XIX - Revelações

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Acordo. Estou numa cadeira, amarrada, mas não consigo enxergar. Tudo está escuro.
De repente uma luz muito forte é acesa, fazendo meus olhos doerem. Quando meus olhos começam a se acostumar com a claridade e consigo firma-las um pouco, vejo três homens no fundo da sala. Atrás deles há um espelho enorme. Estou em uma sala de interrogatórios, como nos filmes. Escuto uma voz em um alto falante:
- Que bom que acordou, senhorita Ryu...
É a mesma voz que escutei quando fui atacada.
- O que pensa que está fazendo comigo?
- Fazendo o que eu deveria ter feito há muito tempo.
Eu ameacei a me soltar, mas um dos homens chegou em mim e me bateu no rosto duas vezes. Acho que meu nariz sangrou um pouco.
- Fique quieta, madame. As coisas podem piorar para a senhora. - disse ele.
- Como vê, Senhorita Ryu, a senhora está bem vigiada.
Meus olhos já estavam mais firmes e pude ver o rosto de cada um e principalmente as tatuagens. Os três tinham tatuagem no pescoço. As mesmas que já sabíamos.
- Tranquilize-se, senhorita. Vamos conversar pessoalmente mais tarde. Senhores, deixem-a sozinha por enquanto.
Eles me deixaram sozinha. Pelo menos aparentemente. Aquele espelho, é óbvio que tinha gente observando ali atrás.
Eu me observei no espelho e reparei que estava com as mesmas roupas e o cordão que NamJoon me deu ainda estava no meu pescoço. Ainda bem. Baixei o rosto até meu queixo encostar no pingente de coração. E o apertei contra meu corpo até eu ouvir um "click". Quando eu o ouvi, fingi que estava um pouco tonta e fechei os olhos. Tudo que me vinha a mente era NamJoon. O momento em que nos conhecemos, que nos beijamos, durmimos juntos. O momento em que ele me deu o colar e foi embora. Lembrei do momento em que abri o pingente e encontrei o chip de telefone. Mas havia uma coisa que guardei comigo, que ninguém sabia: eu instalei um rastreador no pingente do cordão. Meu pai sempre colocou rastreadores em nossas coisas para que pudesse nos localizar. O dele era em sua caneta preferida que ele sempre levava consigo. O da minha mãe era em seus brincos favoritos. O meu era num cordão antigo que meu pai havia me dado há alguns anos. Eu nunca contei para NamJoon por motivos de segurança dele e minha, mas no tempo em que fiquei no Japão, eu troquei o rastreador de cordão e troquei a configuração. Sempre que é acionado, ele manda as coordenadas de localização pro telefone do meu pai com alguma mensagem pessoal, mas, como eu modifiquei, ele mandará as coordenadas pro telefone do NamJoon. Espero que ele preste atenção e me ache logo.
Uma eternidade passou e a voz do alto falante falou mais uma vez:
- Está pronta para nossa conversa, senhorita Ryu?
- Para com isso, fala logo o que você quer, TAKEDA AKIRA!
- Então reconheceu minha voz, minha rainha...
Abrem a porta e Akira entra e para na minha frente.
- Muito bem, senhor Takeda. Para que esse suspense, achando que não reconheceria a sua voz?
- Minha rainha é bem inteligente... Por isso eu sou louco por você.
Ele aperta meu rosto com uma das mãos e sela seus lábios nos meus.
- Dessa vez, o imbecil do seu segurança não está aqui para me impedir de toma-la como minha. Pois nos casaremos em breve e você, minha rainha, terá seu rei eternamente ao seu lado.
- Voce é louco...
- Vou lhe contar uma história, depois lhe farei algumas perguntas.
Ele coloca uma cadeira na minha frente e se senta.
- Nao quero ouvir você, Akira.
Ele levanta e puxa meu cabelo pela nuca.
- Mas vai me ouvir. Querendo ou não. Não me faça machuca-la, meu amor. Não quero lhe ferir. - Akira grita comigo.
