Henry acordou primeiro que Pitter que dormia aninhado ao seu peito, “Tão lindo”, pensou Henry alisando os cabelos negros que insistiam em cair sobre o rosto do menor, mas logo os pensamentos sobre aquela aposta inescrupulosa lhe invadiram a mente, não tinha como voltar atrás. Levantou-se devagar sem acordar o pequeno Pitt e checou a câmera que durante toda a tarde gravou os meninos fazendo sexo, Henry nem se deu o trabalho de checar se tinha de fato filmado a transa deles, desligou a câmera e colocou-a em uma gaveta qualquer de sua escrivaninha, admirou Pitter dormindo por alguns instantes e depois resolveu acordá-lo.
— Pitter? Pitter acorda, já está tarde, você tem que ir agora! — disse sacudindo de leve os ombros do menor. Pitter despertou aos poucos se recobrando de tudo que aconteceu aquela tarde, sorriu olhando para o maior que estava de peito nu parado em sua frente.
— Que horas? — perguntou se espreguiçando.
— 5 da tarde. Quer que eu te leve em casa? — perguntou juntando as roupas espalhadas pelo quarto.
— Sim, meu pai deve estar louco se perguntando onde eu estou.
— Se vista que eu lhe levo, vai ser rápido.
Henry não olhava Pitter nos olhos, o que de inicio Pitter estranhou, mas não deu importância, o que eles tiveram mais cedo foi maior que tudo. Pediu para tomar um banho, qual foi cedido pelo maior e no espelho ele verificou as marcas em seu corpo deixadas por Henry, sorriu para seu reflexo, nada que suas roupas grandes e escuras não escondessem, só estava com um pequeno desconforto em seu traseiro, nada alarmante.
Banhou-se com calma, relembrando de cada detalhe daquela maravilhosa tarde, vestiu suas roupas e secou seu cabelo como pôde, pôs uma touca preta que se encontrava em sua mochila e disse a Henry que estava pronto pra ir, e este não disse nada, apenas pegou as chaves do carro e desceu com o garoto, “OK, agora está estranho” pensou Pitter, mas não iria confrontá-lo, não agora, “O que tivemos foi maior que tudo” insistia em pensar e isso lhe confortava.
Chegaram rápido a casa de Pitter, este ensinava o caminho com calma ao maior, Henry parou uma quadra antes da casa dele e decidiu dar o último beijo no seu pequeno, tomou sua cintura com calma e uniu seus lábios ao de Pitter, foi um beijo calmo e romântico, com gosto de amor para Pitter, para Henry também, embora o sabor do arrependimento fosse maior. Mas por que ele estava arrependido se nem entregara o vídeo a seus amigos ainda? Simples, Henry não voltava atrás em suas escolhas, mesmo que se arrependesse depois. Se deu sua palavra ele a cumpriria, uma qualidade, poderíamos dizer em outras ocasiões, não agora.
— Te amo, sempre, ouviu? Sempre! Não esquece disso. — sussurrou Henry no ouvido de Pitter.
— Eu também te amo, Henry! — Pitter respondeu achando graça no jeito do maior. Deram mais um beijo e Pitter saiu do carro.
Pitter entrou em casa e para sua sorte e alívio seus pais não estavam lá para incomodá-lo, se tivessem chegado antes dele certamente seria hostilizado por seu pai duro, tinha hora para voltar para casa, regras a serem seguidas. Foi para seu quarto, trancou-se e pôs seu celular para tocar músicas instrumentais de grandes compositores da história, Bethowen, Mozart, Tchaikovsky entre tantos outros do gênero. Ele gostava desse tipo de música, lhe acalmava, lhe transmitia paz. Adormeceu ainda pensando nos momentos com Henry, não via a hora de encontrá-lo de novo, era sexta-feira, no sábado e no domingo Henry ainda estaria sozinho e eles poderiam repetir todas aquelas loucuras na casa do maior, “Eu o amo” pensou antes de cair no sono.
Acordou umas 20 horas daquela noite fria, levantou-se, lavou o rosto para espantar o sono e desceu em busca de algo que pudesse matar sua fome. Pitter nem mesmo havia almoçado, sua barriga roncava e ele sabia que devoraria um boi se possível.
Encontrou seus pais assistindo algum programa qualquer na TV enquanto os gêmeos jogavam em seus celulares de última geração, melhores em tudo que o de Pitter. Seguiu para cozinha onde encontrou Mirtes, a beijou e a abraçou com carinho e pediu algo para comer, a doce senhora de pronto atendeu o pedido do garoto, mais rápido impossível preparou uma macarronada com almondegas que sobraram do almoço, Pitter se lambuzou, literalmente, com a comida tão saborosa da senhora que apenas o olhava e sorria com satisfação ao ver aquele garoto franzino comendo feito gente grande.
— Estava ótimo Mirtes.
— Quê isso, Pitter? Dizem que a fome é o melhor tempero de uma comida. — respondeu simpática.— Então de certo você usa esse tempero na sua comida, porque é a melhor. Obrigado mais uma vez, vou para meu quarto estudar, boa noite. — beijou Mirtes na testa e saiu da cozinha indo em direção ao seu quarto.
— Boa Noite! — disse ao passar por seus pais na sala, esses se limitaram em dizer apenas um “Hum”.
Pitter estava acostumado com essa falta de carinho e diálogos entre ele e seus pais, quando acontecia não era bem um diálogo, já que apenas eles falavam e Pitter tinha que ouvir tudo calado.
Já em sua cama olhou seu celular e nem uma mensagem havia chegado, nem ligações, resolveu deixar de lado, pegou um livro qualquer de sua estante e o folheou sem interesse, leu algumas linhas, por fim se deu por vencido, pegou seu celular e resolveu ligar pro seu amado.
O celular chamou, chamou e ninguém do outro lado atendeu, “Deve estar dormindo”, pensou e logo adormeceu.
Pitter esperou por dois dias as ligações de seu amado, e elas nunca vieram, tentou ligar outras vezes, porém o celular do maior estava agora desligado. Pitter não sabia o que estava acontecendo, “Tudo bem, amanhã é segunda e ele vai estar lá, vamos nos encontrar”.
***
Em sua casa Henry recebia seus amigos para uma “social”.
— Então Henry, fez?
— Não falei que faria? Está aqui! — tirou a câmera de sua gaveta e deu a um de seus amigos. Esse olhou a câmera, procurou o vídeo e achou, Jeff sorriu de satisfação.
— Você é mesmo um filho de uma puta sortudo! Ele conseguiu comer o viadinho, agora devemos 500 pratas pra esse bandido. — Jeff e os outros não conseguiam tirar seus sorrisos do rosto, eles observaram o vídeo e se excitaram ao ver o quanto receptível e gostosinho era o doce Pitter. Henry pediu pra desligar a câmera e eles o fizeram, se sentira desconfortável com aquela situação, embora não demonstrasse. Ele teve que rejeitar todas as ligações de Pitter durante todo o final de semana, estava tudo acabado entre eles, embora apenas Henry soubesse disso, no fundo Pitter tinha a esperança de que aquele desencontro tenha sido apenas isso: um desencontro. Na segunda-feira Pitter teria a maior decepção de sua curta vida.
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Essência Provada
Romance"Acordou naquele dia com o pensamento de como se algo em sua vida fosse mudar. Tinha razão de pensar assim. Não era uma simples sensação, o mais breve a tardar teria a constatação." Pitter é um rapaz introspectivo que tem sua vida virada de cabeça p...