CAPÍTULO 36-RICARDO FOGE!

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Armando recebeu alta dois dias depois e foi direto para a cama de Rodrigo, para os susto de alguns, o constrangimento de outros e a felicidade de vários.

Judith e Elaine comemoravam por terem trocado de Luciana para Armando. Mesmo negando, Nestor e César também estavam satisfeitos, apesar de saberem o que os dois deviam estar fazendo no quarto.

Tia Eustáquia fingia ignorar que o sobrinho havia levado o prostituto enfermeiro para o seu quarto para viver maritalmente com ele.

Ficou combinado que Ricardo continuaria sedado até a sua transferência, no dia após o Natal, mas o destino não concordou com aquilo e preparou uma surpresa para os moradores daquela casa antiga.

Naquela manhã, Rodrigo saiu do quarto cuidadosamente, tentando não acordar o namorado que dormia profundamente em sua cama.

Puxou a porta devagar e desceu as escadas sem fazer barulho.

Ouviu as mulheres conversando animadamente na cozinha. Era tão bom ver que tudo voltara ao normal!

Assim que elas o viram, logo vieram servir o café para o patrão que as cumprimentou.

Rodrigo estava tomando café, quando ouviu alguém sair com o carro. Imaginou que fosse Nestor ou César, claro.

Virava uma xícara de café na boca, quando, mecanicamente, olhou para a porta do porão e levou um susto enorme com o que viu: a porta estava aberta e ele imaginou que tia Eustáquia, com a certeza de que o sobrinho estava inconsciente, não se preocupara em fechá-la.

Quando as batidas do coração finalmente voltaram ao normal, após o susto inicial, ele chegou à conclusão que já estava imaginando coisas e ficando paranoico com aquela possibilidade de Ricardo vir a atacar mais alguém naquela casa. Sabia que, se isso acontecesse, a maior responsabilidade seria dele e de mais ninguém. Ele era o único responsável por Ricardo, não dava mais para fugir daquela realidade.

Era tão estranho olhar para aquela porta e imaginar que, dali a alguns dias, ela nunca mais iria se abrir, pois ninguém mais estaria por trás dela.

Mais uma vez, a agonia que o dominava dia a dia, o assaltou deixando o empresário triste e sofrido: por que tinha que ser assim? Por que tinha que ter surgido aquele tumor...a válvula ter perdido o controle...tudo ter dado errado?! A ciência estava tão avançada, mas não podia ajudar o seu irmão.

De repente, o coração do empresário pareceu congelar quando ouviu as vozes de Nestor e de César. Os dois homens entraram rindo na cozinha, até que viram o patrão sentado tomando café e pararam confusos.

_Bom dia, senhor Rodrigo. Achei que era o senhor saindo com o carro._disse Nestor.

_Pois eu pensei o mesmo...que um de vocês dois havia saído com o carro._declarou Rodrigo tentando calar a voz que gritava em seu cérebro.

Mais tarde, ele confessaria para si mesmo que lá, bem no fundo, ele já pressentia que aquilo iria acontecer. Talvez, se soubesse o que estava por vir, o empresário tivesse dado mais atenção aos seus instintos de irmão gêmeo se não quisesse fugir, ele mesmo, do que estava por vir.

_Meu...Deus..._disse Rodrigo lentamente passando as mãos pelo rosto._Será que roubaram o nosso carro bem debaixo dos nossos narizes, gente?_ainda tentou se enganar mais uma vez.

Foi Elaine quem percebeu primeiro, já que estava mais próxima da porta do porão, os gemidos que vinham dali e deu um pulo assustado, como se achasse que fosse Ricardo subindo para pegá-la.

A imagem de tia Eustáquia cambaleante e com o rosto sujo de sangue surgiu de repente assustando a funcionária que deu um grito agudo.

Judith foi a primeira a se aproximar para ajudar a irmã a amparar a tia.

GÊMEOS: ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO/ versão light-não contém cenas de violênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora