Marina
Seus lábios tocaram os meus com desespero. Nosso beijo ocorreu em meio às lágrimas que estávamos derramando. Aquele beijo estava sendo diferente de todos que havíamos trocado. Havia uma mistura de desespero, medo e saudades. Estava ficando sem ar, quando ele, foi se afastando.
- Fiquei com muito medo em perdê-la - murmura baixinho - pensei que esse sofrimento não fosse passar nunca - chora - quase morri quando soube desse acidente. Nunca mais quero passar por isso. Nunca mais, nunca mais - suspira.
- Desculpa - falo - tudo culpa minha - deixo às lágrimas caírem.
- Para com isso - limpa às lágrimas - não teve culpa alguma. O culpado é o motorista.
- Aconteceu tudo tão rápido - digo.
- Esqueça isso - beija minha testa - conversaremos sobre isso em outro momento.
- Descobriram que foi? - pergunto.
- Não tirei meus pés daqui - revela - sairemos juntos - declara.
- Os gêmeos? - aliso minha barriga - aconteceu algo com eles?
- Precisaram fazer uma cesariana de emergência - diz - ambos estão na incubadora. Antes de cair no sono passar por lá - pega o celular - disseram que era proibido tirar fotos - ri - aqui. Essa está melhor - entrega o celular.
Mais lágrimas acabaram escorrendo pelo meu rosto. Eduardo tentava limpá-la, mas estava sendo inútil, pois não pararia de chorar tão cedo.
- Eles são diferentes - consigo dizer - quem nasceu primeiro? - indago.
- Nosso guri - sorri - nossa guria nasceu depois de dois minutos.
- Eles correm risco de vida?
- Correm - responde - precisamos ter fé - segura minhas mãos - eles ficaram bem e logo estaremos em casa.
- Preciso vê-los - digo nervosa.
- Amor, você precisa descansar um pouco mais.
- Depois posso fazer isso - tento sentar na cama - eles precisam saber que estou aqui - falo séria.
- Tenho certeza que não irá desistir - desce da cama - vou atrás da médica - comenta - fique na cama - pede - não demoro.
- Ok.
Peguei de volta seu celular, abri um sorriso enorme e fiquei observando cada detalhe dos nossos filhos. Estava louca para vê-los pessoalmente. Pegá-los no colo, beijar, abraçar e finalmente amamentar eles.
Eduardo não demorou muito. Logo estava observando ele entrando no quarto, mas dessa vez, ele não estava sozinho. Havia uma mulher na sua frente, imaginei que fosse à médica e acertei.
- Sara - estende sua mão.
- Marina - aperto de volta.
- Sentindo algum desconforto? - pergunta.
- Não - respondo - estou ótima - afirmo - gostaria muito de ver meus filhos - peço.
- Você precisa descansar - diz.
- Já descansei o suficiente - falo - preciso vê-los agora.
- Ela não mudará de ideia, doutora - Eduardo, fala.
- Tudo bem - sorri - também insistiria. Precisa tomar seu café antes - lembra - vou providenciar uma cadeira de rodas para não cansar muito.
- Podem trazer esse café - digo nervosa - quero ver ambos logo.
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Recomeço
RomanceMarina abdicou de todos seus sonhos. Ela não estava esperando por aquela gravidez. Teve que mudar o rumo da sua vida, pois criaria o filho sozinha. Ela precisou recomeçar! Eduardo passou alguns anos fora. Resolveu voltar ao Brasil, abrir seu escrit...