Eu gosto de você

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Havia um lugar vazio em um espaço não-identificado. Haviam luzes, cores e formas deformadas em outra imagem que aparecera do nada. Outras luzes, porém, diferentes, acrescentavam aquele espaço vazio de uma vez só; causando um borrão de cores que, juntas, tornavam-se escuras demais, causavam uma obscuridade que me davam medo.

Eu ia caminhando em direção àquele espaço, adentrando ainda mais para alcançar as cores sem nenhum motivo aparente. Era como se as minhas pernas tivessem vida própria. O meu coração acelerou, ao final, quando avistou aquela imagem se formando por entre o borrão colorido e crescendo ao meu encontro cada vez mais.

Eu sentia raiva por estar vendo aquilo, mesmo não sabendo o que era. Um sentimento tão forte que o meu peito doeu um pouco e eu tive que respirar mais fundo.

O sorriso que eu conhecia formou-se nos lábios. A boca que eu já conhecia, os olhos, todo o seu corpo... eles se formaram e mudaram para o estado físico assim que pararam em minha frente.

Hoseok.

E eu ainda conseguia ouvir a voz dele. Reconhecia, na verdade, algumas das coisas das quais ele já me falara. Era estranho, as suas palavras me deixavam abatida pela terrível nostalgia que me despertavam. E, apesar dele estar parecendo dizer tudo o que já me dissera desde quando nos conhecemos, eu só entendi "Texas".

Só "Texas".

Depois disso, Hoseok elevou a mão até o alto de minha cabeça e começou uma carícia.

Abri os olhos lentamente, despertando-me do sono pesado. A minha cabeça havia parado de doer e, apesar do meu corpo estar um pouco pesado também, senti-me melhor ao começar a me adaptar no aconchego de uma cama que não era minha.

Era um quarto. Um quarto de um azul meio claro, e eu tinha quase certeza de que já havia estado ali.

Senti as mãos do meu sonho continuarem a me cariciar. Olhei para o lado e lá estava Suga, com o rosto sério e o olhar não direcionado a mim. Mantinha-se sentado bem próximo a minha cama ― Tanto que o começo de suas costas estava escorada na cabeceira ― e agora ele soltava um suspiro alto e claramente tedioso. O cara parecia até que estava ali parado a mil anos, pela forma como qual mantinha-se posicionado na cadeira.

― O.... o que é isso? ― Perguntei fracamente.

Suga virou o rosto para mim e arregalou os olhos por um curto período de tempo. Depois disso, dos lábios dele brotaram aquele costumeiro sorriso irritante.

― Olha só... ― foi dizendo ― Se não é a Bela Adormecida acordando do seu sono de dois dias. Tem vergonha de ficar esse tempo todo dormindo não? Há quanto tempo não dorme, Bela Adormecida?

― O quê? ― Arqueei as costas e escorei-me pelos cotovelos, olhando fixo para ele.

Como assim dois dias? Eu estava desmaiada há dois dias?!

― O que aconteceu? Onde estou? Por que você está aqui? ― Perguntei desenfreadamente. O desespero tomou conta de mim ― Que lugar é esse?... Tira... tira a mão de mim, desencosta!

― Ei, ei, ei! ― Suga gritou ― Calma... ― Senti a mão dele se distanciar e me contive no desespero ― Viu? Tirei a mão já, não fica paranoica... porra, garota, parece que viu um fantasma, sou só eu. Cadê a Christine amorzinho caladinha sentado no banco do corredor?

― Onde eu estou?

Aquele era o quarto onde funcionava a enfermaria da universidade, as imagens de Eunji trazendo-me no colo e gritando ao médico que eu estava passando mal formaram-se em minha mente logo quando fiz o questionamento.

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