— O que você pensa que está fazendo, caipira? – Ela diz irônica.
— Me sentando, uai. Eu disse que iria sentar co cê.
Ela revira os olhos.
— Não tente ser minha amiga. Não ando com pessoas do seu tipo.
— Tudo bem, sô. Mas eu num tô andando, tô sentando.
— Você vai fazer isso mesmo? – Ela me encara.
— Eu disse que vô fazer e pronto.
— Por quê? – Rafaela suspira — Eu já disse que não gosto de você.
Ela olha para mim e eu posso ver que ela não me odeia de verdade.
— Pode me odiar, uai. Mas o importante é que eu não odeio ocê. E acredito que cê é uma pessoa boa.
— Você não sabe de nada.
Ela fecha a cara e vira para frente.
No decorrer das aulas eu observo Rafaela. Ela parece uma pessoa amargurada. Sempre que alguém vai falar com ela é para perguntar sobre a roupa que ela está vestida, quanto custou o sapato ou quando ela vai pagar uma rodada de chope para todos.
Essas pessoas parecem abutres e ela a carniça.
Eu me sinto mal por isso, o que aumentou ainda mais minha vontade de ser próxima a ela.
Na hora do almoço eu fui sentar com ela.
— O que você quer, caipira?
— Se ocê acha que tá me xingando, tá muito enganada. – Eu rio — Acredite, eu escuto isso todos os dias praticamente. – Digo me lembrando de Alex.
— E não te incomoda? – Rafaela parece chocada.
— Eu sou, uai. Como eu ficaria incomodada com o que eu sou? – Eu olho para ela — Pra quê eu vou fingir ser o que não sou?
— Para as pessoas não falarem de você por trás. Para que queiram ficar perto de você.
— Rafaela, minha frô, se eu fingir ser alguém que num sou, eles num vão estar comigo porque gostam deu de verdade.
— Você diz como se isso fosse simples.
— Rafaela, o que você está fazendo com... Essa coisa? – Uma loira aguada e magricela diz ao chegar perto de nossa mesa.
— Nada! Só estava dizendo o quanto ela é uma Maria Mijona. – Ela se levanta e segue a magricela.
Coitada, tem muito que aprender ainda...
🐎🐎🐎
— De novo? – Rafaela diz quando me sento novamente ao lado dela.
— Eu disse que iria fazer isso.
— Me erra, garota. – Ela põe o fone enquanto o professor não chega.
Na hora do almoço eu me sentei novamente junto com ela, que saiu me xingando assim que a loira com cara de broa chegou.
Eu fiz esse mesmo processo na semana seguinte. Mas aos poucos tive a certeza de que Rafaela não é de tudo ruim.
Alex quase me estrangulou quando contei o que estou fazendo. Ele disse que é uma burrada se envolver com o inimigo. Sebastian também não gostou muito. Disse que tem medo dela me fazer mal. Já Guilherme me mandou seguir meu coração, mas que iria ficar de mal comigo se eu chorasse novamente.
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Eles e Eu... (Concluída)
Ficção Adolescente⚠OBRA REGISTRADA⚠ ⚠Plágio é crime⚠ Débora Nogueira cresceu em um pequeno sítio junto com seus avós, se acostumando com a calmaria do campo. Mas ao ter a chance de realizar seu sonho, de ir estudar na Universidade Federal do estado, ela deixa de lado...