Sexta Carta

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Hoje eu te vi sem camisa. Foi... encantador. No mínimo.

Às vezes, eu gosto de me esconder do mundo. Estar rodeado de pessoas pode ser legal, mas isso às vezes te sufoca! Isso me deixa aflito, então eu gosto de escapar um pouco. Gosto de ir para lugares que eu não costumo ir, pois sei que não vão conseguir me encontrar. Sendo assim, eu consigo um tempo somente para mim. Hoje, eu fui para o ginásio. Eu não poderia ter pensado em um lugar melhor...

Peguei meu almoço e fui para as bancadas do ginásio. Estava tudo escuro, mas isso não me incomoda. Apenas parte da quadra poderia ser vista sob a luz alaranjada que emergia das janelas. Estava tudo quieto, então eu decidi colocar os fones de ouvido e ouvir um pouco de música enquanto comia.

Eu havia acabado de terminar o almoço quando ouvi o barulho da porta se abrindo. Pensei que fosse algum professor e que a aula iria começar em breve; ou que fosse o zelador que veio para limpar enquanto ninguém utilizava o espaço. De qualquer forma, eu estaria um pouco encrencado. Escondi-me de baixo das bancadas e esperei as luzes se acenderem. Mas isso não aconteceu...

Ouvi atentamente o som em eco da bola batendo contra o chão da quadra e esgueirei-me para enxergar por entre os vãos dos assentos. Eu não consegui acreditar em meus próprios olhos. Tive que esfrega-los para garantir que o que eu via não era uma ilusão.

E não era.

Era mesmo você.

Sério... de todas as pessoas da escola, tinha que ser justamente você a entrar naquele ginásio!? E justamente na mesma hora em que eu estava lá!? Se isso não é muita coincidência, então deve ser destino.

Mais uma vez, lá estava eu, assistindo você jogar futebol. Dessa vez, sem os shorts que marcavam sua pele, apenas a calça caqui que você vestia. Me perguntei por que você estava sozinho. Fiquei esperando que algum amigo seu chegasse, mas não havia ninguém. Apenas você. E eu, escondido do mundo.

Eu pensei se esse não seria o momento ideal para finalmente dizer "oi". Enquanto você chutava a bola de diversas maneiras para o gol, eu imaginava varias formas de sair do meu esconderijo e falar com você. Imaginava você chutando a bola e ela vindo parar em meus pés. Imaginava você sorrindo para mim, daquela maneira atraente, porém inocente, que você faz. E imaginava você me cumprimentando, tocando minha pele novamente e direcionando sua doce voz para os meus ouvidos apenas. Seu olhar para os meus olhos apenas.

Mas isso ficou apenas na imaginação mesmo. Eu sabia que não teria forças suficiente para fazer isso — por mais que eu quisesse muito. E, depois de uns dez minutos, quando o calor já começava a se apossar do seu corpo, tanto que o fez remover a camisa, foi aí que perdi minhas forças completamente.

Você tem um corpo tão bonito. Você não é gordo, nem magro demais. Tem a proporção perfeita. Seu peitoral é como o travesseiro onde eu gostaria de descansar minha cabeça e sonhar o dia inteiro. E meus dedos anseiam por brincar pelo seu abdome, lhe fazer cócegas e apertar os gominhos que brilhavam contra a luz alaranjada.

E as suas costas... por favor, me leve em suas costas. Me carregue para fora do meu esconderijo e para longe daqui. Vamos passar um dia junto, apenas nós dois.

Se pelo menos eu tivesse um pouco mais de coragem... eu não ia ficar quinze minutos da minha vida apenas observando você. Eu ia passar quinze minutos da minha vida com você. E esses seriam os melhores quinze minutos de toda a minha vida.

Ainda sim, acho que você não tiraria a camisa se soubesse que não estava completamente sozinho. Perde-se por um lado, mas ganha-se por outro, certo?

Você tem um lindo corpo, Lou. Cuide bem dele.

All the love... x

Letters to Lou (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora