João Pedro
— Três dias, João Pedro! Você sumiu por três dias!- ele dizia, eufórico. Meu pai estava bravo, seu sermão estava sendo pior do que eu imaginei que fosse.
— Eu te liguei.
— Você acha que isso está certo? Me ligar depois que sai de casa pra avisar que tava no fim do mundo.- suspirei cansado.
— Me desculpa, pai. Eu sei que não deveria ter feito isso.- ele se calou, tocando em meu ombro.
— Nunca mais repita isso.
— Eu não vou.- pude ouvir um suspiro sair dele, talvez estivesse aliviado por me ver em sua frente vivo depois de três dias.
— Não sei o que eu faço com você, João. Pensei que estivesse melhorando, aí você vem e me apronta mais essa.- ele esfregava sua mão sobre seu cabelo.
Eu não me importava com os sermões do meu pai, embora eu o respeitasse bastante. Ainda assim, fazia questão que ele soubesse que eu não era mais o mesmo, estava mudando de verdade apesar de ainda mentir para ele.
— Eu to melhorando de verdade, pai.- ele me olhou intrigado. — Não sumi porque eu quis, precisei ir em um lugar, só foi isso.
— A Maria me contou sobre a garota, cheguei a pensar que estivesse com ela, mas ela não sabia de nada tanto quanto a gente..- o interrompi.
— Você falou com a Ana Clara?
— Eu precisei.
— Que merda!- apressei meus passos até meu quarto, precisava por meu celular no carregador.
— Filho, me desculpa se fiz errado, mas eu estava desesperado.
— Tá tudo bem.- dizia, sem olhar para ele.
— Ela estava tão preocupada quanto a gente.- podia sentir meu coração se despedaçar ao imagina-la aflita por minha causa.
— Eu sou mesmo um idiota.
— Não você não é.- ele entrou no meu quarto, sentando em minha cama.
— Ela é diferente, pai.
— Eu sei.- ele sorria, como se fosse ele quem estivesse apaixonado. — Não sabia se ficava aliviado ou ainda mais preocupado, quando ouvir ela dizer que não estava com você.
— Ela não é igual a mim.- disparei.
— Então busque ser melhor pra ela.- assenti, encarando seus olhos, sem dizer mais nada. — A traga aqui para um jantar.
— Se ela ainda quiser me ver depois da merda que eu fiz..- disse, deixando a entender "por que não?"
— Eu tenho que ir.- ele se levantou da cama, seguindo até a porta. — Se cuida, filho.- acenei para o mesmo com a cabeça, e relaxei sobre a cama.
Chequei as mensagens no meu celular, tinha um monte da Ana Clara, assim como várias ligações também. Suspirei triste, vacilei com ela.
Nós não tínhamos um relacionamento sério, mas eu queria ter um com ela, e mesmo apenas ficando, queria apenas ela. Não queria ficar com nenhuma outra, sentia-me no dever de ser fiel, já não desejava mais nenhuma mulher a não ser a Ana Clara, manter fidelidade era algo prazeroso de fazer, ser apenas dela era um privilégio enorme para mim, pois só ela me satisfazia mesmo com apenas alguns beijos e amassos.
Mas eu fracassei, no último dia que fiquei na casa da Fernanda, o sangramento havia estancado, a bala tinha sido de raspão, graças a minha velocidade com a moto o desgraçado errou, ou quase errou. Mas ainda doía, me mantive drogado esses três dias, juntava todos os remédios que a Fernanda me dava, e tomava de uma só vez na tentativa de aliviar a dor. A saudade pela Ana Clara, doía tanto quanto o ferimento.
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Titânio: destinados por Deus
Fiksi RemajaSEGUNDO LIVRO DA SAGA TITÂNIO. Essa história contém : Drogas Palavras obscenas Linguagem inapropriada para menores de 18 anos Sexo Violência. Se você curte um clichê barato, do famoso bad boy e da mocinha ingênua, então irão gostar desse livro. A...