Ao entardecer a garoa virou chuva, e a chuva se tornou uma tempestade, Akum já havia falado com Tohomy quando Vhan atravessou o pé do portão da masmorra de Golum e ouviu a ponte levadiça descer chacoalhando atrás dele. A tempestade forte como um tornado castigava sua pele e, mesmo assim, ele não estremeceu e nem se mexeu, como se a tempestade fosse um problema supérfluo.
Do outro lado da masmorra, as luzes das tochas aureolavam nos escassos pavilhões onde o fogo ainda ardia. O dia já se fora, ele calculou, o crepúsculo chegaria em algumas horas. E, com o crepúsculo, vem a morte.
Haviam lhe devolvido sua espada velha e seu escudo, mesmo assim enquanto atravessava a ponte, os pensamentos de Vhan eram dolorosos. Vhan se perguntava se esperavam que fugisse.
Ele poderia, se quisesse. Seria fácil, mas depois disso não seria mais nada do que um fora da lei, até que um dia um lorde ou cavaleiro o apanhasse e o matasse.
Vhan passou a mão sobre sua boca e pensou – devo confiar em meus punhos– teimoso.
Com o corpo todo molhado caminhou penosamente até os pavilhões a procura de um padrinho. A maioria dos pavilhões estavam vazios e escuros, os proprietários haviam a muito se recolhido para o jantar. Nas cabanas que Vhan visitou nenhum o atendeu, nenhum lorde queria o ouvir, ele pode apenas ouvir risos e gemidos de alguns que não ousavam atender seu chamado nas portas.
Então ouviu um resfolegar de cavalos, que o fez mudar de direção e lá estava o estandarte ao lado de fora do Pavilhão Redondo iluminado por dentro com um vago brilho dourado, no mastro central, estandarte da víbora pendia ensopado, mesmo assim Vhan Ventobravo Conseguiu perceber a curva escura da serpente entorno da grande árvore. Aquilo que parecia com esperança surgira em seu coração.
***
– Um duelo das lebres, Deus foi tão bom connosco Vhan, Isso quer dizer lanças espadas afiadas para guerra e, areia recheada de Sangue e Honra, as espadas não estarão cegas entende isso?!– disse Lhamar empolgado, depois olhou para seu irmão Jafhar com seu cabeça abaixada e disse em um tom zombeteiro – Jafhar sem presas.
Jafhar estava com um robe de ceda vermelha com fios de ouro costurados pelas bordas, o robe era grande e cobria todo seu corpo.
– Você vem falar de presas primo... Não, isso não tem haver com coragem, isso é um combate de verdade com homens lutando até a morte.– Falou Jafhar.
– Não é você que vai lutar irmão, sua pele não está em risco– Lhamar colocou sua mão sobre sua espada na cintura e tirou seu elmo negro revelando uma versão mais escura de Jafhar possuindo longos cabelos negros e um sorriso convencido.
–Vhan, você pode contar com a vibora negra, pelo menos a que possui presas ao seu lado,– Lhamar cruzou seus olhos com jafhar que mantinha a cabeça baixa, quando voltou para Vhan sorrindo –vi o que Tohomy fez com aquela mulher, aquele lagarto não merece a merda que caga,conte comigo.
Jafhar desviou o olhar para Vhan e disse –Eu também... Estou com você meu amigo.–
Lhamar pareceu um pouco perturbado por instantes.
– A luta será feroz, então vamos precisar de armas novas... um escudo épico para você 'grande' Vhan, e claro poetas presentes para cantar sobre a grande vitória de Lhamar sobre o Dragão vermelho de Perys. Irmão afie minha espada, Irei atrás de armas e dos poetas, leve minha armadura polida até o minha tenda de manha, e encontrarei vocês no cercado dos desafiadores–.
Lhamar deu uma gargalhada.
–esse dia será para sempre lembrado em nome dos elfos da Arvoreserpenteada.
Quando Lhamar saiu da tenda, estava muito feliz, porem Jafhar, nem tanto.
–Um duelo de verdade– disse mal humorado, depois que seu irmão saiu– contra o Dragão de Perys... Vhan, não quero estragar suas esperanças...–
–Seu irmão consegue as armas?– Praguejou Vhan.
– As armas e os poetas, não tenho dúvidas– Jafhar sentou se no banco de madeira, –meu irmão vê isso como uma maneira de aumentar seu status como cavaleiro, mas ele nunca lutou para valer com alguém...– o elfo de cabelos loiros parecia preocupado – Quero dizer, ele nunca perdeu em um treino... mas, todos que ele enfrentou eram vassalos de nosso pai, você entende, ninguém ousaria ferir o príncipe e...– um ruído do lado de fora fez Lhamar virar a cabeça. – Quem é? – quis saber, enquanto um mulher se abaixava para entrar pela aba da tenda, com um manto negro ensopado.
–Rebecy? – Vhan ficou congelado – o que está fazendo aqui?.
–Eu disse que iria te ajudar a chegar nas alturas Vhan– Rebecy sorriu.– E se você vencer, Perys perde.
– Você me traiu, e tem coragem de vir aqui?– gritou Vhan, ele se aproximou sacando a espada enferrujada.–eu devia enfiar isso na sua garganta.
Rebecy colocou a mão no peito de Vhan e o afastou,– louca, provavelmente– disse Rebecy – mas não estúpida,você vai se alegrar ao ver o outro lado.
Vhan pareceu confuso – outro lado? Que outro lado?
–Tive uma visão, você estava no meio de um combate entre monstros enormes, você estava perdido e dava golpes atrás de golpes, até que acertou um tão forte que ressoou por todo o campo de batalha...– Rebecy parecia excitada.
–Vocês me viu matar o Dragão? – questionou Vhan.
–O que eu vi não dava para saber o que era, mas era grande... Só sei que, Tohomy vai cair, ele é um monstro, não, o certo seria O Monstro, um Dragão ou não, você sabe o que ele faz com os pretendentes que querem casar com sua irmã, ele os esfola vivos, ele até mesmo esfolou o único amigo que teve só porque ele olhou para ela.–
Vhan se arrepiou, Rebecy colocou seu capuz e foi até a saída, levantou a aba e disse – Vhan, eu estarei ao seu lado amanhã, quer queira ou não, não somos crianças mais, agora somos amigos por conveniência–
Vhan acompanhou Rebecy, até a forte chuva que chicoteava do lado de fora.deixando jafhar sem entender nada
– No meu sonho você matou os monstros, isso significa que o tratado entre Perys e Ukrar nunca vai se realizar– Rebecy procurou alguma reação no rosto de Vhan, mas só pode ve-lo morder seus próprios lábios.
–Eu vou viver– disse Vhan.
–Isso eu não sei, mas você vai estar lá, assim como os monstros.
–Eu não quero morrer– Vhan comentou.
Rebecy suspirou – Você não tem controle sobre seu destino Vhan, acredite em mim.
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Sangue e Honra
FantasyO Sangue vermelho dos velhos deuses atravessam o céu como cometas. E a partir da cidade antiga de Ukrar, reina o caos. quatro nações lutam pelo controle absoluto da terra dividida, preparando-se para o embate através de tumulto, confusão e guerra. É...