- Aaaahhhh... - eu dou um gemido de dor.
- Ha muito tempo, eu era um garoto que fazia pequenos trabalhos para ajudar minha família. Um dia, um senhor se aproximou de mim e me ofereceu um pequeno o trabalho, mas eu ganharia bem se eu o executasse corretamente: entregar um pacote na porta de uma casa bem distante em Tokyo. Como eu precisava, eu fiz. Fui bem recompensado. A partir de então, eu trabalhava para a Sociedade e este homem era Ryu Kwan. Os anos se passaram, eu pude ajudar minha família e ele me levou pra Seul e ser treinado na família Kim para que eu pudesse cuidar dos interesses dele no Japão. Pelo menos foi isso que ele disse. Fui treinado assim como NamJoon a assumir a responsabilidade e o cuidado da família Ryu. Me tornei um segurança perfeito. Na sala da casa da família Kim, havia uma fotografia emoldurada dos Ryu e os Kim. Havia uma menina linda na imagem. E, por incrível que pareça, me apaixonei pela aquela imagem. O senhor Kim sempre falava que um dia eu poderia ter que cuidar dela, pois ela é o ser mais valioso para o senhor Kim.
Quando chegou o momento em que eu voltaria para Tokyo e finalmente teria a minha chance de assumir negócios, o senhor Ryu falou que não. Eu voltaria para Tokyo como segurança na Sociedade em Tokyo e estaria ao dispor de qualquer membro. Aquilo me frustrou. Fui ingênuo em pensar que teria algum negócio sob meu controle e pudesse crescer. Então eu tomei a decisão de criar minha própria sociedade, minha própria aliança, mesmo as escondidas. Para que um dia eu pudesse tomar tudo. Com o passar dos anos, eu fui fazendo meus próprios serviços, traficando, trabalhando e fiz meu grupo crescer, tendo ex-membros da Sociedade e da Aliança. Foi fácil convencê-los. Um dos meios mais práticos de ter o que é meu, é ter o que é mais valioso de Ryu Kwan: a linda e apaixonante filha dele. Mesmo com tudo isso, mantive esse meu amor em mim. E quando a vi em Tokyo, eu fiquei mais feliz ainda. Agora está aqui na minha frente, a minha rainha e futura esposa, o meu amor...
- O que você quer de mim afinal?
- Como o ser mais valioso para Ryu Kwan, você deveria saber. Eu quero que seu pai me entregue tudo.
- Meu pai está morto, você sabe disso.
- Está? Que estranho... NamJoon continuou dizendo isso para você?
- Do que está falando?
- Meu amor, ao contrário daquele babaca do NamJoon, eu não vou alimentar uma mentira dessas. Não quero o seu coraçãozinho magoado pela suposta perda... Você viu o corpo do seu pai? Funeral? Ou somente confiou no que seu segurança falou?
- Voce está afirmando que meu pai está vivo?!
- Sim, minha rainha. E NamJoon sabe disso. E nesse momento, você está ao vivo online para que todos saibam que eu te amo e isso vai chegar a NamJoon e seu pai que, provavelmente agora estão tramando algum plano contra mim. Olhe para aquela câmera na parede, minha rainha.
Eu vejo a câmera no fundo da sala e lá estava a câmera no alto da parede.
Takeda olha para a câmera e fala:
- Senhor Ryu, estou com sua filha. Prometo cuidar dela como se deve se me entregar o que quero. Caso contrário, por mais que eu a ame, eu me livro dela. Avise ao segurança dela que ele perdeu pra mim. Ela é minha e não dele. Akira  atira na câmera e a transmissão se encerra.
Eu olho pra ele com os olhos úmidos de lágrimas e repletos de ódio.
- Você fica linda assim, meu amor. Nos falamos mais tarde e trarei refeição deliciosa pra você, está bem? Até logo.
Ele me beija de novo e sai da sala.
- Meu pai... Tá vivo... - falei baixo comigo mesma - NamJoon como pode mentir pra mim assim?

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