Ricardo pareceu não notar o quanto Armando estava abatido quando entrou no porão.
Assim que o prostituto passou pela porta, ele foi encontrá-lo e o agarrou lhe dando beijos esfomeados por todo o corpo, enquanto arrancava excitado as roupas de Scoth Lee.
O enfermeiro prostituto pensou na mãe na casinha confortável tão próxima dali...pensou na possibilidade de irem embora, agora que Rodrigo não o ameaçaria mais com a filmagem.
Armando imaginou, na sequência, devolver a mãe para a casa de repouso onde ela estava. Ele aceitaria trabalhar de graça na clínica em troca da vaga para a mãe e, à noite, voltaria a receber seus clientes no Gordo. Voltaria a contar moedas pra pagar água, luz, aluguel...talvez se deixasse iludir por algum outro Edgar que novamente o iludiria até roubar todo o seu dinheiro.
Pensou em Rodrigo estático lá no quarto, talvez vendo aquelas cenas e sem saber como agir...mas também pensou na possibilidade do empresário ter ido trabalhar e ter deixado em seu lugar um de seus funcionários.
A voracidade do outro não assustou Armando Scoth Lee, afinal, eram quase sessenta dias privado do corpo de outro homem.
Não houve resistência, apenas aceitação e uma espera que se prolongou por mais de uma hora. Teve que admitir pra si mesmo que não sabia exatamente o que estava esperando: Rodrigo aparecer para exigir de forma ciumenta e possessiva que o irmão não o tocasse ou Ricardo se cansar? Não soube responder.
Sentiu-se humilhado por perceber que o fantasioso sonho de todos os prostitutos que conhecia de que alguém se apaixonasse por eles e finalmente os tirasse daquela vida também o contaminara.
Repreendeu-se ao se lembrar de Edgar prometendo que um dia eles teriam uma situação financeira melhor e que ele poderia abandonar aquela vida no Gordo.
Armando Scoth Lee tinha que admitir que se iludira mais uma vez.
Ricardo parecia temer que novamente o período de carência o surpreendesse sem aviso prévio.
Quando Armando percebeu que ele se soltou ofegante ao seu lado, na cama, pensou que, finalmente, o outro estava satisfeito.
Surpreso, o enfermeiro prostituto sentiu Ricardo virar-se com uma agilidade impressionante, para quem até pouco menos de vinte e quatro horas se encontrava em coma, e o carregar para o banheiro, onde a banheira já estava cheia e a água ainda morna.
_O que fez este tempo todo, Armando Scoth Lee? Sentiu minha falta?_Ricardo perguntou.
_É claro! Sou todo seu...só seu._sussurrou Armando simulando satisfação.
Era tão fácil para um prostituto como ele simular prazer, excitação, desejo!
"Não dá pra contrariar o cliente", ensinara o Gordo.
_Acredito que não aprontou sem mim. Bom menino...esperou o papai voltar, não é, meu garoto?
Ricardo beijava os ombros e o pescoço do enfermeiro, enquanto o puxava mais e mais para o seu colo.
_Assim é que eu quero...assim é que eu gosto...comportadinho na ausência do papai. E agora que engordou, está uma delícia...mais gostoso do que antes...com toda esta carne roliça pedindo pra ser abocanhada. Meu...você é todo meu e de mais ninguém!_repetia Ricardo.
Escondeu o rosto no ombro do outro, temendo que ele percebesse a sua mágoa, a sua rejeição por estar nos braços do gêmeo errado.
_Aí está ele...como sempre...um voyeur safado...só observando, não é, maninho?_disse Ricardo olhando sobre o ombro de Scoth Lee.
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GÊMEOS: ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO/ versão light-não contém cenas de violência
RomanceDurante o dia, ele era o enfermeiro Armando...durante a noite, ele se transformava no prostituto Scoth Lee. Tudo ia bem, até que o enfermeiro prostituto conheceu os gêmeos Rodrigo e Ricardo. No início, ele achou que entrara no paraíso: morar numa ma...