Acidente?

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Gritei, gritei com todo o ar que havia em meus pulmões, lágrimas escorriam do meu rosto como água de uma torneira, tirei meu cinto de segurança e despenquei no chão do teto do carro, toquei o rosto de Alois, ele sangrava pela boca e nariz e tinha vários arranhões nos braços e abdômen.
Mexi em seus cabelos sentindo o liquido quente em minhas mãos, seus cabelos loiros agora estavam vermelhos e molhados de sangue, seu sorriso sincero agora estava fraco e sem vida
Consegui solta-lo do cinto de segurança e puxa-lo com cuidado para fora do carro, deitei sua cabeça no meu colo fitando seus olhos escuros e opacos.

Porque? Porque tiraram ele de mim? A única pessoa que conseguiu me manter vivo?

- Socorro! Por favor! Meu amigo está ferido! Me ajude! - gritei com todo a força de meus pulmões.

Nada, não se ouvia nada, era uma estrada pouco acessada e com muita floresta em volta, ninguém mora em um lugar como esse.

- Me ajude! Um preciso de ajuda! Meu amigo vai morrer! Por... Favor... - chorei.

Continuei sem resposta, era inútil, eu sei que era, mas eu não sabia o que fazer.

- Seja o que for, anjo ou demônio, pessoa ou deus, só por favor me ajude... - chorei junto ao corpo de Alois.

- Anjo ou demônio, pessoa ou deus. - soou uma voz nas sombras. - Bom não sou anjo, pessoa ou deus, mas se quiser esse demônio pode te ajudar. - sorriu.

Vi aquela figura se aproximar, vestia uma roupa negra e tinha olhos vermelhos como rubis, e um sorriso que não sei definir se era angelical ou demoníaco.

- Não importa! Ajude meu amigo! - gritei em desespero.

- Ah meu pequeno mestre, seu amigo está morto, eu não posso salva-lo, como disse não sou anjo, pessoa ou deus. - falou tranquilo.

- Eu faço qualquer coisa! Tudo que você quiser! Só por favor ajude meu amigo... - chorei em desespero.

- Tem uma forma, troque sua alma pela salvação de seu amigo. Ele não voltara a vida, mas terá um lugar especial no Jardim do Éden. - falou.

- Troca? Alma? Eu tenho que dar minha alma para que ele va para o céu? - perguntei.

- Sim, na verdade você vai me dar sua alma e eu vou barganhar com um anjo para levar seu amigo. - falou.

- Eu dou, leve o que for de mim, mas salve meu amigo. - falei sem pensar duas vezes.

Aquele homem chegou mais perto, tirou a luva branca que cobria sua mão e segurou meu queixo com delicadeza, por um momento me perdi no vermelho sangue de seus olhos, depois senti os lábios quentes dele junto aos meus era apenas um selinho, segundos depois senti uma dor estridente em meu olho esquerdo, o empurrei e gritei com a mão no local, parecia que algo estava sendo desenhado em minha íris. Minutos depois a dor passou e senti algo quente escorrer em minha bochecha, sangue, o homem sorria como quem se diverte com o meu sofrimento.

- O que você fez comigo...? - gemi tapando o olho ferido.

- Agora, nos temos um contrato. - mostrou sua mão esquerda com uma marca. - Agora sua alma é minha.

Não havia reação para aquela situação, eu vendi minha algo ao diabo? Eu vou para o inferno com ele? Eram perguntas sem resposta.

- Agora ajude meu amigo. - falei tentando afastar o cansaço que estava tomando conta.

- Claro mestre. - falou.

Aquele homem se afastou e começou a falar uma língua que não conheço, como por mágica outro homem branco de cabelos da mesma cor surgiu e começou a conversar com o de cabelos negros.

- Pequeno mestre a barganha está concluída, seu amigo tem um lugar no céu, mas você terá que ficar aqui comigo. - sorriu.

- Eu nunca mais vou ver o Alois? Minha vida não tem sentido sem ele... - falei fitando o rosto do meu amigo.

- Terá a mim pequeno mestre, agora deixe que o anjo cuide disso, venha comigo. - estendeu a mão.

Olhei para o homem e depois para Alois, chorei outra vez.

- Obrigado Alois, você sempre será meu melhor amigo, eu te amo. - selei nossos lábios.

Levantei com dificuldades ja que minhas pernas estavam feridas, peguei a mão daquele homem e meu olho voltou a doer, levantei e me apoiei naquele demônio.

- Não olhe para trás. - falou.

Obedeci, andei alguns minutos depois senti minha vista nublar e meu corpo pesar.

Tudo escureceu e no fim daquele escuro vi o sorriso sincero de Alois.

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