Capítulo 21

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No caminho para onde quer que  estávamos indo, comprei coleira e uma corrente adequada para o meu filhote.

O Alex permaneceu calado o tempo todo, com o olhar fixo no chão. Seu olhar estava distante, como se ele se lembrasse de alguma coisa triste. Talvez a morte de seus pais.

Eu mesma ficava bem cabisbaixa quando lembrava das noites em que eles me colocavam para dormi na casa dele, de quando faziam cóssegas  em nós até não aguentarmos mais.

Com certeza eles foram meus segundos pais.

Senti meus olhos começarem a arder e funguei para conter o choro. Me doía pensar que estavam mortos, más não sabia como eles tinham morrido.

Pensei em perguntar ao Alex, mas presumi que isso mecheria com a ferida dele e acabei desistindo.

Se ele não quis tocar no assunto esse tempo todo, não iria tocar agora.

– O que houve? – perguntou de repente, me olhando.

Sorri tentando dizer que não era nada, mas ele continuou me encarando.

– Não foi nada. Só estava lembrando de umas coisas. – ele não pareceu convencido, más assentiu.

Em seguida ele voltou a fitar o chão com aqueles olhos que eu era incapaz de decifrar.

– Alex – me pus em seu caminho para impedir que continuasse a andar e prestasse atenção em mim. – O que foi?

Ele me olhou sem intender.

– Hein? – perguntou confuso.

Suspirei e expliquei.

– O que há com você? Desde cedo você é está agindo estranho, evitando me olhar, mais calado do que o normal. – ele franziu a testa e eu soltei o ar que nem sabia que tenha segurado.

– Só não estou em um bom dia. – era claro que era uma mentira.

– Não minta para mim Alex. – não foi um pedido, foi um aviso. – Não sou boba, e conheço você o suficiente para saber que está mentindo. – ele continuou em silencio e minha paciência foi ficando menor.

Respirei fundo, me controlando.

– Foi o meu primo? Você ficou assim pelo meu primo?

– Claro que não – disse de uma forma um pouco sínica e um pouco debochada, fazendo meu sangue ferver. – Não tenho motivos para ficar com raiva dele – falando da quele jeito, nem parecia o adolescente  que me pediu em namoro algumas semanas atrás. – Aliás, eu só vi vocês em um abraço meio íntimo.

Abri a boca, atônita. Aquilo tudo era ciúmes? Tive vontade de rir, mas percebi que isso não seria o adequado para aquele momento.

Suspirei.

– Ele é meu primo, Alex. Meu primo, e veio com meu tio e minha prima. – ele abriu um sorriso ladino, o que só mostrou que não estava convencido. – Não nos víamos a, não sei, três anos...

Deixei a frase no ar quando ele simplesmente passou por mim.

Me abaixei e soltei meu cachorro que que correu junto com outros que passavam ali.

– Alex! – estava furiosa. – Alex, espera!

Eu me aproximava rápido, más minha visão começou a ficar manchada e tive que diminuir.

– Alex! – gritei para sentir uma fisgada na cabeça que me fez gemer, e acho que foi isso que o fez parar. – E-espera.

Pedi caminhando lentamente até ele.

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