16. "Never say goodbye,..."

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Estava montada no Snowflake à quase 3 horas. Ele galopava pelo campo a uma velocidade incrível e o meu cabelo preso num coque saltava soltando-se pouco a pouco. O vento batia na minha cara e a sensação de liberdade inundava o meu coração. O ar puro entrava nos meus pulmões e eu inspirava e expirava com os olhos fechados. O animal movia-se rapidamente fazendo o meu corpo movimentar-se sobre ele dando pequenos saltos. Dei-lhe festas na crina e puxei as rédeas para trás para o fazer abrandar. Baixei a minha cabeça de forma a deitá-la sobre o seu pescoço juntamente com o meu peito. Afaguei-lhe o longo pescoço e fechei os olhos sentido o seu pêlo macio na minha bochecha. Estava muito cansada portanto senti-me embalada pelo movimento de Snowflake. 

Joy- Sabes, acho que és o meu único amigo...

Eu sussurei contra o pescoço do animal. Ele relinchou como que a mostrar que tinha ouvido e eu ri-me ainda deitada com os olhos fechados no seu pescoço. Ele entendia-me. Um cavalo entendia-me.

Sim, não ficava surpreendida por não ter amigos.

Porque sei que lá no fundo isto foi a coisa certa a fazer. Não queria escrever-vos isto, porque... Vá lá. Ninguém quer escrever uma coisa destas. Não está certo. Eu devia ir ter com cada pessoa que amo e conversar com essa pessoa. Devia dizer tudo, porque tudo o que tenho para dizer não cabe aqui. E sei que ficarão palavras por dizer. E por isso peço desculpa.

Quem me conhece sabe que nunca digo a palavra "adeus", porque adeus quer dizer ir embora e ir embora quer dizer esquecer. Mas hoje, vou ter que o dizer.

 

Não me queria lembrar mais disto! Um gemido de frustração saiu-me dos lábios e desmontei o Snowflake em dois segundos, nem me dando ao trabalho de o desequipar.

Entrei em casa para ir buscar o meu maço de tabaco e tirei-o do bolso das calças que tinha usado no dia anterior. Fui até à rua e acendi o meu cigarro puxando o fumo enquanto ele entrava no meu organismo. Manti-me de pé e continuei absorta do meu mundo até que ouvi algumas vozes do lado da casa.

"Puto, tu tens que me pagar ou eu passo-me!"

"Mano, tem calma, eu já te disse que te pago mas preciso de uns dias."

"Sempre com uns dias, mas isso não é assim! Não é comigo que ficas fodido é com ele!"

Reconheci as vozes mas não consegui perceber imediatamente quem era. E sinceramente a conversa não me estava a agradar nada. Estava assustada, e apenas consegui perceber que eram dois rapazes. Dei uns passos para mais perto de forma a ouvir melhor as vozes masculinas.

"Mano, eu pago, eu prometo, mas por favor dá-me mais uns dias!"

"Não posso Harry, tu vais pedir dinheiro a qualquer outra pessoa e vais ficar a dever-lhe e depois? Depois o gajo vai atrás de ti e tás fodido! És o meu melhor amigo, achas que te quero em problemas?"

Harry. Era o Harry que estava ali. O Harry a falar com o.... Zayn? Era, o Zayn. Isto não podia ser. O meu maior pesadelo. Harry Styles. A sua voz rouca tinha-me parecido familiar mas eu não me lembrei dele imediatamente, para além de que estava extremamente bêbada quando falei com ele da última vez. A voz áspera de Zayn destacava-se, tentando soar calmo. Imaginava-o a puxar as pontas dos seus cabelos para cima, como fazia sempre. Conseguia reconhecer a sua raiva devido à forma como falava.

That Girl. (z.m) - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora