Verdade travada

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Eunji me pediu que eu fosse até hospital para lhe devolver o celular. Quer dizer, não sem antes quase morrer de tanto me pedir desculpas por ter "me acordado". Ele me perguntou se eu podia levar o celular durante a manhã, para ser mais exata, mas não vi problema em levá-lo naquela hora mesmo.

Eu não estava com vontade de dormir mesmo... Como dormiria depois do que havia acabado de acontecer frente ao meu prédio? Era bom eu fazer aquilo, foi ótimo ele ter me ligado, foi um presente dos deuses. Porque, eu teria algo para entreter a minha mente.

Não contei a Eunji que havia acabado de levar um fora do Jimin, acho que não era bem o momento certo para aquilo. Depois acharia oportunidade melhor.

Peguei uma blusa de frio extra e saí de casa. Como estava muito tarde, perdi à recepção que me chamassem um táxi, e, minha nossa, eles chamaram mesmo.

Com um sorriso no rosto ― Não por estar feliz, por ter arranjado um carro tão rápido ― entrei no automóvel e disse ao taxista onde iria.

[...]

― Chris.

― Eunji... nossa.

― Oi, pra você também.

― Ah, desculpa. É que... nossa.

Adentrei aquele quarto de hospital e aproximei-me de Eunji com o rosto mais que surpreso. Não pude evitar, meu amigo estava ferrado. Suga não bateu nele, Suga contratou uma manada de cavalos para pisarem nele.

― Nossa, eu nem sei o que dizer. ― Falei, perdida; observando Eunji remexer-se na cama no intuito de levantar um pouco o tronco ― Você está... ferrado, Eunji, como Suga fez isso com você? Foi só ele?

― Ah, Chris, pelo amor de Deus, não me faz sentir pior do que eu já estou. ― Ele disse aquilo fazendo uma careta.

Tentei controlar minha surpresa.

― Desculpa. ― Falei e o entreguei o celular ― Aqui, seu celular.

― Ai... Obrigado. ― Ele pegou o aparelho com a maior lentidão do mundo e desbloqueou-o facilmente. Depois disso, entrou em um aplicativo e ficou lá, deslizando o dedão ― Foi só o Suga, não foi mais ninguém.

― Como aconteceu?

Olhei para o pequeno banco ao lado da cama e puxei-o para meu lado. Sentei por ali mesmo e encarei Eunji, pronta para ouvir a sua história.

O meu amigo suspirou e deixou o celular de lado, passando a olhar para o nada.

Ficamos em silêncio por um tempo confortável, ao menos foi o que senti. Naquele meio tempo, observei a roupa branca que Eunji usava e de como ela deixava parte de seus ombros à mostra. Tirando o rosto roxo, o corte grande na bochecha dele, a cara de derrotado do meu amigo, aquela vermelhidão bem vista em suas partes descobertas foram a coisa mais triste que eu já vi.

― Fiquei o domingo inteiro passando mal.

Sorri ao ouvi-lo. Tratei de tirar o sorriso do rosto, eu era burra ou o quê?

― Também. ― Acabei respondendo (séria).

― Quando foi na segunda, acordei ainda passando mal. Não pude ir trabalhar e me senti péssimo. Quando eram, mais ou menos umas... duas da tarde, aproveitei que estava um pouco melhor e fui até onde trabalho para me justificar corretamente, já que nem com o telefone eu estava. ― Eunji suspirou depois de dizer aquilo. Ele fez uma careta ao tentar melhorar sua posição sobre a cama e voltou a falar: ― Eu consegui me justificar. Depois... ai, dói só de lembrar, Chris. Aquele idiota do Suga apareceu na minha frente. Eu estava quase chegando na minha casa, Chris. Ele apareceu do nada, sério, e me deu um soco muito forte. Eu caí no chão e nem deu tempo pra pensar, quando vi... Ele já estava em cima de mim e me socando sem parar.

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