Tudo naquele momento, à minha volta parecia saído de um filme… O meu sangue estava espalhado por todo o lado. Fechei os olhos e sussurrei “Não aguento mais”. As minhas pernas estavam sem forças e as minhas mãos tremiam. Meu coração estava despedaçado demais para qualquer movimento, seja ele pequeno ou grande. De repente um enorme cansaço bateu, não tinha força. Nada neste mundo me pertencia. Parecia que toda a dor do mundo estava dentro de mim, mas o pior é que eu não sabia como libertá-la.
Depois de vários minutos, comecei a limpar o sangue do chão. Quando não há nada a perder, pessoas como eu têm de se assujeitar a situações como estas.
Saí da casa de banho, e olhei em volta. Alguns alunos passeavam pelos corredores. Riam. Falavam. Gritavam. Todos ali escondiam por trás das suas gargalhadas, a rosto da sua infelicidade e vidas vazias, para se tentarem adaptar à sociedade, que apenas aceita pessoas perfeitas.
Comecei a caminhar em direcção a lugar algum. Auriculares nos ouvidos, música na cabeça. Dirigi-me ao bar da escola, peguei em algum dinheiro e fui até ao balcão.
- Ai! – Grunhi quando senti alguém a ir contra mim, espalhando o meu dinheiro todo pelo chão.
- Olha quem é ela. – Edna cruzou os abraços – Não sei se sabes, mas esse dinheiro pertence-me a mim – Edna deu-me um empurrão e tirou todo o meu dinheiro. – Então, agora já não tens dinheiro para ir ao teu psiquiatra? Temos pena, mais depressa morreres, menos um peso nesta escola e na minha vida.
O meu coração deu um pulo. Edna era a minha melhor amiga… Era… Isso já não existia para mim. Olhei-a nos olhos.
Todas as minhas lágrimas estavam a rebentar, mas eu sorri. Sorri tentando disfarçar que tava tudo uma merda, sorri mesmo com todos os motivos para me trancar numa sala e chorar por horas, eu sorri a tentar esconder a dor e o coração partido, mas por vezes, não dá para disfarçar, muito menos esconder que tudo o que eu queria naquele momento era morrer…
Não sei o que acontecia dentro de mim, todo o meu corpo tremia. Mas o ódio pelas pessoas só aumentava, crescia e, aos poucos, fazia de mim uma temível assassina, mesmo de mim própria.
Com as poucas forças que me restavam, e num impulso que eu não sei como descrever, atirei-me para cima dela. Os seus cabelos estavam nas minhas mãos e a sensação de puxá-los mais do que devia estava dentro de mim. Em alguns segundos o meu punho estava encostado ao seu nariz e um fio de sangue escorria. Algumas pessoas começaram a aparecer. Alguém me puxou de cima dela e empurrou-me para fora dali.
Eu ainda não tenho a certeza do que aconteceu comigo. Mas de uma coisa eu tenho a certeza: Matar para não morrer. Matar para esconder o desejo da própria morte. Matar para não ser morto. Matar para as pessoas não imaginarem como eu estava morta por dentro.
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À Procura da Felicidade
Mystery / ThrillerSim. Talvez eu ainda acredite que tudo vai correr bem. Talvez um dia o sol volte a brilhar. Talvez eu possa voltar a sorrir. Talvez, um dia, alguém me consiga amar. Ou talvez não... E se tudo o que sempre acreditaste fosse mentira? E se o teu mundo...