Capítulo 5

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Pitter fez como todos os outros dias, tomou seu banho cheio de pensamentos na cabeça. Ele resolveu colocar uma roupa um pouco melhor que as outras que tinha, preto, claro.

Vestiu uma calça skinny rasgada em um dos joelhos, que era um pouco apertada; ele sempre usou roupas largas por isso seu corpo ficava totalmente escondido. Colocou uma camiseta cinza que ficou justa em seu torso magro e calçou coturnos estilo militar. Para finalizar ele amarrou uma camisa quadriculada na cintura e colocou os óculos escuros que ganhou de presente de aniversario de sua amiga, Haley; estava em falta com esta, se viram pouco nas últimas semanas. Culpa de Henry que não desgrudava do namorado enquanto tinha oportunidade.

Agora ele queria mostrar para a amiga que estava bem, queria mostrar ao namorado como estava bonito e era só para ele. Passou o perfume que Henry havia dito que gostava de sentir em sua pele, arrumou seus materiais em sua mochila e desceu para tomar café da manhã. Seus pais se surpreenderam com as roupas do garoto, porém nenhuma reação demonstraram, nem se sentiam pais de Pitter, apenas quando era para dar broncas. Pitter comeu tranquilamente olhando para todos na mesa, estava de óculos escuros e não se intimidaria em olhar as pessoas nos olhos, eles não veriam afinal.

Do outro lado da cidade Henry se arrumava como sempre, calças apertadas, tênis de marca, camisa também de marca e por fim o item mais valioso de seu guarda roupa, a jaqueta de capitão do time de futebol. Henry estava ansioso, não namorava mais com Pitter, e para mostrar isso ao garoto resolveu usar uma tática nada legal, agarraria qualquer menina do colégio da frente do garoto, não importava se isso magoaria os sentimentos do menor. Belo modo de amar Henry!

Pitter chegou ao colégio e sua amiga estava ali, logo em frente, ela não acreditou em como seu amigo estava vestido. Correu gritando em direção ao garoto e se jogou em seus braços, estava alegre, eufórica, por ver seu amigo bem, como quase nunca vira.

— Você está lindo!

— Obrigado Haley. Viu os óculos?

— Claro! Esse presente que eu te dei custou caro, sabia? E você nem usava, que bom que está usando agora, mas para quê esta produção toda hein? Tem gatinho nessa história não é? — Haley sabia da sexualidade do garoto, foi sua confidente quando suas “escolhas” estavam em conflito.

— Tem, mas deixa para outra hora, é recente e ele não quer assumir, não agora.

Ela achou estranho, mas resolveu deixar para lá. Seguiram para dentro do colégio sobre olhares de muitos ali, não se demorou no pátio, foi logo para sua sala, no caminho procurou Henry com os olhos “Acho que ainda não chegou”, esperou todos entrarem na sala de aula e o professor iniciou a disciplina, Henry era do terceiro ano, Pitter do segundo, por isso não sabia se este já havia chegado. Quando chegou a hora do intervalo Pitter que quase nunca se arriscava entrou na cantina, onde muitos jovens conversavam e comiam animadamente, naquela hora arrependeu-se de ter entrado lá, Henry estava atracado a uma garota loira, líder de torcida, a cena embrulhou seu estômago, quando ele pensou em sair da cantina dois dos amigos de Henry o seguraram pelos braços.

— O que estão fazendo? Me soltem! — Pitter tinha lágrimas nos olhos, escondido por seus óculos escuros.

— Ainda não, gracinha. Queremos te mostrar uma coisinha. — sussurrou Jeff no ouvido de Pitter, o fazendo tremer de medo. O que esses trogloditas queriam consigo?

— Ah, ele está nervosinho assim porque viu o Henry beijando a Jéssica, você não pensou que ele realmente fosse seu namorado, né? — aquelas palavras foram como socos no estômago de Pitter. Como eles sabiam desse namoro, e como assim ele não era namorado do maior? Era sim!

— Chega, vem! — Jeff arrastou Pitter com a ajuda de outro garoto. Todos na cantina pararam para “apreciar o espetáculo”, Henry ficou apreensivo, não sabia o que iam fazer com seu garoto, que irônico, “seu garoto”.

— Ei, gente! — ele gritou para as pessoas na cantina. — Temos um filminho para vocês, liguem seus aparelhos. – todos ligaram seus celulares. Pitter tremia, não entendia nada, Henry ficou ainda mais nervoso, de repente todos os celulares começaram dar sinal de mensagem, logo depois eles olhavam para Pitter com nojo, uns riam, debochavam, Pitter estava atordoado, “Por que estão fazendo isso comigo?” ao longe ele viu Henry olhando seu celular, esse balançou a cabeça em sinal de negação.

— Ah, que mal educado que sou, não podemos deixar o ator principal do nosso filme, ficar sem ver sua própria atuação. — Jeff mostrou a tela do celular para Pitter. De início ele relutou em absorver as imagens, ele viu que era por isso que todos riam e zombavam dele, mas nessa hora, nada em volta parecia real, tudo estava desfoque, suas pernas bambearam e os meninos o soltaram, ele caiu de joelhos no chão, sem forças para lutar, ele vira na tela do celular o vídeo dele mesmo fazendo sexo com Henry, que tinha uma tarja no rosto. Pitter estava dilacerado, acabado, humilhado, em seu coração só tinha tristeza, desilusão, decepção; sentiu que nunca mais seria capaz de amar. Eles haviam dilacerado o doce Pitter.

 Eles haviam dilacerado o doce Pitter

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