CAPÍTULO 25-ARMANDO CUIDA DE RODRIGO

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Nos dias que se seguiram, Armando ficou encantado com o tratamento recebido pela mãe.

Ana era muito carinhosa e os outros funcionários atendiam a todas as necessidades de mãe e filho.

De manhã, Judite ou Elaine vinha pegar as roupas sujas e à tarde as entregavam limpas e passadas. Todos os dias, traziam pão quente, guloseimas, frutas e verduras fresquinhas. Nada faltava para os dois.

Puderam passear juntos, ler livros juntos, Armando não tinha preocupação alguma com contas, dívidas e podia dormir e acordar a hora que quisesse.

Os dias foram passando e daí a pouco já eram semanas que se transformaram em um mês.

Ricardo ainda não despertara, era a notícia que sempre lhe davam.

Armando tinha que admitir que era ótimo que Ricardo realmente não despertasse tão cedo, mas quando completou o segundo mês, ficou imaginando por quanto tempo Rodrigo o manteria ali sem fazer nada.

E se Ricardo nunca mais acordasse?, pensou o prostituto apreensivo.

Um dia, foi visitar o pessoal da casa grande.

Bastaram minutos para perceber como a casa estava silenciosa e triste.

As empregadas vieram recebê-lo e ficaram logo entusiasmadas com a sua visita, confessando que depois que ele se mudara dali, tia Eustáquia voltara a exigir o rigor de um convento.

Armando pode perceber, porém, que a tia subia e descia diversas vezes do terceiro andar, para olhar o sobrinho.

_Você está lindo, Armando! Nossa, como engordou!_disse Judite.

_Está corado, bem disposto...nem parece aquele rapaz que saiu daqui totalmente desgastado naquele dia.

_Obrigado, meninas. Realmente, estou tendo a vida que pedi a Deus.

_Meninas, olhem os modos com o rapaz!_repreendeu tia Eustáquia._Realmente, senhor Armando, está com uma cor ótima e parece estar muito saudável. Com licença, pois preciso levar este caldo para o meu sobrinho.

Assim que tia Eustáquia saiu, Judite pediu que Armando se aproximasse dela para poder ouvi-la:

_Aqui está um cemitério, Armando. Ainda mais agora que o patrão lá de cima está doente também, tia Eustáquia está de amargar._desabafou Judite sussurrando para ninguém ouvir.

_O senhor Rodrigo está doente?_perguntou o rapaz por curiosidade.

_Ele sempre adoece quando o irmão entra em coma. Só que eram por dias, mas agora...lá se vão quase dois meses. Aí, sabe como é...só trabalhando, mal dorme, mal come, insônia e agora esta pneumonia que não sara...não sei não, viu. O médico até já quis interná-lo, mas tem uma cabeça dura..._disse Elaine desanimada.

_Nossa, gente. Não sabia que as coisas aqui estavam desse jeito.

Tia Eustáquia voltava com a bandeja de comida intacta e com o semblante contrariado.

_Ele não comeu novamente, tia?!_perguntou Elaine visivelmente preocupada.

_O humor dele está me matando! Uma hora chora sentindo falta do irmão e no momento seguinte me bota pra fora do quarto dizendo que eu o estou atrapalhando no trabalho.

_E a febre, tia...abaixou?_questionou Judite.

_Que nada! Ele agora fica febril é o dia todo.

_Sinto muito, tia. Eu lá naquela paz, naquele paraíso e vocês aqui, neste sufoco.

GÊMEOS: ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO/ versão light-não contém cenas de violênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora