I Love You Barbie

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            Tudo me acontece a mim. Como é que eu me fui esquecer da maldita pasta. Estava mesmo com pressa.

Dirigia-me rapidamente para casa, o meu carro estava a percorrer velocidades… Interessantes. Estava bastante nervosa.

De repente senti um forte aperto no peito que me fez perder o ar. Encostei o carro e respirei fundo. Tinha mesmo de ir para casa, precisava chegar a horas aquela reunião.

Quando finalmente cheguei, coloquei o carro na garagem e fui apressadamente para o interior da casa.

- Juliette! – Chamei quando entrei – Visto a minha pasta amarela?           

Sem resposta.

- Juliette?! – Voltei a chamar enquanto procurava a pasta. Missão cumprida, já tinha a tinha.

- Juliette! Estás no jardim, filha? – Dirigi-me lá para fora.

Desci lentamente as escadas para o jardim. Olhei em volta. Nada. “Onde é que aquela miúda se enfiou?”

Estava a dirigir-me novamente para o interior da casa quando ouvi um barulho vindo da piscina.

Aproximei-me. Vi Juliette.

- Ah estás aqui. – Tentei que ela me ouvisse – Porque é que estas vestida?

Sem resposta. Algo não estava bem. Olhei para o lado e vi a filtração ligada.

- BARBIE! – Gritei com toda a minha força e corri para desligar a filtração.

Sem pensar, atirei-me para dentro da piscina. Peguei-a ao colo e deita-a no banco de baloiço.

                - Tu vais ficar bem amor. Tu vais ficar bem. – Eu repetia enquanto chamava uma ambulância.

                Aproximei-me da Juliette. Porque é que fizeste isto meu amor? Sem controlar uma lágrima desceu pela minha cara.

Eu amo-te Barbie.

                Comecei a ouvir a ambulância a aproximar-se. Corri até aos médicos e contei o sucedido:

- A minha filha afogou-se! – Eu falava em soluços – Ajudem-na! Por favor! Eu não consigo viver sem a minha Barbie.

Os médicos acabaram por me tirarem dali e levaram-me para casa. Deram-me 3 comprimidos para me acalmar. Eu não precisava de me acalmar. Eu só precisava da minha Barbie.

Estava à imenso tempo no hospital, um médico já nos tinha vindo dizer que ela estava estável. Minha filha Patrícia e o meu marido já tinham chegado também.

- Familiares de Juliette Darcy? – Uma enfermeira apareceu

- Sim. – Respondemos em coro.

- Tivemos a confirmação médica que foi tentativa de suicídio – A senhora falava devagar – Isso significa que quando ela acordar vai ter de ser acompanhada por um psiquiatra, ou, no caso de a mãe autorizar, ficar internada em psiquiatria.

- Não – Eu respondi ainda em choque – Eu não quero que ela fique internada, prefiro que seja acompanhada.

- Prefere aqui no hospital?

- Não. – Meu marido chegou-se à frente – Nós levamo-la a um privado.

A senhora assentiu e saiu da sala.

                Acordei meia confusa com o que estava a acontecer. Estava morta?

Quando abri os olhos 3 médicos se aproximaram de mim.

- Como se sente? – O mais baixo perguntou

- Que aconteceu?

- A menina tentou suicidar-se. – O loiro caminhou para o meu lado – Não se lembra?

Virei a cara para o lado, uma pequena lágrima caiu. Todos vão achar que estou doida. Era assim tão difícil entender que eu só quisesse morrer? Porque é que ninguém me deixava?

Para que é que eu teria de continuar a sofrer quando tudo podia ser tão simples? Porque é que eu tinha de estar ali? Porque é que o meu coração batia naquele momento? Porque é que eu nasci? Sem dúvida que a pior parte de um suicídio era ter a possibilidade de sobreviver. Agora eu sei… Nada vai ficar bem.

À Procura da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora