Ladrão de pensamentos

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Era difícil firmar meu próprio corpo para voltar a estar de pé, mas eu tinha que fazer aquilo. Segurei o banco com as duas mãos e impulsionei-me para cima, colocando um pé para fora do carro e esticando a cabeça para o mesmo lado também.

― Não. ― Disse, enquanto ainda tentava sair ― Parem...

Hoseok e Jimin, a essa altura, já estavam mais distantes do carro, atracando-se feito cães e gatos. Conseguia ver a cena toda, mesmo que estivesse tonta, e ainda assim me desesperava por saber que aquela situação ridícula estava acontecendo.

Quando saí do carro, escorei as costas na borda da porta e minhas pernas acabaram cambaleando. Isso fez com que a droga de porta tomasse impulso e fechasse com toda a força, prendendo minha blusa e, rapidamente, uma fina camada de pele das minhas costas.

A pele se soltou no mesmo instante, mas doeu muito de qualquer maneira; tanto que nem consegui chorar, só fiz uma careta e falei um "ai" camuflado pelo barulho de socos do outro lado.

― Parem com isso, que droga! ― Gritei mais alto ao me recuperar da dor, mas eles nem davam bola.

Naquele momento, vi quando Hoseok e Jimin engalfinharam-se ainda mais e caíram na calçada. Estavam um ao lado do outro, mas Jimin logo pegou o antigo ritmo e colocou-se em pé minimamente; colocando uma perna do outro lado de Hoseok e segurando-o pela gola da camisa. Virei meu rosto quando ele desferiu um soco forte em Hoseok, não tinha vontade de gritar para pararem outra vez. Quando voltei a olhar de novo, ele já estava se levantando e levantava Hoseok junto, pela gola, e o outro caiu de novo quando recebeu mais um soco de Jimin.

Era difícil dizer o que eu senti naquele momento. Meu coração apertou, fiquei com raiva, fiquei com vontade de seguir até eles e obrigá-los a pararem com a maior idiotice que eu já vi em minha vida.

Mas, quando dei por mim, o taxista já se aproximava de Jimin e ficava em sua frente, tentando pará-lo ― Mesmo que, com Hoseok no chão agora, o outro já não fazia mais nada.

― Parem com isso, por favor!

Por tudo que é mais sagrado, desta vez eles conseguiram me ouvir. Jimin olhou para mim quando eu disse, e eu fiz questão de mandar meu melhor olhar indignado para ele.

Hoseok levantou-se naquele momento e o taxista virou-se para o lado dele, abrindo um pouco os braços a fim de não o deixar passar.

Mas acho que ele não faria isso.

― Eu vou levar a Christine pra casa, Hoseok. ― Falou Jimin, um tanto ofegante e mais irritado, enquanto olhava para ele. Apontou o indicador para o meu lado e continuou a falar: ― Olha o estado dela, pensa um pouco no que estava tentando fazer.

― Jimin, olha, vai se foder, vai pro meio da puta que te pariu. ― Hoseok respondeu, me fazendo ficar desconfortável.

Jimin sentiu-se abalado por aquelas palavras também, ao meu ver.

― Se quisesse só levar ela, já teria levado. Não deixaria ela beber desse jeito.

― Quantos anos acha que Christine tem, Jimin? Eu não sou pai dela, seu trouxa.

Jimin passou uma das mãos pelos cabelos de maneira impaciente e depois parou para respirar fundo. Logo mais, voltou a olhar para mim e veio em minha direção.

Encarei-o, enquanto ele me puxava para sair da frente. Não me olhou um segundo sequer, apenas abriu a porta do carro e me encaminhou para dentro. Eu não queria deixá-lo mais nervoso, por isso sentei e fiquei calada, olhando para frente.

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