DESTINO

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Christian

- Elena, o que é isto?- pergunto quando ela me passa um envelope castanho.

- Abre...- diz e eu abro não entendendo que papéis do tribunal são estes.- Isto, meu querido, são os papéis do divórcio, bem como as certidões de nascimento desses 2 chorões sem o meu nome associado a eles. Eu vou-me embora, estou farta desta vida de pobre, tenho um homem comigo que me ama e que me dá tudo o que eu mereço. Por isso mesmo, agradeço que assines isso tudo agora sem dramas para eu sair daqui ainda hoje.- diz com uma frieza que não reconheço.

Olho para os papéis na minha mão e penso na minha vida. Os meus pais morreram á 8 anos de acidente, tinha eu 19 anos. Não éramos pessoas pessoas ricas, trabalhávamos os 3, o meu pai Carrick na construção tendo inclusive construido a nossa casa, a minha mãe Grace trabalhava como doméstica em algumas casas e eu fazia uns trabalhos como informático e estudava Engenharia Informática na Universidade de Seattle, entrei com bolsa completa e foi lá que conheci a minha mulher Elena. Após a morte dos meus pais eu fiquei com esta casa que era deles e estava completamente paga, e como fiquei sozinho tranquei a faculdade por 1 ano. Trabalhei e juntei algum dinheiro, voltando então á faculdade. No inicio do meu ultimo ano a Elena ficou grávida e mais uma vez tranquei a faculdade e arranjei trabalho na madeireira Lincoln, como analista. O ordenado não era muito mas dava para o gasto e casei com a Elena antes do Theodore nascer com comunhão de bens. Depois dele nascer fomos convidados pelo Sr Lincoln para a festa da empresa, comparecemos e depois desse dia percebi o afastamento dela mas achei que era normal, uma vez que ela passava o dia apenas a tratar do nosso filho. Quando o Theo tinha 2 anos ela engravidou de novo e desta vez seria uma menina, falei com o Lincoln se haveria algo mais que eu pudesse fazer para aumentar a minha renda e ele arranjou-me para o cais de descarga. Um dia, á 1 ano atrás, um dos troncos soltou-se da grua e caiu em cima de mim, fiquei inconsciente e fui levado para o hospital, estive quase 1 semana em coma e quando acordei soube do meu destino. Paraplégia. Para o meu caso há solução, apenas é uma solução para a qual precisava ter 50 000 dólares, ainda tentei apelar para o seguro de acidentes de trabalho mas como para todos os efeitos eu era analista, o seguro não se responsabilizou pelo acidente, e como tudo estava a ir "bem", o Sr Lincoln despediu-me 3 dias depois nascer a minha pequena Phoebe, 3 meses depois do acidente, pois não havia condições para eu continuar no trabalho. Apenas os meus filhos não me permitiram fazer uma loucura. 3 meses depois do nascimento da Phoebe a Elena saiu, segundo ela para ir ao supermercado e volta com a faca pronta para me cravar no peito, os papéis do divórcio para eu assinar, bem como as certidões dos meus filhos no meu nome e sem o nome dela.

- Ao menos posso saber á quanto tempo isso dura? E quem é ele?- pergunto.

- Se assinares eu digo.- diz e passa-me a caneta. - Deves pensar que para além de eu ter estragado o meu corpo com essas 2 crianças ainda ia ter de levar com 1 aleijado.- Assim que ela diz isso eu pego na caneta e assino.- Eu vou so levar isto ao tribunal e assim que te vier trazer os papéis digo-te.

Ela sai e eu vou na cadeira até ao quarto que era meu e agora é dos meus filhos, eles dormem alheios ao monstro que a mãe deles se tornou.