Um leve toque na porta anunciou que tinham visitas.
Ana, uma mulher que havia sido contratada para cuidar de dona Célia, enquanto Judite e Elaine estivessem trabalhando, abriu a porta. Era Rodrigo.
Dona Célia logo o cumprimentou entusiasmada:
_Oh, é o patrão do meu Armandinho, Ana. Vamos entrando, senhor Rodrigo.
A mãe de Armando abraçou o empresário carinhosamente.
_Que pena! Meu marido acabou de sair.
_Não se preocupe, pois não faltarão oportunidades de conhecê-lo, dona Célia._disse Rodrigo compreensivo se lembrando que ela se esquecera que já era viúva.
_Como eu agradeço por meu filho ter conseguido um patrão tão bom..._disse a senhora ainda abraçada a Rodrigo que não a afastou._Já pegaram o ladrão?
_Ladrão?_perguntou o empresário confuso.
Rodrigo sentou-se à mesa que a mulher indicava, percebendo que Armando comia um pedaço de mamão ignorando a sua presença.
_O que roubou as roupas do meu filho! Armandinho, você não contou para o seu patrão que foi assaltado?
_Não, mamãe. Não queria preocupá-lo, afinal, ele é tão bom pra mim, não é mesmo?_respondeu o enfermeiro ainda sem olhar para o patrão.
_Precisava ver, senhor Rodrigo. O meu filho chegou aqui completamente nu, pobrezinho! Estava tão nervoso que fiz um chá pra ele e ele logo dormiu o resto do dia. Acabou de acordar.
_É, mãe. O maldito quase me matou do coração. Espero que receba o castigo que merece e mofe numa cadeia!
Rodrigo sussurrou para que Ana levasse dona Célia para um passeio no jardim.
_Não precisava vir me buscar. Já estava me preparando para voltar para as minhas tarefas, patrão._Armando preparou-se para sair da mesa.
_Não. Por favor, sente-se. Preciso conversar com você.
Armando voltou a se sentar, suspirando para demonstrar irritação.
_Mandarei alguém trazer as suas coisas pra cá. Você poderá ficar alguns dias descansando aqui, na casa da sua mãe.
_Só preciso de uns dois ou três dias. Não vou abusar de sua generosidade._disse Armando secamente.
_Eu também vim lhe pedir...desculpas por ontem._disse Rodrigo humildemente.
_Não me peça o impossível. Não consigo perdoar quem me trata como uma máquina de fazer sexo e não como um ser humano de carne e osso.
_Pare. Tudo bem, não vamos por este lado. Confesso que sou um idiota que não merece suas desculpas, realmente. Eu fui relapso e não percebi que o meu irmão estava abusando de você. Meu trabalho exige demais de minha atenção.
Armando não baixou as defesas:
_E o meu não? Só o seu trabalho é que conta, por quê?
_Não...por favor. Isso é difícil pra mim...deixe-me falar.
Armando percebeu que ele tinha a voz sofrida e se controlou.
_Me afogo no trabalho quando estou com problemas. Às vezes, tento esquecer que ele nunca mais sairá daquele porão e mesmo que poderá morrer a qualquer momento. Temos uma ligação tão forte que, naquele dia, eu senti algo muito forte e percebi que ele estava tendo uma nova crise. Por isso vim te socorrer. Ao contrário daquilo que você me acusou, dizendo que eu já sabia que ele iria dar outra crise e o mandei descer, não há como prever quando vai acontecer. Agora, por exemplo, só esperávamos outra crise dele daqui a alguns meses, mas não, assim que você o deixou, tia Eustáquia foi vê-lo e percebeu que ele entrara em coma mais uma vez, após sangrar mais um pouco. Só o fato dele não ter te atacado novamente já é a prova de que você o satisfez tão totalmente, que ele não precisou te atacar, Armando. Quando ele te atacou, ele estava há duas semanas sem sexo, lá embaixo, e acho que foi por isso que te pegou daquele jeito. Mas agora, não...ele foi, digamos...descarregando os hormônios dia após dia com você e pôde se controlar mais. Como eu estava atolado em trabalho, nem percebi e, por isso, não pude ajudá-lo a não se desgastar tanto. Esse é mais um sinal que ele está te aceitando muito bem. Aliás, o Nestor e o César disseram que ele não tem usado de violência contra você, é verdade?
_Não. Realmente, ele não me machucou, confesso, mas é que eu fiquei desgastado, pois, como já lhe disse, ele tem a pegada muito forte, foi isso.
_Tenho esperanças de que ele não o atacará mais.
_Talvez eu não dê conta do recado, senhor Rodrigo. Confesso que quase apelei com ele ontem.
_Isso não acontecerá mais._apressou-se Rodrigo. _Juro que ficarei mais atento. Vou procurar o médico dele e ver se podemos deixá-lo mais tranquilo para que não o pressione demais, ok?! Não ficará mais um período tão longo lá embaixo, eu prometo.
Armando preferiu não falar nada, pois temia que Rodrigo quebrasse a sua promessa.
_Bom, preciso voltar. Mandarei que lhe avisem quando o meu irmão recobrar a consciência, ok?! Enquanto isso, pode ficar aqui, se quiser, com a sua mãe. Descanse, enquanto isso. Tenha um bom dia.
_Bom dia._disse Armando secamente.
Rodrigo já se encontrava a alguns metros da casa de dona Célia, quando percebeu que não entregara as vitaminas que o médico receitara para o enfermeiro recompor suas energias.
Como a porta estivesse só encostada e ninguém atendesse ao seu chamado, resolveu entrar e colocar as vitaminas sobre a mesa.
A casa estava silenciosa e ele não resistiu ao impulso de ver se Armando estava no quarto.
Novamente, a visão do enfermeiro deitado sob um fino lençol e totalmente nu, já ressonando, mexeu com o empresário que não conseguiu desviar os olhos do rapaz.
_Oh, senhor Rodrigo. O senhor ainda está aí?_disse dona Célia chegando atrás dele.
Ele fez sinal para que ela voltasse para a sala, a fim de deixar o enfermeiro dormir.
_Desculpe o meu filho, senhor Rodrigo. Esta mania de dormir sem roupas...pensa bem. Pode deixar que eu vou acordá-lo pro senhor.
Rodrigo a deteve:
_Não, pode deixar. Só vim deixar umas vitaminas pra ele tomar, pois está muito magrinho e tem trabalhado demais, dona Célia. Meu irmão viajou e o seu filho poderá ter alguns dias de descanso, ok?!
Despediram-se com um abraço.
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GÊMEOS: ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO/ versão light-não contém cenas de violência
Storie d'amoreDurante o dia, ele era o enfermeiro Armando...durante a noite, ele se transformava no prostituto Scoth Lee. Tudo ia bem, até que o enfermeiro prostituto conheceu os gêmeos Rodrigo e Ricardo. No início, ele achou que entrara no paraíso: morar numa ma...