O nascimento do Rei zumbi

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A muito tempo, nos último anos que o Imperador Akum reinara. Segunda a forma como os Ukranianos calcularam o tempo, estavam no ano de 750 segundo a fundação da cidade de Ukrar, foi nesse ano que o fim dos tempos dourados começou com o nascimento de um rei.

Era uma noite gelada, em que a luz da lua banhava o reino silencioso de Ukrar, foi no maior aposento da maior torre da maior floresta que estava Vivian aos gritos, seguidos de longas pausas e mais gritos.

Mesmo sendo a meia noite de verão o céu estava limpo e inalterável, a terra estava quente como o meio dia e os lagos frios como aço, havia dias que não havia chovido, logo o mundo estava coberto de plantas e árvores mortas, exceto perto dos lagos e rios cristalinos que refletiam o céu estrelado.

A terra parecia seca e sem vida como se tivesse sido abandonada por Deus, um vento frio cortava por ventura os grandes arcos de mármore que enfeitavam a entrada da Vila do Poder aonde mais cedo o Imperador Akum passará com sua guarda pessoal de trezentos homens. Lutando contra a Floresta da morte que cerca o povoado, apenas para trazer a princesa Vivian para aquela torre que se erguia como um estalactite bem do centro do povoado.

A Vila do Poder era o local aonde estava a gruta dos reis, o lugar aonde eram aclamados os reis de outras eras.

O único lugar que o seu herdeiro poderia nascer. Vivian gritava em sua cama apesar de tentar ao máximo não faze-lo. E por alguns momentos o silencio pairava por toda a torre, e o Velho Imperador Akum erguia sua cabeça por cima de sua grande armadura azul com os ouvidos atentos como um cachorro do mato a procura de um rato.

Ele mantinha esperança de ouvir o grito de seu herdeiro romper o silencio, mas ao invés de um choro apenas se ouvia o son desagradável da respiração ofegante da Vivian sua nora.

Por momentos o Imperador parecia que fosse dizer algo, mas ele apenas voltar a colocar seu capacete azul reluzente, da onde podia se ver seus olhos vermelhos por entre a gruta cadavérica.

–Não devia estar aqui dentro, meu imperador– afirmou o padre Breive.

O Imperador acenou com sua mão direita com fendas entre a armadura revelando as pontas de seus dedos vermelhos, indicando para o padre sair do quarto, para um corredor de rocha iluminado por tochas perfeitamente colocadas por entre as paredes, mas ele, Akum, O Imperador, o Dragão de Ukrar, senhor de todas as terras do continente, não se moveu, estava de guarda com sua grande espada de dois metros fincada no chão e, de frente para a única janela do aposento, contemplando todo seu reino, queria estar ali vigiando com seus olhos o limiar de seu reino aonde os monstros deviam estar a espreita.

Mas Breive estava certo o Imperador não devia estar de guarda naquele lugar. Apesar de Akum velho e doente, a segurança de todo o reino dependia de seu corpo velho e sua mente cansada e triste, oferecia.

Seis meses antes ele ainda era um homem forte como jamais ouve e jamais haveria em todo o mundo de N-nox, sua força se desfez quando soube da morte de seu filho Marwolaeth, de sua única mulher legítima. fora treinado desde pequeno para ser o líder de um império, atingido por um ataque da espada Fogoazul de seu irmão Egharon e morrerá coberto de sangue na clareira da Terra Vermelha. Aquela tragédia deixa o reino sem herdeiro e um reino sem herdeiro estava condenado a se destruir de dentro para fora.

Mas naquela noite, haveria de nascer o novo herdeiro do império, o filho da viúva de Marwolaeth, as empregadas e parteiras ficavam ao lado da princesa Vivian, juntamente com padres Cristãos ajoelhados perante uma cruz de madeira, que estava pendurada em cima da cabeceira da cama, também havia no quarto várias missionárias de Elena a Deusa da fertilidade, elas levantavam em suas mãos cordões umbilicais de crianças recém nascidas, os padres pediam para que Deus abençoasse a Princesa com um filho homem, enquanto as missionárias de Elena faziam rituais para que sua deusa permitisse que a criança nascesse com vida, o reino dependia de um descendente homem para tomar o trono.

O Imperador tirou seu capacete mais uma vez, e olhou com seus olhos profundos para o padre Breive.

– Você garante que seu Deus nos abençoará?– perguntou Akum.

– Tenha fé, é tudo que meu senhor pede – respondeu Breive.

O padre Breive fora um dos únicos amigos do Imperador nos últimos anos, essa amizade abriu as portas para o cristianismo em Ukrar, ele até mesmo converteu a princesa Vivian.

Em um momento os padres começaram a cantar suas canções enquanto um bispo começava a espalhar água benta pelo recinto.

– Vamos rezar a bênção da Virgem Maria, meu Imperador– disse Breive, Akum desesperado por um herdeiro se ajoelhou juntamente com Breive em frente da janela, e ambos rezaram.

Naquele recinto havia uma criança, um jovem quase nas doze luas de idade, um rapaz de cabelos curtos que segurava a bainha da espada do Imperador, esse menino vivia naquela torre pois era um dos pupilos de Thomas, o mago mais poderoso do reino de Ukrar, que infelizmente teve seus poderes sugados com a partida dos deuses.

A missão do jovem, caso o Imperador pedisse era buscar Elum, que estava do lado de fora da torre na entrada cercada por sua servas, Vivian podia ser cristã mais Akum não era oficialmente, ele terá o cuidado de tomar precaução deixando feiticeiros pagãos para proteger seu herdeiro de algum feitiço.

Os gritos de Vivian param, e todos os que observavam o parto ficaram calados, e uma das parteiras foi até Akum e se ajoelhou. Ela disse que o bebê não queria sair de dentro de Vivian não enquanto ela estivesse viva, falou que algo terrível acompanhava a alma da criança.

Akum levantou e em seguida ajudou a parteira a fazer o mesmo, e olhou para a cama cercada de pessoas e disse – Não me importo com a vida dela, só me importo com a criança–

– Meu imperador...– disse ela, mas Akum não a ouvia mais, apenas pegou sua bainha e olhou profundamente nos olhos do jovem que a segurava.

– Va, Vhan Ventobravo e me traga Elum – disse Akum.

O menino correu como se sua vida dependesse disso, correu por entre os cómodos e desceu as longas escadas da torre, iluminados pelas chamas decadentes das tochas.

Passou por vários soldados da guarda real de Akum pelo caminho, e gritou – Senhora Elum seu pai a chama!–. Ela estava a espera pois a porta dupla da torre estava arreganhada, e seu rosto de vidro estava banhado com a luz da lua.

Ela o olhou com um sorriso maldoso se formando por entre seus lábios, e disse – pode ir, eu irei cuidar do resto .

A criança deu meia volta e começou a correr e subir os degraus da torre, dessa vez passou por entre as outras crianças órfãos de Thomas, elas correram atrás do menino para tentar descobrir o que estava acontecendo, mas o menino não parou, atrás vinha Elum e sua escrava Cira que carregava o cajado negro da feiticeira de vidro.

– Jogue sal entorno das portas, Vhan– gritou Elum para o garoto de quinze luas que havia entregue o chamado de seu pai Akum.

Sangue e HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora