☄ U M ☄

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— Terra chamando Ashley! — disse Catarina, minha melhor amiga, estalando os dados em frente ao meu rosto.

— Ahn... Oi? O que você estava dizendo? Me desculpa, Cat, estava com o pensamento longe! — Justifico rapidamente e a vejo revirar seus grandes e lindos olhos esverdeados.

— Longe onde? Novamente na sua lista, Ashley? — repreendeu-me ela. — Você ficou trancada nesse quarto durante todo o final de semana escrevendo essa lista idiota! — esbraveja apontando para o caderno que está em minhas mãos. E assim começa mais uma discussão interminável.

— Por favor, acorda para viver na realidade. — continuou ela. — Seu pretendente não virá num cavalo branco e muito menos jogará pedrinhas na sua janela. Estou falando para o seu bem, Ashley — finaliza, sentando na minha frente e segurando minhas mãos em um gesto de amigável.

— Eu te entendo, Cat, de verdade, mas você já tentou me entender? — fito seus olhos apreensivos e ela suspira, meio derrotada.

— Estou indo embora, Ashley. Vim até aqui te chamar para sair comigo e com a galera, mas sei que você vai arrumar uma desculpa qualquer para não ir, então, até mais! — Diz ela soltando minhas mãos e saindo do meu quarto tão rápido que nem sequer tive oportunidade de responder.

Olho para o caderno em minhas mãos. Cada um vive a sua realidade! Cat, como minha amiga, deveria ao menos tentar entender a minha.

Abro o caderno e começo a escrever novamente, desconectando-me do mundo ao meu redor.

1 - Ele tem que ser fofo igual o Shawn Mendes.

2 - Cantar bem como o Ed. Sheeren.

3 - Tão lindo quanto o Ian Somerhalder.

4...

Uma batida me tira do novamente do meu mundo particular.

— Ashley? — Michael, meu melhor amigo, chama por mim.

— Pode entrar! — respondo depois de esconder o caderno em baixo do meu travesseiro para evitar mais uma conversa indesejada sobre minha lista.

Michael para na entrada da porta e olha para mim, analisando minha expressão, desconfiando… Como estivesse procurando algo, ou melhor, o caderno.

— Vai entrar ou vai ficar parado aí feito uma estátua? — Brinco.

— Já estou entrando — Diz ele fechando a porta com o pé e dirigindo-se para sentar-se ao meu lado.

Meu amigo me encara fixamente por alguns segundos.

— O que foi, Michael? Porque você está me encarando assim? — tento soar calma, mas minha voz sai um pouco exaltada e ele rapidamente desvia o olhar para o chão.

— Michael — suspiro. — O que está acontecendo? — Viro-me de frente para ele, fazendo o mesmo olhar novamente para mim.

— Briguei com a Cat... Por você — diz baixinho e eu faço uma careta de confusão.

— Vocês brigaram? Por minha causa? — Pergunto, ainda incrédula.

— Sim — ele confirma balançando a cabeça. — Cat acha que você passa muito tempo nesse quarto, e ela pretendia rasgar seu caderno escondida, mas eu não achei certo. Ela ficou possessa de raiva e saiu com a galera. — Ele deixa escapar um suspiro pesado e eu olho para o chão, sem saber o que fazer.

Sinto seu olhar sobre mim e tento decifrar o que estou sentindo. Tristeza? Raiva? Decepção?

— Não fica assim, Ashley — Ele coloca uma mão em minhas costas, tentanto me consolar. — Ela só estava tentando te proteger, do jeito dela, mas estava.

— Me proteger? De que maneira rasgar a minha lista inofensiva iria me proteger? — Exclamo indignada. — Ela veio aqui antes, Michael, e fez o mesmo discurso de sempre! Eu entendo o lado dela, mas estou cansada de vocês dois me julgando o tempo inteiro sem ao menos tentar me entender — Desabafo e ouço um ranger vindo da porta. Michael olha na direção do barulho e eu sigo seu olhar e vejo a silhueta de Cat. Vejo um misto de emoções em seu rosto.

— Por que você contou para ela? — diz em tom acusatório, olhando para Michael com os olhos cheios de raiva.

— Eu disse que eu iria contar, Cat, e eu não estava brincando. — diz o moreno ao meu lado e observo a expressão de Cat se tranformar de raiva para tristeza enquanto ela anda até a mim.

— Eu ía fazer para o seu bem, juro! — Tenta se justificar e senta na minha frente.

Eu não respondo. Não sei o que dizer. Nem mesmo sei o que sentir a respeito disso.

— Eu sei... Eu fui muito idiota por pensar em fazer isso, mas, por favor, me perdoa. Eu estou arrependida, de verdade. Naquela hora eu estava com raiva. Só queria que você saísse daqui para viver. Entende? — continua ela e eu olho olho para ambos, magoada.

— Eu vivo a minha realidade! Cada um vive a sua! Vocês sempre ficam com esse discurso barato de que eu preciso viver a realidade, mas, de certa forma, eu vivo. A única diferença é que eu vejo as coisas de uma forma diferente e isso não faz de mim uma maluca! — digo me levantando e saio do quarto deixando ambos sozinhos.

— Ashley! — Ouço eles gritarem na minha direção.

— Me deixem em paz! — Grito de volta e corro em direção a porta. Saio pelas ruas vazias e com pouca claridade sem ter ideia de para onde vou. Já era tarde, estava frio, mas não deixo isso me afetar e continuo caminhando para longe, mesmo sem um rumo certo a seguir.

Ando por algum tempo e então avisto um filhote de cachorrinho no meio da rua. Ele parecia assustado, tremia de frio e latia de forma fraca, como se estivesse com dor.

— Oi, amiguinho. Você está com muito frio, não é? — aproximei-me dele e o mesmo se encolheu. — Não tenha medo, por favor!

Ele continuava olhando para mim com os olhinhos assustados e meu coração se encheu de compaixão.

— Vamos! Você não está mais sozinho. Vou te levar para casa comigo.

Eu o pego e envolvo os braços em volta dele para tentar aquecê-lo enquanto caminho de volta para casa.

Quando entro em casa me deparo com meus amigos olhando para mim, aliviados, e minha mãe cruza os braços no peito e me repreende com o olhar.

— Graças a Deus! — Suspira Cat, levantando as mãos para o céu em agradecimento.

— Minha filha, você ficou maluca? Não deve sair de casa sozinha à essas horas. É perigoso! — disse minha mãe pela primeira vez.

— Tudo bem, mãe, eu estou bem! — sorri para ela e olhei para o meu novo amiguinho que já não tremia mais tanto quanto no momento em que o peguei. — Touxe um novo integrante para a família. Conheçam o Pudim! — Digo animada e coloco o cachorrinho no chão para que ele conheça sua nova casa.

Todos olham para mim, sem reação, e eu continuo sorrindo para Pudim.

— Essa minha filha não tem limites! — Comenta minha mãe e todos nós caímos na risada.

Olá tudo bem com vocês? O que acharam do primeiro capítulo?

Beijos, e até a próxima! ❤

Elaborando o Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora