Uma corneta soou.
Por um segundo, Vhan ficou imóvel como uma estátua de mármore, embora Akum estivesse se movendo ao encontro de Lhamar e Tohomy. Uma flecha de pânico e euforia atravessou Vhan, o pobre garoto havia esquecido tudo que aprenderá, ele soube que morreria.
Akum o salvou. O Imperador sabia o que fazer e deteve as lanças dos dois cavaleiros oponentes, então o treinamento de Vhan assumiu o controle, ele correu pela arena sacando suas novas espadas, e gritou como um louco.
O ruído da multidão não era mais do que um sussurrou longínquo, Vhan sentia o ar dentro de seu elmo esquentar, tão quente que mal podia respirar.
Akum investia pesados golpes diretamente contra os dois cavaleiros, Vhan pode velo derrubar o elfo de seu cavalo usando sua longa espada, vislumbrou o momento em que o Imperador golpeou e rompeu metade da lança de Tohomy em milhares de fragmentos pelo chão de lama.
Tohomy se afastou ainda montado e pode ver Vhan se aproximando, ele abandonou a luta com Akum, deixando Lhamar para o distrair e trovejou em direção de Vhan, respingou de lama saltaram dos cascos do cavalo vermelho enquanto suas narinas se dilatavam, a lança de Tohomy estava quebrada mas ainda tinha um metro e meio de diâmetro e estava inclinada para frente, Vhan pode ver a ponta estilhaçada da lança se aproximando e ficando maior a cada passo.
– O Dragão, eu matarei o Dragão!– Vhan gritou. O grande Dragão vermelho adornado no peito de Tohomy parecia estar respirando fogo, não preste atenção na lança pensou Vhan, mas já era tarde de mais.
Viu a ponta estilhaçada da lança acertar em cheio bem no meio de seu elmo, quando soou um estalo abafado e farpas de madeira voaram pelo ar, sentiu seu corpo se retrair, e sua espada chamada justiça se soltar de sua mão, resultado da força do impacto, e, meio segundo mais tarde, reparando que o príncipe samurai já havia passado por ele, sentiu o chão esmagar sua costa, ele havia caído violentamente, ficou ali por mais meio segundo, ao se levantar pode ver Tohomy agarrando sua sela, em um esforço desesperado para ficar montado. O cavalo de Tohomy estava escorregando tentando se manter em pé, justiça estava encravada no peito do animal, que se inclinou de lado na grama escorregadia.
Tohomy pode sentir as patas do animal escorregarem. Elas deslizavam, então a traseira do garanhão bateu com força no chão.
–Para cima vermelho!– Rugiu Tohomy, golpeando o animal com as esporas.– Vamos amigo, não morra!– e, de algum modo, o cavalo de guerra ficou de pé.
Vhan sentia uma dor aguda nas costas, e seu braço esquerdo estava sendo puxado para baixo. Estilhaços do tamanho de uma mão haviam entrado na lateral esquerda de seu corpo sobre o ombro. Vhan estendeu a mão direita, agarrou um punhado de estilhaços de uma única vez, travou os dentes e arrancou-as com um puxão violento. O sangue espirrou, jorrou pela cota de malha negra. O pobre Vhan sentiu-se tonto e fraco, através da dor pode ouvir vozes da plateia chamando seu nome, era inútil agora, ele segurou honra com as duas mãos, mas sentiu que não pudesse dar mais nenhum golpe.
Ele olhou para trás por momentos tentando ver o que acontecia do outro lado do campo. Akum ainda estava montado golpeando violentamente Lhamar, que mal conseguia esquivar dos golpes rápidos do Imperador.
Vhan pode ver a plateia gritando freneticamente o chamando de Cavaleiro Negro, Touro de Golum, ele não era de Golum, mas não sentiu necessidade de explicar a eles, sabia que ninguém se levantaria depois do golpe que havia levado, na verdade ninguém ainda teria a cabeça ligada ao corpo, se virou vendo que o príncipe samurai não se movia se perguntou o porquê, por que ele não avançava, até que veio em sua mente o motivo, Tohomy estava com medo, e Vhan resolveu usar o medo ao seu favor – Tohomy, eu vou te pegar!– Rugiu Vhan –Venha príncipe e mostrarei o que o grande e poderoso Vhan Ventobravo pode fazer com seu corpinho.
Surpreendendo Vhan, a lança quebrada de Tohomy não hesito, o Príncipe galopou valentemente sobre o medo. Dessa vez não ouve esperança a espada de Vhan não ergueu e ele não desviou, honra saiu rodopiando de suas mãos e o chão se ergueu mais uma vez contra o seu rosto. Aterrorizou com um impacto dolorosos que percorreu todos ossos de seu corpo. Sentiu o gosto metálico enquanto engasgava com seu próprio sangue, por um momento tudo que pode fazer foi ficar jogado no meio da lama.
Vhan sabia que tinha que ficar em pé novamente, ou estava morto. Gemendo obrigou-se a apoiar o corpo na lama, ficando de pé sem enxergar, Vhan tirou o elmo. Viu o príncipe Dragão desmontando seu cavalo moribundo, retirando sua katana da bainha e correr em sua direção, Vhan rolou debilmente esquivando do golpe.
Depois se levantou, mas agora com um olho fechado devido a lama. Acima não havia nada além do céu tempestuoso e pequenos raios azuis. O pobre Vhan sabia que havia falhado com Akum, falhado com ele mesmo. Pode ouvir gargalhadas e deboches da plateia nobre, pior que a dor era a vergonha.
Mais uma vez Tohomy apareceu sobre ele.
Sua katana brilhava reluzindo os trovões no céu. O príncipe gargalhava. – É só isso, Cavaleiro Negro? –Perguntou.– So me resta dar misericórdia a você, Vhan– Tohomy gargalhou novamente.
Ele girou a katana apontando para o céu, e desceu tão rápido quanto um trovão.
A mão direita de Vhan parou o golpe.
Onde encontro forças, não saberia dizer, mas encontrou. Sua mão segurou os punhos de Tohomy em volto do cabo da katana, puxou com força fazendo o príncipe a soltar. Tohomy tentou desenvencilhar sua mão, mas Vhan era maior e mais forte e mais pesado também, torceu a mão do samurai até ouvir o punho quebrar. Então se levantou e socou a cara do príncipe fazendo o elmo de Tohomy voar, e socou mais uma vez e mais uma outra, um dente quebrou depois outro, depois Vhan chutou Tohomy e o tacou no chão.
Tohomy havia parado claramente de lutar, seu rosto estava cheio de terror, sua boca transbordava sangue seus olho roxo e seu nariz quebrado, Vhan segurou o pescoço de Tohomy com uma única mão e apertou, as pequenas mãos de Tohomy tentavam sem êxito afastar, Vhan, ele se debatia, e batia suas pernas contra uma poça de lama, seu olho ficou vermelho e parecia que iria saltar para fora. Porém Vhan Ventobravo se lembrou do que o Imperador tinha dito: fazer a coisa certa nem sempre é fácil, mas tem que ser feita.
– Se renda!– Gritou.
O príncipe balançou a cabeça, já com o rosto pálido mal se movendo. Vhan soltou o pescoço de Tohomy. Por um momento, não conseguiu acreditar em seus olhos, virou a cabeça lentamente, de uma lado para outro tentando encontrar Akum.
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Sangue e Honra
FantasyO Sangue vermelho dos velhos deuses atravessam o céu como cometas. E a partir da cidade antiga de Ukrar, reina o caos. quatro nações lutam pelo controle absoluto da terra dividida, preparando-se para o embate através de tumulto, confusão e guerra. É...