Stay Away From Me

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            Eu juro que lutei contra isto… Eu tentei, tentei mesmo, mas não posso continuar a fingir que está tudo bem.

Acho sinceramente que a humanidade está cada vez mais fria. Todos me julgam… Por sofrer, eu acho. Eles não iam aguentar tudo o que eu aguento. Eles já teriam morrido.

            Talvez eu também já tenha morrido. Ninguém imagina a confusão dentro da minha cabeça. Ninguém sabe os meus pensamentos e como eles são realmente horríveis.

Levantei-me devagar da cama. Olhei para o relógio… 3:00h da manhã… Caminhei devagar pela casa, tentando alcançar a cozinha. Peguei num copo de água e bebi-o rapidamente. Dirigi-me à casa de banho, voltando seguidamente para o quarto.

Meti-me completamente dentro dos cobertores, tentando afogar-me dentro do meu próprio vazio. Fechei levemente os olhos e deixei as lágrimas caírem enquanto imaginava várias formas para a minha morte… Estranho não? Uma menina de 13 anos planear a própria morte? Lamento…

Estou tão cansada… Terei de me levantar daqui a algumas horas para ir para um pesadelo… A Escola.

Sentei-me na cama e peguei no meu bloco e caneta.

Querida mãe,

Preciso de ti. Vou ter de ir para a escola… O que eu faço?

Todos me chamam de feia e gorda. Achas que eu sou feia?

Mãe… Eu só queria que entrasses no meu quarto neste momento e me abraçasses, que dissesses que tudo vai correr bem.

Quando acordar vou ter de encarar o pai. Ele já não vai trabalhar à meses e pelos vistos acho que não estamos muito bem em dinheiro. Ele também sente a tua falta. Não entendo o porquê de ele não partilhar a dor dele comigo… Sempre me disseste que os melhores concelhos vêm de quem sofre. O pai seria um óptimo ouvinte, eu sei que ele me poderia abraçar como eu desejo.

E quanto ao Zack… Eu adoro-o. Ele é fantástico, faz-me sentir um pouco menos estranha.

Mãe, acho que te verei em breve. Eu espero…

As minhas mãos estavam trémulas. O meu coração doía.

Não aguentaria muito tempo…

Levei as mãos à cabeça, os meus gritos abafados enchiam o quarto, que já conhecia a minha habitual dor. Fui abrindo lentamente os olhos, focando-os numa cara já conhecida.

Levantei-me rapidamente.

- Porque é que não me deixas em paz? – Eu falei calmamente

- Querida… - Ela aproximou-se – Nós somos iguais.

- Porquê?

- Tu sabes que eu não existo, não sabes?

- Como assim? – Olhei-a – Eu estou a ver-te.

- Eu sou fruto da tua imaginação, eu dependo de ti.

- O que eu tenho de fazer para ires embora? – Perguntei com receio.

- Tu é que sabes, tu controlas-me.

Fechei os olhos com força, pedindo que ela fosse embora.

Abri os olhos e ela já não estava lá.

Sim, eu controlava-a.

Liguei ao Zack.

- Preciso de falar contigo – Eu disse.

- Diz.

- Depois das aulas eu passo por ai.

- Tudo bem, até logo – Ele despediu-se.

- Adoro-te Zack – Disse já para um telemóvel desligado.

À Procura da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora