Décimo Quinto Encontro

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Harry e Louis estavam a três dias de seu casamento quando decidiram tomar uma folga de todos os preparativos e ir ao cinema para assistir o filme que Harry tanto queria ver. Seria uma festa pequena, nada muito chamativo, nem extraordinário. Simples, porém efetivo. Apenas a família e alguns bons amigos.

A mãe de Louis enlouqueceu quando soube o que tinha acontecido. Retornou do trabalho naquele dia e já sentia o rosto esquentar ao ver as coisas de seu filho em casa. Parte de si estava contente, pois sentia saudade; mas outra parte temia a razão pelo qual ele havia retornado tão cedo.

Correu para a casa em frente a sua imediatamente e se deparou com os dois envolvidos em um manto de amor e felicidade. Não queria estragar isso, mas também não queria que Louis estragasse sua chance de um futuro promissor. Foi necessário uma longa noite de conversa para que Jay engolisse os motivos do filho.

"Harry é o meu futuro", foi um dos argumentos.

"Se isso é verdade, então ele pode esperar. São apenas quatro anos."

"Talvez ele possa esperar... mas eu não posso."

"Foi por isso que você o pediu em casamento? Louis, pelo amor de Deus... você não tem nem um emprego! São jovens demais pra se casar!"

Louis estava convencido, porém. E irredutível. Não importava o que sua mãe dissesse, não importava se o que ela dizia fazia sentido ou não, Louis conhecia apenas uma verdade, apenas um caminho. Seu coração palpitava forte quando pensava em Harry e apertava quando pensava na faculdade. Além do mais, havia investido todo o dinheiro da restituição nas alianças, então... não teria volta atrás.

Jay tentava ficar feliz pelo filho. Tentava mesmo. Mas não podia calar a impressão que tinha de que Louis estaria colocando os bois na frente da carroça. Harry estava bem, assim como Anne. Ele já possuía um emprego, não tinha maiores aspirações do que isso. Louis, por outro lado... ele poderia ser grande! Poderia trabalhar em alguma empresa importante quando se formasse. Esse era o sonho de Jay.

Porém, aparentemente, não era o sonho de Louis.

Desgostosa, Jay não teve alternativa. Aceitou o casamento do filho e estaria presente na data para lhes dar sua graça e consentimento, mas não ajudaria de forma alguma. Não cederia nenhum centavo, nem sequer ajudaria a encher balões, se houvesse. Decidiu que Louis deveria sentir na pele como é construir uma família.

Por causa disso, Louis correu atrás de oportunidades e arranjou um emprego como lavador de pratos em um restaurante. Nada muito luxuoso, porém digno. Isso ajudou a pagar o smoking que ele vestiria em três dias. Secretamente, Jay sentia orgulho; mas não se deixava amolecer.

Anne não poderia estar mais contente. Julgava-se a mãe mais feliz do mundo, e com bons motivos, afinal o sonho de seu filho estava se realizando e aconteceria com alguém "tão charmoso e magnifico como Louis", em suas próprias palavras. Convidou algumas amigas do trabalho para prestigia-los.

O pai de Louis foi avisado sobre o casamento, mas não foi convidado. Por mais que Louis o quisesse ali, Jay achou melhor que ele se mantivesse afastado, pois não tinha boas expectativas de sua presença na cerimônia. Ela tinha quase certeza de que ele não apareceria, mesmo que fosse chamado, mas decidiu não arriscar.

Os colegas de trabalho de Harry não falavam em outra coisa na padaria. Ao vê-lo entre eles, Louis percebeu que seus colegas haviam ficado na faculdade. Ainda possuía algumas amizades da escola, mas nada muito significante. Decidiu que convidaria apenas um par de amigos.

Ah, quantas coisas ainda havia para se pensar, para resolver... Louis e Harry queriam uma folga disso e, portanto, estavam agora curtindo o cinema enquanto dividiam pipoca. Louis abraçava Harry com força, e Harry era gracioso ao colocar algumas pipocas na boca do outro.

"Nunca pensei que cuspir pudesse ser algo romântico", comentou Louis sobre uma cena do filme, fazendo Harry rir.

"Não é o ato em si... é o que eles compartilham", justificou o cacheado.

O filme era tão longo que possuía um breve intervalo. Louis aproveitou para ir ao banheiro enquanto Harry estava agoniado para voltar a assistir e saber o que aconteceria a seguir. Já tinha o seu coração apertado. Sabia que o final seria trágico, mas tinha esperança sobre o destino dos amantes.

Nos seguintes minutos que se passaram, Harry teve uma postura completamente diferente. Não tirava seus olhos por nada do filme e até se mantinha como uma estátua. Louis buscava provoca-lo com carícias ou pequenos beijos, mas não havia acordo. Estava tudo tenso demais e, ao perceber isso, Louis decidiu apenas se ater ao filme mesmo.

Ao final do mesmo, Harry chorou copiosamente. Nunca sentiu tanta emoção assistindo um filme antigamente. Chegou até a comparar esses sentimentos com o que estava vivendo com Louis: desde a graça de vê-lo no primeiro dia, passando pela dor de quase perdê-lo e até a magnifica noite em que finalmente esteve em seus braços pela primeira vez. Pensava que Romeu e Julieta seria a melhor história de amor que conheceria, mas ainda não tinha visto essa. Chorou, mas aplaudiu de pé.

"Eu não consigo entender porque ele não subiu junto com ela... havia bastante espaço", dizia Harry enquanto retornavam para casa, caminhando abraçados pela rua, discursando sobre o filme.

"Havia espaço, amor, mas se ele tentasse subir, perderiam o equilíbrio e cairiam os dois", Louis tentava acalmar o coração de Harry.

"Por que aquele bote não voltou mais cedo então?"

"Ah, amor..."

Harry não aceitava o destino trágico dos amantes. Sua mente tentaria sempre arranjar uma forma de uni-los. Romântico incorrigível, ele era assim.

"Apenas se lembre: se você pular, eu pulo", disse Louis apertando com força a mão de Harry ao citar uma frase do filme. Deu certo. Harry sorriu como bobo e se sentiu feliz por ter Louis ao seu lado.

"Me promete uma coisa, amor?"

"O quê?"

"A nossa lua de mel... não será em um navio, ok?"

Louis riu baixinho, tentando se conter, mas não conseguiu. Concordou com seu amado, mas não conseguia se livrar da graça que achou em seu comentário.

"Mais uma coisa...." pediu Harry.

"Sim?"

"Podemos conseguir a música do filme pra tocar no nosso casamento?"

Louis riu mais uma vez. Harry estava definitivamente obcecado com o filme e Louis achou isso fofo.

Poucos minutos depois chegaram até suas casas. Louis tinha uma surpresa para Harry em breve: estava investigando algum lugar para morarem juntos. Não seria algo muito luxuoso, mas seria deles. Conhecendo-o como apenas ele conhece, sabe que Harry ficaria feliz até debaixo da ponte contanto que estivessem juntos. Mas é claro que não deixaria seu amado em necessidades. Ele se comprometeu em lhe dar conforto, no mínimo, e seria exatamente isso que faria.

"Ainda não acredito que seremos finalmente unidos para sempre em poucos dias", comentou Harry quando ambos pararam diante da porta de sua casa. "Você me faz tão feliz", ele entrelaçou seus braços no pescoço de Louis e, pela primeira vez, sentiram a diferença de altura se tornando clara. Isso assustava um pouco a Louis, por estar se tornando o mais baixo entre os dois, mas ele não diria isso em voz alta. "Promete que nunca vai me soltar?" outra referência ao filme.

Com um leve sorriso, Louis se aproximou dos lábios de Harry e o beijou intensamente, tanto que seu cenho franziu. Aquilo era uma promessa.

"Eu nunca vou te soltar".

Letters to Lou (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora