Sétimo Encontro & Vigésima Quarta Carta

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Em um raro dia ensolarado de outono, Louis e Harry foram até a árvore sem folhas realizar um piquenique e passar algum tempo juntos. Harry ainda estava de coração enaltecido pelas palavras escritas na última correspondência. Já quase sabia todos os versos de cor, pois a lia todos os dias e em todos os horários possíveis.

"Tão romântico, você", Harry comentava sobre algumas palavras que Louis escreveu e lhe beijava a bochecha.

"Só por causa de você", Louis respondia ao cortar um pedaço de morango e colocar na boca de Harry, que já estava com os lábios vermelhos. "Você é o meu bebê", Louis sorriu terno e afagou os cachos de Harry, que estava debruçado sobre o seu corpo enquanto o outro sentava com a costa apoiada na árvore.

"Seu bebê?" Harry se animou e voltou o olhar para Louis, que estava levemente corado. Um riso bobo se formou e, em meio a um beijo, Lou aninhou o outro em seus braços, segurando-o com força enquanto confessava:

"Sim... você é o meu bebê".

"Então, o que você é para mim?" Harry perguntou em voz baixa quando conseguiu desgrudar os lábios de Louis e deitar a cabeça em seu ombro.

"Seu amor... seu príncipe... sua vida... O que você quiser que eu seja..."

"Você é o meu tudo".

"Tu-do..." Louis se arrastou a pronunciar essas sílabas. "Por que você faz eu me sentir tão especial?"

"Você é especial", Harry respondeu em tom de reafirmação. "Já te disse isso um milhão de vezes... e vou dizer um milhão de vezes mais".

"O único de nós dois realmente especial é você", Louis afundou o nariz nos cabelos de Harry, deliciando-se com seu cheiro. "Se eu sou especial, é porque eu tenho você".

Harry soltou uma gargalhada divertida. Seus dentes pressionaram os lábios, tentando diminuir o riso. Louis tentou o mais rápido possível olhar para seu rosto para poder desfrutar da expressão divertida dele, mas não obteve sucesso.

"O que foi?" Louis riu também.

"Você está tão romântico", Harry segurou a mão de Louis e trançou seus dedos nos dele.

"Como eu disse: é por causa de você!" Louis pegou o resto de morango e levou um pedaço a sua boca e o outro pedaço a boca de Harry, que sutilmente lambeu as pontas dos dedos de Louis. "Se não fosse por você, o que seria de mim? Eu me pergunto como você teria me dito quem era se eu não..."

Harry deslizou a outra mão pelo braço de Louis até alcançar a pulseira que ele usava: as esferas pretas como ônix que antes pertenciam a Harry, e agora transformara-se em seu talismã.

"Você ainda guarda minhas cartas?"

"É-é claro", Louis engoliu em seco, lembrando-se da canção que deixou o vento levar naquele fatídico e tenebroso dia.

"Todas elas?"

"Todas, menos... a canção..." Louis lamentara.

"Faltam duas", Harry se desvencilhou de Louis e puxou sua mochila.

"Duas?" Louis o olhava curioso enquanto ele buscava um papel dobrado e um CD entre suas coisas.

"Era assim que eu ia te dizer como eu era".

Louis pegou o disco e o papel, desdobrando-o logo em seguida. Em silêncio, ele leu:

Querido Louis,
Menino dos olhos azuis,
Estrela e sol do meu céu,
Ar dos meus pulmões,
Essência da minha existência.
Em suas mãos, todo o meu coração,
Convertido em cada canção,
Escolhidas em contemplação.
Escute com dedicação a cada melodia,
Pois em cada letra e em cada cifra,
Deposito um pouco da minha alegria
Por ter você em minha vida.

All the love, always.

Uma lágrima solitária e brilhante escorreu pelo rosto de Louis, desenhando uma linha em seu rosto acobreado. Ele estava profundamente emocionado.

"Naquele dia eu estava gravando a última canção desse CD..." explicou Harry.

"A canção que estava na carta que eu... deixei escapar?" Louis perguntou envergonhado, vendo o outro balançar a cabeça em sinal de confirmação.

"Agora... você tem ela de volta", Harry sorriu, encerrando a lágrima de Louis em seu dedo. O moreno se voltou para suas próprias coisas e, afobado, alcançou o discman dentro da mochila, colocando graciosamente o disco dentro e dividindo o fone de ouvido com Harry. "Se você não soubesse quem eu era na primeira canção, talvez soubesse na última..."

There's a Light That Never Goes Out era a primeira faixa, a canção favorita de Harry, e ele já havia dito isso a Louis. A música já estava se tornando o tema de amor do casal, e a mensagem embutida no refrão se traduzia fielmente no sentimento que um sentia pelo outro.

Mais uma vez, Harry se aninhou no corpo de seu amado e, com a promessa de que ouviria com atenção as outras musicas em um novo momento, Louis pulou para a última faixa, pois não conseguia conter a curiosidade.

Um som harmônico de violão dava inicio a uma bela canção, que trouxe arrepios a pele de Louis ao ouvir a voz grave de Harry entoando a letra da canção que ele entregou aos ventos. "Você... tem os céus no olhar", Harry cantou sutilmente junto com o refrão, "eu gosto disso... gosto disso em você".

Ambos os olhares se encontraram ao final da música, o coração de Louis preenchido por todo o amor de Harry, enquanto o sol descia dos céus para deixar a terra. É natural imaginar que eles começaram a se beijar, e, mais do que isso, o amor de ambos transformou-se em fogo, fazendo com que ambos se tocassem ardentemente.

Harry sentiu o fôlego fugir de si, corado pela maneira como se entregou a Louis, enquanto o outro sorria como um bobo tentando disfarçar o volume que se formava em meio as suas pernas. O céu já estava escuro quando eles deram por si, e assim, encerraram o beijo em um selinho demorado e profundo.

"Obrigado", Louis disse, "por fazer isso por mim... por guardar... e por me entregar".

"Hum", Harry sorriu e esfregou seu nariz no de Louis, "eu fiz porque te amo".

Se o coração de uma pessoa pudesse explodir de tanta emoção, então Louis estaria em erupção. Sentia-se pleno e leve ao mesmo tempo, apenas expressando o que lhe preenchia através das lágrimas que se acumulavam em seus olhos. Nunca pensou que amaria tanto alguém assim. Harry faz tudo se tornar simples... e especial.

"Eu também te amo... como jamais amei alguém".

Eles foram embora pouco depois disso, arrumando sua bagunça amorosa e descendo o morro antes que escurecesse demais. Não viram que, em um dos altos galhos da árvore estava ainda presa a carta que Louis soltou. E não viram quando, pela primeira vez em anos, uma folha nascia naqueles galhos.

Letters to Lou (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora