Carta VIII

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Querida Morte,

Eu sei que é inútil pedir um sinal, mas eu gostaria de pedir mais uma vez. Não preciso dizer que estou piorando a cada dia, pois você já sabe! E mesmo assim ainda está recusando me ajudar nesses últimos momentos.

O que há de errado com você? Você é realmente incapaz de sentir piedade ou qualquer outro tipo de sentimento ou emoções pelo outros, assim como a descrevem?

Você pode sentir algo?

Se sim, atenda esse meu último pedido. Pedido este que imploro há não sei mais quanto tempo, pois já perdi a noção de tudo aqui dentro deste quarto frio de hospital. Atualmente, todos que me visitam usam máscaras no rosto. Apesar de ser um menino da ciência, estou com dúvidas sobre qual é o meu diagnóstico, portanto estou me limitando apenas a não pensar sobre o que está acontecendo e focar no meu tempo limitado para escrevê-la, totalmente em vão, pois já me conformei de que você nunca me responderá.

Ainda escrevo essas cartas, pois elas são o meu conforto e minha distração para o fato de que estou morrendo. Eu sei que devo aceitar isso, mas eu estou no estágio em que as pessoas a temem mais do que tudo. É tudo muito irônico. Eu disse esse tempo todo que não devíamos temê-la, apenas aceitá-la; passei vários dias lhe escrevendo e mostrando meu fascínio por sua figura oculta e agora que meu momento de encontrá-la parece próximo eu estou assustado. É o que dizem: A prática é diferente da teoria, pois na teoria é tudo muito fácil.

Espero que quando minha hora chegar, você me acolha e diga que eu não preciso ter medo, pois eu não quero ter medo. Quero encontrá-la como quem encontra um velho amigo. Espero que se exista vida após a morte, você seja minha amiga e enfim responda minhas perguntas.

Só me envie um sinal antes, se não for pedir muito.

Assinado, Toby

Cartas para a MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora