e eu era boa em imobilizar aqueles que só tinham em mente abater mais uma pessoa, eu não sabia se poderia viver com sangue em minhas mãos.

Em momentos como esse eu não podia negar que os únicos três anos passados em treinamento para me tornar policial valeram a pena, infelizmente o futuro fora decisivo em me dar outra coisa em que usar o que eu sabia, era cruel, mas eu tinha minhas razões. Eu sabia que quem eu estava defendendo, normalmente, não tinha a ficha limpa ou um trabalho honesto aos olhos da sociedade, porém, era exatamente com essas pessoas que eu chegava mais perto do meu objetivo, eu não podia deixar de pensar em meus erros, mas eles não me condenavam mais do que não fazer nada.

Subi até o quinto andar, odiando o fato das escadas sempre findarem numa porta, isso trouxera surpresas no terceiro e quarto andares, além de um soco certeiro em meu olho direito.

Quarto 257. Toquei a campainha e tentei desamassar minha camisa, sem muito sucesso.

-Disse que estaria aqui às oito! -O Sr. Collins grita ao me ver ali, seus cabelos grisalhos, os poucos que ele ainda tinha, estavam desorganizados, sua gravata frouxa e na lapela de seu paletó podia identificar um pó branco. -Eles iam pegar o meu dinheiro!

-Não deveria estar preocupado com o dinheiro à essa altura. -Comento sem que ele ouça, pegando uma maleta prata ao lado da porta e indicando a mesma para que ele saísse, não tínhamos tempo algum para conversa. -Vamos.

-Você é louca menina, querem me matar, aqueles filhos da puta querem meu rabo! -Seu desespero era nítido e respirei fundo.

-Confie em mim, está seguro. -Falo, impondo em meu olhar a confiança que ele precisava pra sair dali enfim, mas ele gritou quando viu um homem apontar a arma para si, porém logo saquei a minha em sua direção, o olhando nos olhos e reconhecendo o galanteador da entrada.

Ah qual é?, pensei.

-Você matou meus homens! -Ele diz raivoso, direcionando o cano de sua arma para mim.

-O fato deles serem péssimos em se defender, não indica morte. -Garanto, certa de que de fato não matara nenhum deles. -Não sujaria minhas mãos com seus homens.

Dangerously In Love • ZAYNOnde histórias criam vida. Descubra agora