Mais tarde, Vhan não sabia se tinha saído da arena sozinho ou se alguém havia o ajudado, seu corpo latejava de dor em todas as partes, algumas mais forte que outras.
Rebecy o ajudava a retirar sua cota de malha, Lhamar com seus braços envolta de sua cintura o ajudava a se manter em pé, e até Sor Lainoel estava o ajudando, aturdido com a reviravolta da batalha.
Eram dedos, polegares e vozes. Era Sor Lainoel quem estava reclamando e Vhan sabia disso.
– Você perdeu a cabeça, seu moleque fedorento – falou Laionel – Você estragou todas as chances de paz entre Ukrar e Perys.
–Tohomy– Vhan segurou a luva de Sor Lainoel – esta?
– Vivo, quebrado como uma prostituta em dia de pagamento, mas vivo.
Aturdido e confuso como estava, Vhan Ventobravo sentiu uma enorme sensação de alívio.
–A visão de Rebecy estava errada. o grande monstro morto. amenos que Tohomy morresse. mas ele não morreu.
–Não, você o poupou. ele partiu furioso para Perys– Rebecy falou.
– Acho que sim – disse Vhan com as lembranças da luta já confusas e vagas – em um momento, sinto como se estivesse bêbado. no outro, dói tanto que sei que estou morrendo.
Eles o fizeram se deitar de costas e ficaram conversando enquanto ele olhava o turbulento céu cinzento. parecia para Vhan que ainda era manhã. e perguntou quanto tempo terria durado a luta.
No final do primeiro dia os elfos partiram com a comitiva de Perys. Durante os dois dias que se sucederam os festejos. Campeões dos dois reinos fizeram simulacros de combates nas arenas no intervalo do torneio que foi ganho por Sor Laionel o Confiável. se bem que o paladino Osvalde não participou das justas, mas entrou na arena para enfrentar Sor Laionel. o Imperador Akum teve de obrigar mais dois dos seus melhores guardas reais a lutarem ao lado de Laionel. O famoso herói de Golum também foi obrigado a lutar pelo seu rei Thiago. ele tinha a reputação de ser invencível, e parecia se-lo quando estava no meio da arena com o sol reluzindo na sua longa espada. era um homem enorme com os braços cheios de cicatrizes, um peito nu muito peludo e uma barba vermelha decorada com anéis dourados. A luta de Osvalde contra os quatro era para ser uma simulação, mas ninguém ali vislumbrou qualquer simulação quando os heróis avançavam para atacar o grande guerreiro dourado. os quatro homens lutavam como se estivessem cheios de ódio e trocavam golpes de espada que se deviam ter ouvido na distancia de Perys e, depois de alguns minutos, o suor misturava-se com o sangue, as lâminas das espadas estavam amassadas e todos cinco coxeavam, mas Osvalde ainda ganhava a luta. apesar do seu tamanho, era rápido com suas duas espadas curtas, e seus golpes pesados como meteoros cadentes. a multidão que se tinha juntado vinda dos arredores e que não pertencia nem ao reino de Ukrar nem ao de Golum ia ao delírio, Thiago o ver aquele entusiasmo, atirou seu bastão para acabar com o combate, e Akum se pois a gargalhar.
– Lembrem-se de que somos amigos – disse ele aos combatentes, e Akum, sentado um degrau acima de Thiago como convinha ao Imperador supremo, meneou a cabeça, em sinal de assentimento.
Akum tinha um ar pesado e doente, tinha o corpo inchado pelo excesso de hematomas, a luta com Lhamar foi mais difícil do que o Imperador pensava que tinha sido. desde a batalha ele havia vomitado grandes quantidades de sangue toda manhã, e naquele momento seu rosto estava amarelo e apático e respirava com esforço. fora levado para o campo de batalha numa liteira e estava sentado no seu trono envolvido num manto que escondia seu sinto cravejado de pedras preciosas e seu colar cintilante. o rei Thiago vestia-se como um romano, na verdade seu avô fora mesmo romano, o que explicava seu nome estrangeiro. o rei usava o cabelo cortado muito curto, não possuía barba e sempre estava com uma toga branca.
Depois da luta houve um concurso de harpistas e bardos. Azara, o bardo de Mel, cantou notáveis historias das vitorias de Thomas e Akum sobre os deuses menores na terra de ninguém. Vhan pode ouvir a historias sentado no lugar de honra ao lado de Akum e Elum, o pequeno gigante havia caído nas graças do Imperador, Vhan pode perceber que Thiago devia ter mandado o Bardo cantar em homenagem ao Imperado Supremo, e certamente que a atuação agradou Akum que sorria a medida que os versos se iam desenrolando e assentia com a cabeça cada vez que um determinado guerreiro era louvado. Azara declamava a vitoria numa voz vibrante e quando chegou aos versos que diziam como Osvalde tinha matado mais de cem semi-deuses, virou-se para o cansado lutador e um dos paladinos de Thiago, que apenas havia assistido a luta mais cedo, levantou-se e ergueu o braço de Osvalde que segurava a espada. A multidão berrou e depois começou a rir quando Azara começou falando como uma mulher para descrever os deuses menores implorando por piedade. Azara começou a correr á volta do campo com pequenos passos apavorados, inclinando-se como se estivesse se escondendo, e a multidão adorou. Vhan adorou, ele podia ver os odiados Deuses Menores encolhendo-se aterrorizados, sentir o cheiro pestilento do seu sangue e ouvir as asas dos corvos que vinham, vorazes, comer-lhes a carne. Depois Azara endireitou-se e deixou cair o manto, revelando o seu corpo nu pintado de azul e cantou a musica de homenagem dos Deuses maiores que viram o seu campeão Akum, o Imperador Supremo, o Dragão de Ukrar, derrotar semi-deuses, monstros e por fim os Deuses Menores. depois ainda nu, o bardo ajoelhou-se ante o trono de Akum, pedindo para que ele renegasse o Deus Cristão.
Akum procurou desajeitadamente por baixo de sua capa de peles até encontrar um anel de ouro, que atirou na direção de Azara, atirou com pouca força e o anel caiu na beira do estrado de madeira onde estavam sentados mais dois Reis. Rebecy empalideceu perante o mau pressagio, mas Thiago apanhou calmamente o colar e levou-o ao bardo de cabelo branco, fazendo-o levantar com as próprias mãos.
Depois dos bardos terem cantado, e precisamente na altura em que o sol estava se pondo por trás do escurecido veio de montes baixos do lado ocidental, que marcava o inicio dos domínios da Inglan, uma procissão de princesas trouxe flores para as rainhas, mas só havia uma rainha no estrado, Evvilin mulher de Thiago. Durante alguns segundos as princesas que traziam os ramos de flores destinados á rainha ficaram sem saber o que fazer, mas Akum moveu-se e apontou para Elum, que ocupava o seu lugar ao lado do estrado. então as meninas desviaram-se para o lado e colocaram as flores, em frente dela.
Na noite anterior ao Conselho Dos Reis houve um serviço cristão no salão do grandioso edifício do centro da cidade. Thiago era um Cristão fervoroso e os seus seguidores encheram o salão iluminado por tochas chamejantes colocadas em argolas de ferro em lustres pendurados no teto. Chovera nessa noite e o salão cheio de gente tresandava a suor...
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Sangue e Honra
FantasyO Sangue vermelho dos velhos deuses atravessam o céu como cometas. E a partir da cidade antiga de Ukrar, reina o caos. quatro nações lutam pelo controle absoluto da terra dividida, preparando-se para o embate através de tumulto, confusão e guerra. É...