Capítulo 15

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— Vejo que você encontrou o viadinho do seu irmão, não é Mathew? Que desgosto você me deu garoto, ainda mais que esse, que eu já não dava nada. — era o pai dos garotos que dizia essas atrocidades. Ele estava acompanhado de sua mãe que olhava-nos com total indiferença, pra ela tanto faz, sentia apenas pelo afastamento do seu primogênito.

— Desculpem, mas quem são vocês mesmo? — perguntou Pitter para seus pais. Eles se surpreenderam, até mesmo Mathew engoliu em seco.

— Mas vejam só, esse insolente ousa me destratar. Pois vai ver o que é bom. — estendeu a mão para dar uma bofetada no rosto de Pitter, e antes que Mathew pudesse fazer alguma coisa Pitter o interrompeu falando mais alto.

— Você perdeu o direito de me bater quando me expulsou de casa (o homem ficou estático), perdeu o direito quando disse que não era mais nada seu, por que bateria em alguém que você sente nojo? Não tem medo de sujar suas mãos? Não pense que eu abaixarei a cabeça para você, VOCÊ NÃO É NADA MEU! — gritou mais alto assustando a seus pais e quem passava por perto. Definitivamente aquele não era mais o Pitter passivo que seus pais conheceram, Pitter olhou pra sua mãe que tinha lágrimas nos olhos, talvez se sentisse culpada

— Vocês são tão patéticos. — fez um som com a língua "tsc tsc" — Por exemplo, passaram tanto tempo me pondo pra baixo que esqueceram de pôr limites naqueles dois. Vocês sabem que quando forem velhos eles irão colocá-los no pior asilo que encontrarem, não é? Sim, porque da minha parte eu lavo as mãos, vocês mesmo deixaram bem claro que não faço mais parte da família. Pois eu tenho algo para dizer: muito obrigado por isso! – fez uma reverência em deboche e saiu andando sem mais dar atenção àqueles dois que eram tão insignificantes quanto uma barata.

— Vocês realmente são patéticos, nem se preocuparam em saber se ele estava bem. Sabiam que ele foi atropelado naquela noite? Que só não dormiu na rua porque passou a noite no hospital? Não, isso pra vocês não importa. Vocês nunca fizeram o papel de pais, até mesmo comigo, o preferido. Desculpem, mas vocês pediram. E sobre os pequenos, gravem o que ele falou, eu também lavo minhas mãos, estou junto a Pitter, minha família é ele. — Mathew saiu sem olhar para os pais, que estavam processando tudo que ouviram, acho que um pingo de humanidade foi posto no coração daqueles dois nesse dia.

— Ei ferinha, quase não te alcanço! — isse Mathew pondo as mãos nos joelhos e olhando com um sorriso animador para Pitter.

— E eles? — perguntou Pitter, receoso esperando a resposta.

— Ficaram lá com cara de bunda. Quem sabe eles não se tocaram de tudo que fizeram com você, meu irmão. — Mathew abraçou Pitter que apoiou a cabeça no ombro do maior.

— Você realmente acredita que a humanidade pode ser salva Mathew? — eles riram daquilo e logo trataram de esquecer o ocorrido, aquelas pessoas não iriam estragar a noite dos irmãos.

Andaram pelo shopping olhando vitrines, compraram algumas coisas de que precisavam e Pitter se abasteceu de livros assim como Mathew, eles também compartilhavam o gosto por leitura. Depois foram à cantina e pediram um lanche, o assunto agora era Anthony.

— Você sabe que ele tá na sua né? — Mathew perguntou dando uma mordida no seu lanche, sujando a barba de molho no processo. Pitter limpou com seu guardanapo e Mathew riu.

— Você delira, Anthony não quer nada comigo. — retrucou o mais jovem.

— Aí é que você se engana irmãozinho, não percebeu o jeito que ele te olha? As coisas que ele te faz só pra vê-lo feliz? — Mathew falou como se fosse óbvio. Na verdade era mesmo, só que Pitter não sabia reconhecer esses sinais, pois nunca ele os presenciou antes, até os carinhos dados a ele por Henry eram sempre escondidos e somente para o prazer de quem os dava. Ele nunca ganhou carinho de outros de graça, sempre tinha algo em troca, a não ser de seu irmão e amigos, o que era diferente.

— Eu realmente nunca percebi, mas eu não quero dar falsas esperanças para ele, não quero quebrar o coração dele. — disse Pitter fitando o nada.

— É o garoto do vídeo não é? Me fala quem é esse idiota pra eu quebrar a cara dele Pitter.

— Não adianta Matt, é passado, não interessa mais.

— Se não interessa por que você continua apaixonado por esse cara?

— Porque simplesmente não se manda no coração meu irmão, agora vamos mudar de assunto?

E como imposto pelo mais jovem o assunto foi mudado, falaram de escola, do trabalho de Matt, das suas aventuras; das de Pitter nem tanto, ele sempre foi o quieto da turma, não fazia nada escondido, a não ser aquele namoro que tanto causava saudades em Pitter, em Henry também, mas até isso foi deturpado pela maldade do Capitão do time de futebol.

Como combinado mais cedo eles foram ao estúdio de tatuagem, Pitter sentiu dor no processo, mas adorou o resultado, Mathew riu das caras e bocas que ele fazia, a tatuadora era bem simpática e ficou o tempo todo flertando com Mathew, que bobo nem nada correspondeu a altura, convidando a moça cheia de atitude para saírem qualquer dia desses. O convite foi aceito, trocaram números e e-mails, trocaram também um abraço e um beijo na bochecha, Pitter só ficava de canto com o rosto vermelho vendo seu irmão flertar.

— Como foi a noite, hein? — perguntou Mathew à Pitter se jogando no sofá com compras e tudo.

— Perfeita! Mas a sua deve ter sido ainda mais, né? — Pitter se jogou a seu lado e deitou a cabeça no colo do irmão.

Mathew rindo: eu te amo, Pitter. — e bagunçou os cabelos no irmão.

— Eu também te amo meu irmão, você é tudo que eu tenho agora. — eles sorriram um para o outro e depois foram se arrumar em seus quartos. Dormiram muito bem aquela noite, com a certeza de tudo estar bem a quem importava.

 Dormiram muito bem aquela noite, com a certeza de tudo estar bem a quem importava

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