Capítulo 19

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Rose

Abro os olhos e observo as pequenas frestas de luzes que preenchem o quarto.


- Bom dia pequena. – Adrian beija a minha testa e afaga meus cabelos enquanto desperto. A tentativa de dormimos em quartos separados foi por água a baixo. No meio da noite acordei aos gritos após um pesadelo. O pesadelo que vem me assombrando dês do acidente. Mas desta vez ele foi real, ele foi mais forte. Dimitri que estava ao volante. Adrian correu para o meu quarto. Entre um abraço e suas promessas que iria ficar tudo bem, acabamos dormindo juntos mais uma vez. Sem sexo, porem juntos.


- Bom dia, Ivashkov. Obriga por ontem.


- Sempre pequena. – ele sussurra de volta.


Sempre que estou com Adrian me sinto em uma bolha. Uma segura e confortável bolha. Não existe o drama. Só existe nós e nosso jeito, meio errado, de nos fazermos bem. E sinceramente, me assusta pensar desta forma. Perceber que meu bem-estar depende tanto de uma outra pessoa. Mas é ai que está o grande monstro de baixo da minha cama. Eu sou um ser humano completamente dependente. Veja bem: Primeiro fui dependente de Jesse. Ele poderia me tratar como merda, mas eu não poderia imaginar uma Rose sem um Jesse. Depois ele me chutou e veio o Adrian. Mais uma vez me vi dependente de um cara. Terminei com o Adrian e voltei com Jesse. Presa em uma espiral de relacionamentos tóxicos e completamente dependente desses relacionamentos. Quando tudo finalmente pareceu se quebrar, Dimitri apareceu e adivinha? Lá estava eu dependente dele também. É louco pensar que em menos de um mês transformei Dimitri em minha motivação. Eu deveria ser a minha motivação, eu deveria me bastar.


- No que você esta pensando ? – Adrian quebra meus pensamentos.


- Que eu preciso parar. – um interrogação cresce no seu rosto bonito. – preciso parar de depender das pessoas. Preciso começar a ser eu mesma e fazer as coisas por mim , não por um cara. Preciso começar a ter amor próprio.


Adrian me encara com brilho nos olhos. Orgulho? Talvez! Outra coisa também que consigo perceber é que: sem este homem ao meu lado eu não teria chegado a está conclusão.


- Qual o plano pequena?


- O plano é o seguinte Ivashkov: hoje sairei deste apartamento e encontrarei um emprego. Vou me matricular em aulas de verão e vou ajustar toda a merda solta na minha cabeça. Eu preciso de paz Adrian e eu vou encontra-la. Não através de um cara , mas em mim mesma. E só depois que eu estiver com tudo dentro dos trilhos que irei encontrar alguém.


- Você so errou em uma coisa Rose. – um sorriso malando se estende nos lábios de Adrian. – Você não vai encontrar alguém. Você vai voltar para o seu alguém.


Ele não poderia está mais certo.  


... 

Horas mais tarde estou andando pela agitada Venice Beach. Entro no Abbot Kinney Boulevard e vou reparando nas lojas e suas vitrines. Estou buscando um emprego por horas, o que tem se mostrado uma tarefa quase impossível, mas estou determinada. Após 40 minutos de caminhada e seis lojas me dizendo 'não estamos contratando' , meus pés ostentam bolhas do tamanho de azeitonas. Me encosto em um muro de tijolos vermelhos e respiro fundo.

- Calma, você vai conseguir! – repito pra mim mesma. É estranho está nessa situação e mais estranho ainda não ter ninguém ao meu lado para me confortar. Eu sempre fui cercada de gente. Até quando estava atirando merda pros outros após o acidente, Liss e Vikka estiveram ao meu lado. Eu sou uma amiga horrível. Até a professora Sonya esteve ao meu lado e eu nunca dei valor a nada disso.

Sinto um gosto amargo na boca. Nossa esse é o gosto do arrependimento? Por que se for , é uma droga! Estico minha coluna e volto a andar, chega do show de 'alto piedade da Rose'. Eu tenho um objetivo e vou com tudo atrás dele. Corro até a semáforo, na verdade manco até o semáforo, e me desequilibro por conta das bolhas.

 Ok , talvez meus objetivos fiquem para amanhã. 

Me apoio em uma vitrine e quando olho para dentro, meu coração se enche de alegria: é um estúdio de Ballet. Talvez um pouco de arrependimento realmente faça com que as coisas melhorem pra você. Mais uma vez estico meu corpo e tento  me apoiar da melhor maneira possível. Eu preciso fazer isso acontecer. Eu vou fazer isso acontecer. Passo pela porta de viro e sou envolvida pelo ar fresco do ar condicionado e um cheiro refrescante de limão e menta.

- Olá , posso ajudar ? – um garota mais ou menos da minha idade com um cabelo loiro sedoso me pergunta atrás do balcão da recepção. Ela esta pregando alguns papeis no quadro de comunicado.

- Oi , boa tarde. Eu estou procurando um trabalho. – isso ai Rose. Seis lojas e seis nãos , não te ensinaram nada sobre sutileza. Parabéns!

- Acho que é seu dia de sorte. Estava colocando agora mesmo um comunicado que temos uma vaga aberta. Qual é mesmo o seu nome? – A loira atrás do balcão pergunta.

- Oh...me perdoe meu nome é Rosemaire Hathaway. Mas pode me chamar de Rose.

- Prazer Rose , sou Sydney Sage. Mas pode me chamar de Syd. Então você gostaria de se candidatar a vaga ?

- Sim por favor. – Syd me passa uma ficha e eu começo a preenche-la. Ela me pede que eu envie algumas referências e apresentações minhas. Estando tudo ok , vou fazer uma aula experimental pra ver como as crianças vão lidar comigo. Se tudo ocorrer bem , eu sei que vai, a vaga é minha.

Minutos depois estou na rua novamente. Estou me sentindo esperançosa, coisa que não me sinto a muito tempo. Recebo uma mensagem de Abe me informando que a ordem de pagamento já foi recebida pelo banco, ele me passa o endereço da agência e pede que eu me dirija imediatamente para lá. Pra minha sorte o banco fica apenas algumas quadras daqui, vou mancando. Malditas sapatilhas novas. Faltando apenas três ruas para chegar ao banco tenho a sensação de está sendo seguida. Olho por cima dos meus ombros analisando o perímetro e nada fora do normal. Finalmente chego na agência bancaria, mas a sensação de estar sendo vigiada e seguida não some. Poucos minutos depois tenho meu dinheiro em mãos, não vou mais necessitar da ajuda financeira do Adrian. Saiu do banco e recebo o ar quente do verão em meu rosto. Olho pra frente e paraliso. Não, não pode ser. Minha mente está brincando comigo.

Dimitri.

Corro em direção ao outro lado da rua , mas em fração de segundos um ônibus passa tampando a minha visão, quando volto a olhar ele não está mais la...

Era só o que me faltava. Estou enlouquecendo. 

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