CAPÍTULO 39-RODRIGO SE DESPEDE DO IRMÃO

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O helicóptero da polícia pousou numa clareira próxima ao lado e um policial veio encontrá-los.

O delegado, Rodrigo e o doutor Cléver se abaixaram para se afastarem da aeronave.

_Já o temos em nosso campo de visão, senhor, mas achamos melhor esperar o senhor chegar para recebermos instruções._informou o policial.

O policial conduziu o grupo até um conjunto de árvores de onde se avistava o lago, porém, sem que Ricardo pudesse vê-los.

Os três homens ficaram chocados com a cena que viam.

Ricardo estava totalmente nu, carregando Armando em seus braços, como se ele fosse um bebê adormecido.

O gêmeo de Rodrigo tinha o rosto coberto do sangue que lhe escorria do nariz, olhos e ouvidos.

Rodrigo queria correr ao encontro dos dois, mas foi detido pelo delegado que pediu que ele tivesse calma.

De repente, Ricardo parou e se ajoelhou cuidadosamente na beira do lago, depositando lentamente o corpo inconsciente de Armando no chão. Pegou a água e começou a banhá-lo.

Perceberam que Ricardo parecia falar algo, mas, de onde estavam, não podiam ouvi-lo.

_Ele não está armado, senhor Rodrigo e poderemos abordá-lo a hora que o senhor quiser._informou o delegado.

Rodrigo, agora que tinha em suas mãos o poder de ordenar a aproximação do grupo, ficou apreensivo temendo que o irmão pudesse se assustar e agredir Armando.

_O que o senhor acha, doutor?_o empresário olhou aflito para o médico, parecendo pedir socorro.

_Não dá pra avaliar o estado do senhor Armando, mas prefiro acreditar que ele está apenas inconsciente. Quanto ao Ricardo, é impossível prever como ele irá reagir diante de nossa aproximação._respondeu o médico.

Rodrigo não conseguia desviar os olhos dos dois homens que estavam próximos ao lago. Queria correr para tirar Armando de perto de Ricardo, mas temia que ele o atirasse violentamente dentro do lago, assim que percebesse a sua aproximação.

_O que o senhor decide, senhor Rodrigo? Podemos avançar agora?_o delegado também parecia aflito para socorrer Armando.

Rodrigo sabia que nunca mais conseguiria esquecer a cena de Ricardo lavando o corpo nu de Armando que, novamente, se sujava com o sangue que escorria do seu irmão.

_Geralmente, quando o sangue começa a vazar, ele já está inconsciente._esclareceu Rodrigo.

_Parece que a válvula estragou e o tumor está vazando sem controle, senhor Rodrigo. Não estaria exagerando se lhe dissesse que ele literalmente explodiu dentro da cabeça do Ricardo._esclareceu o médico tristemente._Mesmo que o levássemos agora para o hospital, acredite, não tem como salvá-lo. Veja todo aquele sangue. Deve ter começado a sair há horas. É inacreditável ele ainda não ter perdido a consciência. Infelizmente, temo que seu irmão virá a óbito a qualquer momento, senhor Rodrigo. Eu sinto muito.

Mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde aquilo aconteceria, Rodrigo sentiu uma dor enorme invadindo o seu peito: aqueles eram os últimos momentos de vida do seu irmão gêmeo.

O empresário sempre pensou estar preparado para ver a morte do irmão a qualquer momento, pois sabia que a válvula não era cem por cento segura, mas agora, diante do fato prestes a acontecer, sentiu que não estava preparado para se despedir de Ricardo.

Enquanto isso, Ricardo tombara a cabeça de lado e parecia cantar, enquanto limpava o corpo de Armando Scoth Lee com extrema delicadeza. Parecia uma criança perdida em sua fantasia.

GÊMEOS: ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO/ versão light-não contém cenas de violênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora