— Não aprendeu que é feio mexer nas coisas dos outros, não?
Alex vem até mim e tira a foto de minha mão. Sua expressão é de raiva e tristeza.
— Desculpa. Não tive a intenção de ser enxerida... – Digo olhando para o chão. Eu realmente não quis fuçar sobre a vida dele.
— Se já terminou aqui, saia, por favor. – Ele diz enquanto segura a porta.
Pego a vassoura, o balde e o saco com lixos e me retiro do quarto.
Continuo a limpar os outros cômodos e tento esquecer o episódio com Alex. Nós realmente não somos compatíveis.
Quando chega a noite, eu faço o jantar e fico esperando os machos. Guilherme saiu à tarde e disse que tinha um treino importante. Segundo ele, o jogo de amanhã a noite definirá se ele vai ser ou não convocado para a seleção sub-20.
Sebastian está no estágio. Ele já está no penúltimo ano do curso de engenharia ambiental e já iniciou o estágio para se aperfeiçoar. Ele havia dito que hoje atrasaria.
Alex não saiu do quarto.
Olho para o relógio e vejo que já são 19 horas.
Decido comer primeiro, mas antes farei um pavê para os meninos comerem quando chegarem.
Tento pegar um pote que está em cima do armário. Mas minha baixa estatura – tenho 1,60 m – não me ajuda o que faz optar por subir na cadeira.
Mesmo subindo na cadeira eu não consegui pegar, então estico bem o corpo me fazendo desequilibrar e cair.
Antes que eu possa notar, sinto braços fortes me envolverem e me carregar até o sofá.
— Você está bem?! – Alex diz assustado — Quebrou algum osso?
Estou tão espantada com a preocupação evidente dele que não consigo falar nada.
— Puta que pariu! – Ele diz levando a mão à testa — Sua cabeça tá sangrando.
Ele anda de um lado para o outro sem saber o que fazer.
Se eu não estivesse com dor, provavelmente iria rir do estado atual dele.
— Alex... – Chamo, mas ele não me escuta — Homi do céu, eu tô bem. Cê tá é me deixando nervosa.
— Você está me reconhecendo? Sabe quantos dedos tem aqui? – Diz me mostrando três dedos.
— Claro que tô, uai. Só meu pé que está doendo. Acho que deu mau jeito.
— E sua cabeça? Tá sangrando!
— Fique calmo, homi. Vá ao meu quarto e pegue uma toalha e um kit de primeiros socorros, depois pegue um pouco de gelo e traga tudo aqui.
Ele faz como eu solicitei e depois trouxe até a sala e começa a limpar meu machucado e fazer um curativo.
Enquanto cuida de mim percebo o quanto ele é másculo.
Sorrio com o meu pensamento e coro em seguida.
— Eu tomei um baita susto quando vi você caindo. Eu estava indo até o banheiro quando tudo aconteceu... – Ele suspira — Fiquei realmente assustado. Eu já vi a morte de uma pessoa querida uma vez, não quero ver de novo.
Posso jurar que vi seus olhos se encherem de lágrimas.
— Quando eu tinha dez anos... Eu vi minha mãe morrer. – Ele continua fazendo o curativo — Ela foi me buscar na escola. Quando estava atravessando a rua foi atropelada. O motorista dormiu ao volante.
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Eles e Eu... (Concluída)
Ficção Adolescente⚠OBRA REGISTRADA⚠ ⚠Plágio é crime⚠ Débora Nogueira cresceu em um pequeno sítio junto com seus avós, se acostumando com a calmaria do campo. Mas ao ter a chance de realizar seu sonho, de ir estudar na Universidade Federal do estado, ela deixa de lado...