8

6.2K 586 28
                                    

POV Christian

Tento me lembrar quando foi a última vez que tive um jantar assim, acho que foi antes dos meus pais morrerem. Observo todos enquanto penso e lembro-me da minha mãe me dizer uma vez " Não há bem que sempre dure nem há mal que nunca acabe", e neste momento percebo o que essas palavras representam. Quando a Elena me abandonou com os meus filhos,  ao tentar agarrar um biberão cai da cadeira e não me consegui levantar, a minha pequena chorava e o Theo tentava acalmar a irmã quando a Mia entrou na minha casa com o Elliot e daí ficaram na minha vida, hoje perco a casa e quando estava quase a perder os meus filhos entrou a Ana na minha vida e ajudou-nos trazendo também o seu pai que era o melhor amigo dos meus e a Kate e o Ethan,  para além dos pais do Elliot.  É quase como se cada vez que eu vou cair, alguém me levanta, como uma força divina que me mete sempre a mão a amparar as minhas quedas, uma espada para continuar as minhas lutas. Olho para cima e agradeço mentalmente aos meus pais, acredito que entre a ajuda divina estão eles. Sinto alguém pegar a minha mão e vejo que é a Ana.

- Está tudo bem? -pergunta e eu apenas assinto,  percebo então as lágrimas na minha cara...

- Sim,  tudo óptimo... Apenas pensava nos meus pais... - Digo e ela sorri para mim.  A Ebe já dorme e a Gail ajuda a deitar o Theodore.

- Preciso falar com todos. - Diz o Ray e todos o seguimos para a sala. - Então,  quando fui tratar de uns assuntos tive acesso a umas informações preocupantes.  A tal assistente social não é quem diz ser, tal como os policias também não o eram. Já pedi algumas informações mas acredito que há algo estranho a passar-se e o Jason concorda comigo.  Como tal decidimos temporariamente colocar todos vocês em segurança,  inclusive eu, vejamos,  o Elliot e a Mia por serem amigos do Christian, a Ana por se ter identificado por noiva do Christian,  a Kate e o Ethan por serem amigos da Ana e eu por ser seu pai.- Eu não acredito que coloquei tanta gente em perigo. -Como tal, o Jason passa a segurança do Christian e todos os outros terão os seus seguranças aqui amanhã antes de sairem para as suas vidas. E Christian,  a culpa não é tua,  o facto de terem aparecido naquela hora não foi coincidência,  de certeza que andavam de olho em ti, e não te marterizes mais com isso.- Ele diz mas eu sinto que tudo isto é minha culpa... Antes de eu entrar na vida deles, todos eles tinham uma vida normal.

- Ray,  eles chegaram. -Diz o Jason. - Posso deixar entrar? 

- Claro, é já agora aproveita e distribui tu, eu não os conheço... - O Jason vai a porta e um desfile de armários entra.

- Então,  - começa o Jason - Apresento-vos Sawyer ficará com a Dra Steele , Ryan com o Dr Steele , Prescott com o Theo, Hanna com a Phoebe, Louis com o Elliot , Mackenzie com a Kate, Max com o Ethan e Smith com a Mia. Eu vou ficar com o Christian.  Sei que parece exagero mas até sabermos o que se passa é melhor prevenir... 

- Christian,  amanhã gostaria que me acompanhasses a empresa,  pode ser?

- Claro Ray,  eu só preciso de saber a hora.. 

- Eu tenho uma reunião às 8, pode ser às 10?

- Claro.- respondo.

- Elliot, a que horas começas amanhã?  - Pergunta o Ray.

- Tenho de ir entregar um trabalho a faculdade,  perto das 11 já lá estarei.

-Perfeito...  Assim que chegares quero reunir contigo e com o Ethan...  Vou descansar..   Até amanhã. - Ele despede-se e sai com o segurança. 

Eu aproveito também é despeço-me subindo ao quarto. Passo no quarto da  Phoebe e engulo em seco ao ver a minha filha a dormir tão serena, beijo a sua testa e sigo para o quarto do Theo. O meu bebecas cresceu tanto estes meses, acaricio o seu cabelo enquanto penso tudo o que este menino de apenas 3 anos cresceu, ele assumiu a protecção da irmã depois daquela cadela nos abandonar e vê-lo hoje a brincar e a gargalhar como uma criança normal sem sentir a responsabilidade pela irmã encheu o meu coração. Vou para o meu quarto, entro com a cadeira e depois de um duche sigo para o closet. Deixaram tudo de forma a eu me poder orientar, apanho umas calças de pijama e vou até a varanda, hoje a noite está estupidamente estrelada e eu admiro a lua a bater na baia de Seatle e mais uma vez penso nos meus pais, na falta que eles me fazem. Se eles aqui estivessem isto não estaria a acontecer, com toda a certeza e mais uma vez as lágrimas aparecem sem eu as convidar. Hoje tenho chorado por uma vida inteira mas não tenho vergonha de o fazer, como dizia a minha mãe estou a lavar a alma. Tenho de tentar arranjar um trabalho fixo, quem sabe colocar em prática alguns dos meus projectos enquanto não encontro e quem sabe consiga vendê-los a alguma empresa, não sei, só sei que não posso parar.

- Sem sono?- assusto-me ao ouvir uma voz e vejo a Ana na varanda ao lado.

- A admirar este céu lindo e a agradecer pelo dia de hoje. Também preciso lhe agradecer a si Ana. Não sei como seria se você não estivesse lá naquela hora, teriam raptado os meus filhos...

- Primeiro trata-me por tu, e segundo as coisas acontecem como têm de acontecer.

- Eu prometo que vou tentar que eu e os meus filhos não te incomodemos e assim que eu conseguir vamos deixar-te em paz.- digo e admiro o cabelo dela a ondular com a brisa enquanto a lua lhe ilumina a face deixando-a mais linda ainda.

- Não te preocupes com isso, é tão bom ter mais gente aqui em casa, eu sentia-me tão vazia e sozinha aqui, apesar da Kate e do Ethan passarem sempre por aqui mas passava a maioria do tempo sozinha. Bem, acho que me vou deitar, precisas de alguma coisa?

- Estou bem Ana. E mais uma vez obrigado.- agradeço e seguimos cada um para o interior do seu quarto, deito-me mas não consigo dormir, até que começo a ouvir gritos e reconheço a voz da Ana, passo rapidamente para a minha cadeira e sigo para a porta dela, quando abro a porta e adentro o quarto vejo ela a debater-se na cama enquanto grita.

- NÃO JACK!!!!! LARGA-ME!!!! SOCORRO!!!! NÃO... - Chego perto da cama e posiciono a cadeira para poder passar, passo para a cama dela e passo os meus dedos na testa dela que está muito suada e vejo que ela chora. 

- Ana, Ana acorda!!!- digo e ela acalma-se e abre os seus olhos fixando-os em mim, solta um soluço e deita a cabeça nas minhas pernas abraçando a minha cintura, eu recosto-me na cabeceira da cama e acaricio os seus cabelos até perceber que ela se acalmou e parou de soluçar adormecendo e eu adormeço também. 

DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora