Capítulo 2/ jimin

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─ Hyung, para onde estamos indo?

Essa foi a perguntar que Jungkook me fez, pela quarta vez na noite.

─ Pare de fazer perguntas. ─ Ri baixo. ─ Você logo saberá.

─ Mas é algo bom?

Assenti, observando Jungkook relaxar e sorrir mínimo.

─ Você vai ter uma aula particular comigo. ─ Olho para os lados, antes de pegar na mão de Jungkook e o puxar para o outro lado da rua.

─ Sobre tudo isso que sinto?

─ Sim!

O arrastei por algumas ruas, sempre tendo que ouvir suas perguntas, ele estava bastante curioso.

Chegando em frente a uma pequena casa, abri a porta, levando Jungkook comigo e voltando a fecha-lá.

O garoto admirou-se, estávamos em uma sala, onde tinha grupos de pessoas, fazendo coisas dinâmicas, conversando enquanto formavam um círculo no chão.

─ Bem-vindo a comunidade lgbtq+, Jungkook. ─ Sorri, enquanto acenava para algumas pessoas. ─ É aqui que começa sua jornada para o conhecimento.

Ele ainda mantinha-se encantado, com um sorriso de lado, observando tudo aquilo. Puxei seu braço, fazendo-o andar junto à mim.

─ Vou lhe apresentar para alguns amigos. ─ Sussurrei e sorri.

Andei até um pequeno grupo de pessoas, que conversam calmamente e faziam brincadeiras.

─ Oi gente! ─ Disse, atraindo a atenção deles. ─ Eu trouxe um amigo.

Olhei para Jungkook, que tinha as bochechas coradas, fiz um sinal para que se aproximasse e sorri, tentando lhe passar conforto.

─ Esse é Jeongguk, o garoto que mora no final da cidade. ─ Segurei seus ombros, o vendo sorrir tímido e acenar para os garotos.

─ Meu nome é William! ─ Um homem, negro, pronunciou-se e apertou a mão de Jungkook. ─ Eu sou um dos líderes da comunidade.

─ Prazer em conhecer. ─ Sorriu fraco, retribuindo o aperto.

─ Então, vamos? ─ O chamei, fazendo-o assentir e me acompanhar.

Caminhei até uma pequena sala, onde costumava guardar as coisas que uso quando se tem reunião.

Empurrei a porta de madeira, pedindo para que Jungkook entrasse primeiro e entrei logo em seguida.

─ Sente-se! ─ Pedi, apontando para uma cadeira de frente a uma mesa. ─ Hoje, eu irei começar falando um pouco sobre minha orientação sexual, ok?

Fui até uma estante de livros, pegando dois com capas diferentes e os colocando em cima da mesa.

─ Você comeu algo hoje? Além do que sua avó fez? ─ Perguntei e ele negou.

Abri um pequeno armário, pegando um pacote de salgados e jogando para Jungkook, que segurou perfeitamente.

─ Enquanto você come eu vou falar e não tenha vergonha de perguntar algo. ─ Fiquei perto dele. ─ Eu estou aqui para te ajudar. ─ Toquei seu nariz com meu dedinho.

─ Eu vou ter que vir todos os dias, hyung? ─ Perguntou, abrindo o pacote que tinha em mãos.

Neguei com a cabeça.

─ Apenas quando o necessário, mas se quiser, pode vir para saber um pouco sobre a comunidade. ─ Acariciei seu cabelo. ─ Eu vou falar três coisas importantes.

─ Quais? ─ Colocou o salgado na boca.

─ A primeira é, ser pansexual não é a mesma coisa que ser bissexual. ─ Olhei para o garoto, fixando meu olhar nele. ─ Não é difícil de saber, você pode prestar atenção nessas duas orientações, de iguais não tem nada. ─ Suspiro. ─ A segunda é algo que nem devíamos ter que falar, porém sempre tem pessoas ignorantes e somos obrigados a isso. Nós não nos atraímos por objetos e sim por pessoas.

─ Existem pessoas que falam isso? ─ Perguntou, de boca cheia.

─ Infelizmente. ─ Passei as mãos no cabelo. ─ E a terceira é, por mais pesado que seja, as pessoas só tem conhecimento de duas ou três orientações sexuais. Mas existem diversas, que ainda precisam de visibilidade, de estudos e precisam de apoio. Principalmente apoio.

─ A pansexualidade não tem a visibilidade merecida?

─ Não, mas ainda iremos conseguir isso. ─ Fui até os livros na mesa e sorri levemente. ─ Agora preste atenção nisso. Tem dois livros com capas diferentes, certo? ─ Ele confirmou com a cabeça. ─ Mas o conteúdo deles são exatamente iguais. ─ Abri os livros nas primeiras páginas.

─ O que isso significa? ─ Franziu o cenho.

─ Significa que, vão vir pessoas tentando dizer que você é anormal e uma aberração. ─ Abaixei a cabeça. ─ Mas se olhar atentamente, por dentro vocês vão ser totalmente iguais. Não estou dizendo isso em questão de orientações, não estou referindo-me a ter os mesmos gostos. E sim ao fato de que vocês têm um esqueleto. Não é porque sou pansexual, que meu interior automaticamente muda. ─ Rio baixo. ─ Olhe para meu interior e para o seu.

Sai de perto dos livros e fiquei próximo a Jungkook, que escutava cada palavra.

─ Não adianta xingar-me, bater-me, no final de tudo seremos um só. Um esqueleto. Um pó. Talvez posso usar isso para justificar o amor.

─ Por quê?

Porque pode ser sentido por pessoas totalmente diferentes, mas no final é o mesmo sentimento.

Pansexual ☪ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora