— Vocês são amigos? – Rafaela pergunta perplexa.
— Sim. Nós somos. – Sebastian olha para mim — Vocês estudam juntas?
— É, estudamos. – Rafaela me fuzila ainda mais com o olhar — Eu já vou indo.
Eu não entendo o que ela tem contra mim. E eu quero tirar isso a limpo, por isso vou atrás dela.
— Rafaela... RAFAELA! – Quando eu grito ela olha para mim.
— Que foi hein, Pata choca? Então quer dizer que até o Sebastian você tem? Até o cara que eu tô afim?
— Nós somos amigos. – Ela suspira indignada — Me diz o que eu te fiz em menos de dois dias pro cê me odiar tanto?
— Você é uma sonsa! Eu odeio gente sonsa. – Ela aponta o dedo indicador no meu rosto — Eu te odeio por você existir. Sem me conhecer você já tirou tudo de mim!
— Eu não tô te entendendo, uai. O que eu poderia ter tirado do cê? – Eu olho para ela.
— Tá vendo? Você nem ao menos sabe. Isso me faz te odiar ainda mais. – Uma lágrima escorre pelo rosto dela — Eu te odeio por fazer eu te odiar. Fazer eu sentir esse sentimento tão ruim. Faz um favor pra mim – Ela respira fundo e enxuga o rosto — não fala comigo. Nem chega perto de mim.
Ela dá as costas e só então eu falo entre lágrimas, o que a faz parar sem olhar para trás.
— Amanhã eu vou falar novamente co cê! E se ocê me ignorar eu vou falar dispois de amanhã e dispois e dispois. Vou te provar que eu não roubei nada do cê!
Ela parece respirar fundo e então segue o caminho dela.
— Você está bem? – Sebastian chega por trás e me pergunta.
— Tô sim, uai. – Enxugo minhas lágrimas — Eu só me sinto mal por demais. Tem uma coisa aqui dentro – Digo batendo em meu peito — que me impede de odiar ela. Eu sinto como se eu fosse a ruim da história.
— Deixa isso pra lá, Dera. Ninguém pode agradar todo mundo. – Sebastian põe a mão esquerda em meu ombro direito.
— Eu sei. Mas num vou desistir dela não.
— Você não tem jeito. – Ele bagunça meu cabelo — Vamos embora. Já estou com fome.
— Eu também tô. Parece que minhas tripas tão se comendo já.
Gargalhamos e fomos para o carro.
— Aliás, cume que ocêis se conhecem? – Eu pergunto após Sebastian dar a partida.
— Ah, ela trabalha na mesma empresa que eu.
— Acho que ela gosta do cê.
Sebastian olha para mim por um segundo e vira o rosto novamente respirando fundo.
— Eu sei. – Ele faz uma pausa — Mas eu não gosto dela e já deixei isso claro.
— Por que uai? – O encaro — Ela é bunita por demais. Parece ser de boa famia. É um grande partido.
— Mas ela é má. Tem o coração ruim.
— Eu num acho não. – Sebastian me encara — Acho que isso tudo é pose. Essa fachada dela é igual casco de tatu. Eu sinto que ela faz isso pra se proteger.
— Se proteger do que, Dera? – Sebastian olha para a rua novamente - Como você mesma disse, ela é bonita, tem dinheiro e é popular. Do que ela iria fugir?
— Quem vê cara num vê coração. Talvez ela não seja feliz como quer parecer.
Sebastian não responde.
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Eles e Eu... (Concluída)
Ficção Adolescente⚠OBRA REGISTRADA⚠ ⚠Plágio é crime⚠ Débora Nogueira cresceu em um pequeno sítio junto com seus avós, se acostumando com a calmaria do campo. Mas ao ter a chance de realizar seu sonho, de ir estudar na Universidade Federal do estado, ela deixa de lado...