Manias

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— Vo...você... O quê?!

Rapidamente Sebastian se vira e levanta a bermuda.

— Desculpa... Eu... Limpando. – Estou tão envergonhada que nem sei onde pôr a cara.

— Eu... Vou para meu quarto.

Eu apenas aceno com a cabeça e dou um sorriso envergonhado.

Quando ele sai eu levo a mão ao peito e sento ao chão. Meu pai eterno, por que isso está acontecendo comigo?

E o membro dele é tão... Grande.

Dou uma tapa em meu rosto. Como posso estar pensando nisso?

Para esquecer-se do que acabou de acontecer volto a esfregar o chão do banheiro.

Após tirar a poeira de cada mísero objeto da casa, termino meus afazeres.

Só vou poder limpar o quarto dos rapazes depois de pedir a eles.

Aproveito que terminei o serviço e desço para pedir o celular do Senhor Jailson. Tentarei ligar para a Senhora Regina e também para a vovó. Sim, eu ainda não tenho um celular.

— Sô Jailson, tem como me emprestar seu celular? Tenho que ligar pra tá'r da Regina. E pra minha vozinha também. Aí te pago o valor do uso.

— Pode ligar a vontade menina. Eu pago mensalmente. Tem ligação ilimitada.

Não entendo o que ele tá falando, mas sorrio assim mesmo pela gentileza.

Tento diversas vezes falar com a tal da Regina, mas ela não atende. Na verdade, nem chama. Ela deve ter trocado de número.

Estou mesmo em um mato sem cachorro.

Ligo lá para casa.

"Alô"

— Vozinha! – As lágrimas preenchem meus olhos só de ouvir sua voz aveludada.

"Dera minha florzinha. Que saudades de ocê. Eu tava aflita porque Cê num ligou."

— Me desculpa Vozinha, eu... – Pondero em contar para ela, mas sua saúde não está muito boa. — Eu cheguei muito bem. Minhas companheiras de apartamento são gente boa.

"Fico muito feliz em ouvir isso minha fia." – Ela fala algo irritada com alguém – "Meu véio quer falar com ocê, minha menina."

— Me deixa falar com ele. Vozinha, eu te amo muito.

"Também te amo, minha fia." – Ela passa o telefone – "Ôh minha menina, estou com muita saudade de ocê." – Ele fala com a voz chorosa, o que parte meu coração.

— Vovô! Eu também tou com saudades. O senhor tá tomando o remédio direitim?

"Tô sim, minha santa. Pode deixar que eu ficarei firme e forte até ocê voltar."

Meu coração fica apertado. Eu quero muito acreditar nisso. Há um ano e meio nós descobrimos que ele estava com câncer. Graças a Deus era benigno e o tratamento deu resultados. Mas ele ficou muito debilitado depois disso. Tenho muito medo de ele ter uma recaída.

— Vovô, eu tenho que desligar. O senhor porteiro me emprestou o celular de bom grado para ligar pro'cêis. Não posso abusar.

"Tudo bem, minha Santa. Assim que der vou depositar um dinheiro pro cê comprar um celular. Eu te amo, minha netinha. Que Nossa Senhora te proteja."

Eles e Eu... (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora