Décimo Sétimo Encontro

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Fazia tempo que Louis e Harry não saiam para ter um jantar romântico. Planejavam fazer algo assim toda semana, mas sempre se deparavam com um empecilho, seja porque estavam cansados demais, estressados demais, pobres demais ou apenas sem vontade.

Dessa vez, no entanto, havia mais do que uma motivação para saírem juntos, havia uma ocasião especial, havia um motivo a ser celebrado. As vendas do livro de Harry foram um sucesso. Ele recebeu mais do que o suficiente para pagar pela reforma da casa e ainda tinha uma boa quantia salva em uma poupança. Louis até pediu pra que ele deixasse seu emprego, mas não poderia fazer isso. Havia pessoas que contavam com ele e que já haviam se tornado como sua família naquela padaria.

Harry participou de vários eventos, entrevistas e sessões de autógrafo. Mesmo com toda a atenção (que lhe intimidava, por sinal) e com todo dinheiro que estava recebendo, o mais importante para si era a vida das pessoas que ele estava tocando com o que havia escrito. As pessoas perguntavam se poderiam ler mais de H. Styles, e isso o estimulava a seguir com sua obra não terminada.

Tornou-se engraçado as situações em que Harry estava atendendo alguém na padaria e alguém timidamente lhe dizia "eu li seu livro!". Ou quando ele estava fazendo compras no supermercado e alguém aparecia para lhe pedir um autógrafo ou uma foto. Nem sempre ele se sentia a vontade com isso, mas como poderia negar o pedido de um fã?

O ápice para si, porém, foi quando leu uma comparação que realizaram entre seu livro e a obra de Dante Alighieri. Claro que Harry ficou de peito inchado, afinal estava sendo exaltado ao nível de um de seus escritores favoritos. Acredita que jamais terá a importância dele e até se sente um pouco acanhado com a comparação, mas isso certamente serviu como combustível para continuar sua carreira.

Então lá estavam os dois, em um dos restaurantes mais caros da cidade, e Louis se sentiu bem por ser aquele que entrega o casaco, ao invés de ser aquele que recolhe e guarda, pelo menos uma vez na vida. Escolheram pratos exóticos, mesmo que caros, somente porque podiam. Nem sabiam se gostariam daquilo, mas quiseram experimentar. Brindaram e beberam do melhor também.

"Eu acho que prefiro os restaurantes mais populares", comentou Harry.

"Por que você diria isso?" Louis riu. "Você merece tudo do bom e do melhor".

"Nem sempre as coisas mais caras são melhores, sabe?" Harry puxou o prato onde havia acabado de comer. "Essa refeição serviu tão pouco. Era uma obra de arte pros olhos, mas um desagrado pra barriga", riu fraquinho.

"Não reclame, love", Louis bebericava seu vinho.

"Eu só tô dizendo... Eu acho que prefiro comida caseira".

Louis podia entender isso. Adorava ver Harry cozinhando para eles e adorava todas as sobremesas do marido. Talvez já fosse tempo de mais uma boca ser beneficiada pelos dotes culinários do cacheado. Louis já estava pensando nisso há um bom tempo e, com a recém estabilidade financeira e a casa arrumada, talvez fosse hora.

"Babe, eu preciso te perguntar uma coisa", começou ele, chamando a atenção dos olhos verdes. "O que você acha de... termos nosso primeiro filho?"

Harry arregalou os olhos imediatamente e deixou sua mandíbula cair. Seu coração palpitava fortemente e ele morria de emoção só em imaginar-se cuidando de uma criança junto a Louis. Educando-a, vendo-a crescer, fazendo brincadeiras. Louis parece que vai ser um bom pai, pensou Harry. Ele é bem brincalhão e divertido, sem deixar de ser responsável.

"O que você acha?" Louis sorriu terno aguardando a resposta.

"H-hã... bem... sim... sim! É claro que sim!" as covinhas de Harry marcavam sua felicidade. "Mas como vamos fazer isso? Vamos adotar?"

"Na verdade..." Louis tinha outra coisa em mente. Sua mãe não aceitaria um neto adotado. Mas, se fosse de um filho seu... Louis também queria que o menino ou menina que viesse a se tornar filho deles tivesse seus traços. Ou os traços de Harry. Então ele pensou no seguinte: "você já ouviu falar em... maternidade por substituição?"

As sobrancelhas de Harry subiram e foram se acomodando junto ao olhar lentamente conforme ele pensava sobre isso. Sua boca foi se fechando aos poucos também.

"Você quer dizer... barriga de aluguel?"

"É", Louis sorriu casualmente e bebeu mais um gole. "Com o dinheiro que ganhamos, poderíamos arranjar isso. Podemos fazer inseminação artificial e contratar uma mãe de aluguel. O que você acha?"

"Eu..." Harry achava todo o processo complicado demais. Mas seria legal ter um filho com os olhos do marido, imaginou. "Acho que pode dar certo", disse enfim, fazendo Louis sorrir mais ainda.

"Ótimo. Tem uma agência que trabalha com isso, eu dei uma olhada. Nós podemos agendar uma visita essa semana. Meu Deus, eu estou tão animado!" riu um pouco e bebeu todo o líquido que ainda havia na taça.

Então Louis se ergueu e deu um beijo carinhoso no marido, que sorria largamente. Louis já havia planejado tudo, pelo visto. Harry preferiria adotar. Gostava da ideia de que uma criança poderia ter uma segunda oportunidade na vida; gostava da ideia de que ajudaria um órfão e de que o amaria como se tivesse seu próprio sangue. Mas também gostava de fazer o marido feliz e, por amor a ele, Harry disse sim.

Letters to Lou (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora