Capítulo 30

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Nunca pensei que pudesse me divertir tanto em um show de pop rock. Mesmo com o cilindro, nós três nos divertimos e sem nenhuma restrição.

Michael se perdeu na metade da festa, com certeza encontrou alguém. Eu e o Alex ficamos sozinhos.

– Você está bem? – fiz que sim e deitei minha cabeça no peito dele. As pessoas ao nosso redor estavam todas gritando, pulando e só nós estávamos abraçados – Quando quiser ir embora, me avise.

– Não quero ir embora tão cedo – ele percebeu o duplo sentido antes que eu mesma pudesse perceber. Seu peito tremeu e sua mão vacilou ao envolver minha cintura.

Desculpe. Pensei em dizer, mas minha voz ficou presa.

Senti um calafrio subir pela minha espinha até o meu cérebro, como um choque.

Me encolhi.

Outra rodada de choque se espalhou pelo meu corpo, chegando ao meu coração e aos pulmões.

Fechei os olhos e gemi. Minhas pernas cederam e eu teria ido ao chão se o Alex não me segurasse.

– Hannah! – senti meu corpo ser deitado no chão. Outra rajada de choque foi direcionada ao meu cérebro, e essa foi o dolorida. Gritei. – Hannah! Abre os olhos!

Não consigo.

A dor era grande demais, eu não conseguia respirar e meu coração parecia estar sendo esmagado.

Abri a boca, tanto para gritar quanto para puxar o ar, mas não consegui nenhum dos dois. Senti um líquido quente escorrer do meu nariz.

– Hannah! – a voz soou longe, abafada, mas ainda era a voz dele. – Olha pra mim. Não me deixa agora, por favor...

Outro choque e eu arqueei as costas.

– Olha pra mim... – a voz estava embargada e suplicante.

Meus olhos se abriram em fendas, apenas o suficiente para que eu conseguisse vê-lo.

O rosto molhado pelas lágrimas, desesperado, segurando o meu rosto.

As luzes do galpão tinham sido acesas, a música parou e mais ninguém dançava.

– Hannah – mal senti quando ele pegou minha mão – Por favor, não me deixa.

Meu corpo estava mole e minha cabeça parecia estar flutuado, como se eu estivesse boiando na água.

Consegui manter meus olhos abertos até o socorro chegar, e durante todo o tempo o Alex não largou da minha mão.

Nem os paramédicos conseguiram estancar o sangramento nasal, e eles não puderam colocar a máscara de oxigênio.

– Sangramento nasal intenso. Insuficiência respiratória! – falou um paramédico, colocando algum aparelho em mim – A paciente possui algum tipo de doença?

Olhei para o Alex. Ele chorava  e apertou minha mão livre.

– Leucemia – a expressão do paramédico endureceu – Estágio final.

O ruim de ter uma crise e desmaiar é que você não vê nada acontecendo, pior do que isso é  ter uma crise e não desmaiar. Você vê tudo, até o que não queria ver.

Vejo quando eles tentam me estabilizar, vejo quando chegamos ao hospital e eles me afastam do Alex, vejo quando ele se desespera por não o deixarem  entrar.

Vejo tudo isso, e não posso fazer nada. Sinto uma lágrima solitária escorrer.

Me perdoa, Alex.

De Volta Para Casa     #RevelaçãoMaster2018Onde histórias criam vida. Descubra agora