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JOÃO PEDRO (maratona/3)

Viemos para a Bahia no final do ano, uma semana depois já era natal. Meu pai contratou uma senhora para cuidar da casa, ela aparentava ter seus 50 anos, dona Maria, seu nome. Criei um laço forte com a mesma, ela me trata como um de seus netos.

Depois do ano novo, em 2016 eu resolvi conhecer melhor a Bahia. Em fevereiro, meu pai me matriculou em uma das melhores escolas da cidade. Eu fui nos primeiros dias, mas não me identificava com ninguém, às meninas eram patricinhas frescas, e os caras uns mauricinhos que se achavam os fodões por fumar maconha.

Acabei desistindo do colégio, e pedi para meu pai parar de pagar as mensalidades. Não me encontrava ali, pedi um tempo para me achar e voltar a estudar quando eu estivesse com cabeça para isso.

Mas nos dias em que eu fui para o colégio, conheci uma garota, eu não gostava dela, não tinha nenhum tipo de sentimento pela mesma, apenas simpatizei com a sua companhia. Seu nome é Fernanda. Um dia eu estava encostado no muro do colégio tragando um cigarro, e buscando paciência para entrar naquele lugar. Ela me parou, e puxou meu cigarro, fiquei sem entender a tamanha coragem dela, mas ao longo do tempo vi que ela era doida. Seu jeito não me fascinava, ela ficava no meu pé no início e enchia meu saco como se eu fosse seu único amigo naquela escola.

Tinha momentos em que eu estava sozinho, e ela chegava contando suas histórias, eu mal lhe dava atenção, mas também não reclamava, ela até que era legal.

— Você nem está prestando atenção né?- ela perguntou.

— O que foi?- perguntei seriamente.

— Vai rolar uma festa na casa de um parceiro meu nesse sábado, vamos?

— Curto esses caras playba não, acham que são dono do mundo.

— Tá louco, ando com esses pau no cu não.

— Vou pensar então.

— Vamos, vai ser legal, muita cachaça e droga de graça.

— Uso essas paradas não, tu usa?

— Só maconha.

— Fica esperta pra não viciar e depois virar uma cracuda.- ela deu risada.

— Sai fora, mas aí.. qual a tua idade?

— 15.

— Tá de sacanagem né?

— Por que estaria?

— Tu tá no terceiro ano, e tem 15?- assenti. — E as tatuagens escondidas?

— É por isso que estão escondidas.

— Real. Mas você não tem cara de 15 não, apesar de parecer novinho.

— Pode crer.

— Você é assim fechado com todos ou só comigo?

— Que todos?

— Seus amigos.

— Tenho amigos não.

— Por que?

— Tu gosta de saber da vida alheia né?

— Sou curiosa.

— Fica esperta, essa parada matou o gato.

— No meu caso é a gata.- ela me deu uma piscadela.

— Tá com defeito no olho?

— Você nunca vai me dar uma moral né?

Titânio: destinados por DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora