3 - Dor

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MAXWELL

Eu estava na banheira, no banheiro do meu quarto. Consegui a tão difícil tarefa de chegar com silêncio em casa. Meus pais não poderiam me ver naquele estado. Não poderiam descobrir os motivos. Não poderiam descobrir que sou gay. Não agora.

Chorava muito enquanto limpava todo aquele vermelho da minha roupa e de mim. Abracei meus joelhos e fiquei assim até amanhecer. Quando me dei conta, levantei, vesti um pijama e fui me deitar. Adormeci com uma baita dor de cabeça de tantas lágrimas que derramei.

O fim de semana foi bem triste. Só lembrava desse acontecimento. Vi que algumas pessoas no grupo do WhatsApp estavam adorando e fizeram até memes de mim. Em um deles, estava escrito "A Nova Carrie: A Estranha" em cima de uma foto onde eu estava sujo de vermelho. Eu saí do grupo na hora que vi o que estava acontecendo.

Não pensei mais em Derek.

Não pensei em mais nada.

Bruno e Alissa me ligaram em uma chamada de voz coletiva no Skype. Eles me explicaram que ficaram sabendo do ocorrido. Bruno disse ter ido embora mais cedo da festa, assim como Alissa. Eles me consolaram e disseram que estariam aqui pra qualquer coisa.

Eu sorri.

Conversamos um pouco e esse foi o meu sábado.

Por mais que estivesse triste, tentei fazer de tudo pra não demonstrar isso e passar despercebido pelos meus pais. Consegui.

No domingo, decidi abrir as mensagens de Débora e Claire. Fofas assim como as de Alissa e Bruno, elas conversaram comigo, tentaram de tudo pra me deixar melhor. E sim, eu estava me sentindo melhor. Até a segunda feira chegar...

DEREK

Passei o fim de semana pensando no ocorrido com Max. Nem abria redes sociais. Não fazia praticamente nada. Só pensava naquele pobre garoto. Decidi abrir o WhatsApp e quando vi o que estava acontecendo me subiu aquela raiva de novo. Vi que Max tinha saído. Óbvio, como ele iria continuar naquele inferno? Fiz o mesmo, saí do grupo.

Na segunda feira, antes de entrar na sala, encontrei com Bruno. Já nem me dava mais o trabalho de tentar falar com ele, porque sabia que iria me ignorar como das outras vezes. Mas era preciso tentar mais uma vez e pelo menos me desculpar, e também me explicar.

- Bruno. - Eu segurei o seu braço. Ele apenas olhou pra mim com uma cara de raiva. - Me desculpe. Me desculpe, me desculpe, me desculpe. Por tudo. Eu não deveria, você tinha razão. De tudo.

- Derek, você não é mais o amigo que eu conhecia. Olha só o que você se tornou. Olha onde você chegou.

- Bruno, eu não vou mais andar com aqueles idiotas. E eu não fiz aquilo com Max, nunca seria capaz. Foi algo horrível. Depois daquilo eu meio que acordei.

- "Meio que acordou"? Já deveria ter acordado há muito tempo.

- Me desculpa por tudo. Eu não fazia ideia de que eles seriam assim com Max. De que seriam capazes...

Bruno riu de uma forma sarcástica.

- Cara, o mundo é uma merda. As pessoas não prestam. Você viu o preconceito do Marcos naquele dia e ficou quieto. Não fez nada. E ainda mentiu como se fosse hétero!

- Bruno...

- Seu falso!

- Bruno, por favor, eu quero consertar tudo, me desculpa. Vou fazer o que é certo. Vou agir de forma correta. Eu amo você, cara! Quero voltar a ser seu amigo. Sinto sua falta todos os dias. Foram erros horríveis que cometi, mas não vou mais fazê-los.

Eu escolho ele (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora