DRY STYLE

Eu não te amo

Revolta.

O meu final de semana foi baseado em somente revolta.

Em minha vida inteira, nunca imaginei que sentiria tanta raiva de mim mesma quanto senti no sábado e domingo. Eu simplesmente não queria acreditar de que tudo aquilo havia acontecido comigo e de que tudo foi por minha culpa. Eu não conseguia acreditar em como fui idiota, em como fui inocente, em como fui cair na armadilha de maneira tão fácil.

Acho que puxei os meus cabelos por 48 horas seguidas. Deveria entrar pro Guinness Book com isso?... não, se for pra tentar bater algum recorde, que seja de idiotice. Porque acho que seria bem mais fácil.

Se existia uma maneira de odiar ainda mais Hoseok e seus amigos, suponho que eu tenha a encontrado. A partir do momento em que aquele cara me machucou e me humilhou e, também, a partir do momento em que os outros me negaram ajuda, prometi a mim mesma enxerga-los somente como pura e excessiva merda.

Tive que lutar bravamente contra a vontade que obtive no final de semana em jogar tudo pro inferno e voltar para a América. Tudo o que eu queria era comprar uma passagem, entrar no avião e esquecer de tudo o que passei neste lugar — Apesar de que não fora muito tempo, se parar para pensar.

Mas eu não faria isso. Não, não faria isso de jeito nenhum.

O que eu ganharia voltando para a faculdade em Houston? No mínimo a alegria daqueles desgraçados e a decepção do meu pai. Eu me tornaria somente o quê? Uma fraca? Covarde? No mínimo.

Deitada agora de bruços sobre a cama e encarando a foto dos meus pais sobre a escrivaninha ao longe, eu tentava pensar em alguma coisa útil. Apenas tentava, porque acho que estava sendo inútil.

Ao mesmo tempo em que os meus pensamentos me retornavam à festa, eles me questionavam a algo que eu, até o momento, não sabia como responder: como seria daqui para frente? Eu não possuía a resposta pra isso, então a minha cabeça já estava virando uma tremenda bagunça.

Eu estava com medo de Hoseok.

Não, agora não era somente hesitação ou receio. Eu estava com medo dele. Eu tinha raiva de Jungkook por ter sido um merda comigo, tinha raiva do Jin por não ter me ajudado, tinha raiva até do Suga por ter me empurrado na entrada da casa. Mas o Hoseok... ele era diferente. Talvez a explicação mais plausível que encontrei seja por ele ter me humilhado, contudo algo me indicava de que era além disso.

Eu tinha medo de ser humilhada novamente. Eu tinha medo de Hoseok me odiar ou simplesmente não ter ido com a minha cara e resolver me infernizar de agora em diante.

Mil vezes ele ter se esquecido do que fez no último sábado e ter se esquecido de mim. Prefiro mil vezes tornar-me apagada diante os seus olhos de agora em diante.

Acho que eu não aguentaria uma segunda humilhação.

No sábado, logo ao chegar da festa, tomei o telefone em mãos. Eu deveria ter ficado quase meia hora olhando para o aparelho e pensando se ligaria ou não para a polícia. A resposta? Acho que... óbvia.

Não liguei para ninguém, simplesmente joguei o telefone contra a parede; não sei, deveria ter ficado com muita raiva de mim mesma por ser sempre tão medrosa. Que descanse em paz, telefone recém-comprado.

Bufei e virei o meu corpo para cima, agora encarando o teto. Eu não queria mais me envolver com Hoseok e seus amigos. Tenho de manter a possibilidade otimista de que aquilo fora um trote e somente; eles não iriam querer mais nada de mim.

Virei a minha cabeça para a esquerda e o relógio sobre o criado-mudo me indicava de que eu já estava atrasada para a faculdade.

Outro motivo por eu ter escolhido o período da noite para estudar, fora que sempre achei que o dia iria parecer maior. Digamos que as horas correriam mais lentas — De acordo com a minha cabeça — e eu teria bem mais tempo sobrando do que estudando no matutino.