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Capítulo 1

Estava frio , os primeiros vestígios de neve caiam lá fora , é sinal que o inverno está chegando. Toco meu rosto instintivamente, estou gelada . Passo mais uma noite em claro , dês do acidente não consigo dormir . Levanto da cadeira onde passei a noite observando a janela do meu quarto no campus da faculdade e vou em direção ao banheiro. Deixo a banheira encher com uma água quase escaldante enquanto observo meu rosto pálido marcado pelas olheiras de mais uma noite sem dormir. Meus longos e ondulados cabelos castanhos , que antes eram sedosos , se mostram emaranhados e em um tom opaco. Minha pele que é de um tom de  amêndoa , está pálida e coberta por hematomas os quais desconheço a origem . Minha aparência está tão fodida quanto a minha mente.

Canso de observar meu reflexo no espelho , um reflexo que parece tão distante da Rose de seis meses atrás , e entro na banheira. Quando minha pele toca a água , solto um rosnado de dor e alívio. Mergulho meu corpo até esta com água até o pescoço, deixo o calor me levar em busca de alívio , conforto nem sei ao certo. O tempo passa num silêncio torturante , e minha mente me prega peças , me fazendo lembrar da noite do acidente toda vez que fecho meus olhos. A água que antes era quente agora está gelada e me vejo Obrigada a levantar da banheira, meus dedos estão enrugados , mas ainda me sinto Morta. Vou em direção ao meu quarto e visto um suéter preto com uma calça jeans, calço uma sapatilha preta e vou em direção a porta , puxando minha bolsa.

" Vamos Rose é só mais um dia"

Minha mente fica vagando enquanto caminho pelos corredores do campus . Todo o barulho , toda a agitação dos outros estudantes parece não me atingir. Vou em direção a minha primeira aula que é da professora Sonya Karp , ao chegar na sala nossos olhos se cruzam , sinto o remorso e a preocupação por trás de seus grandes olhos azuis. Desvio meus olhos e os pensamentos para longe , não quero que ninguém sinta nada por mim , muito menos pena. A aula parece interminável , os minutos se arrastam de maneira torturante, os olhos de Sonya ainda estão concentrados em mim.

" Porra , não vejo a hora dessa tortura terminar."

O sinal finalmente toca , mas antes que eu possa me afastar escuto alguém me chamar. Era a professora

- Rose podemos conversar ? - me pede , me fitando com seus grandes olhos azuis , como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

- Pois não senhora Karp . - tento ser o mais fria possível. Não quero ninguém se metendo em minha vida , muito menos uma professora.

- Rose , estou preocupada com você... Você está diferente . - Sonya está sem jeito , seus olhos vacilam ao terminar a frase .

- Óbvio que estou diferente , se a senhora não lembra assisti os pais das minha melhor amiga morrerem . - meu tom de voz é sarcástico , quase em deboche. - Caso a senhora não recorde , eu quase morri também.

- Rose eu não quis ser rude com você . É só que Lissa está superando , ela está tendo ajuda . Talvez você também possa ter.

- Professora eu não sou a Lissa , se ela está tendo a ajuda psicológica é problema dela , não meu . - Já estou cheia desse assunto, todos acham que eu preciso de um psicólogo ou Deusa sabe lá mais o que . Eu não sou a Lissa , eu sei cuidar de mim e dos meus problemas.

- Rose a Diretora Kirova convocou uma reunião com todos os seus professores. Você era uma de nossas melhores alunas. Mas depois do ocorrido , suas notas caíram , você parece sempre distante, além do que sua aparência está péssima. Estamos preocupados Rose. – A voz de Sonya entoa toda sua preocupação e frustração ao meu respeito.

E ela estava certa.  Seis meses atrás estava em uma festa com meu namorado Jesse , estávamos nos divertindo juntos. Jesse era o sonho de todas , mas era a minha realidade, estávamos juntos a cerca de 5 meses. O nosso relacionamento era de  altos e baixos , e quando tinha álcool envolvido , os 'baixos' dominavam .
Essa noite não tinha como ser diferente , Jesse Zeklos que a via ganhado uma bolsa na faculdade por ser um brilhante jogador de futebol americano, estava mais uma vez bêbado. Discutimos pela milésima vez , ele me puxava pelo braço e diz que ‘eu era dele', que precisava entender que 'outras garotas também o queria' . Eu estava aterrorizada , as lágrimas queimavam e escorriam de maneira descompassada , e ele gritava comigo me apertando cada vez mais fortes. Com um vacilo de Jesse , o empurrei e corri entre a multidão que lotava a casa . A música alta , as risadas misturadas com o cheiro de álcool e fumaça, faziam a minha cabeça queimar.