51. Só o amor é real

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Para cada um de nós existe uma pessoa especial. Muitas vezes, existem duas, três ou mesmo quatro. Todos vêm de épocas diferentes. Atravessam oceanos de tempo e profundidade celestiais para estar conosco novamente. Vêm do outro lado do, do céu. Podem parecer diferentes, mas o nosso coração as reconhece. Nosso coração as abrigou em braços como os nossos nos desertos do Egito, sob o luar e nas planícies antigas da Mongólia. Marchamos juntos nos exércitos de generais guerreiros que a história esqueceu, e vivemos com elas nas cavernas cobertas de areia dos Homens Antigos. Há entre elas e nós, um laço eterno.
A nossa mente pode interferir. "Eu não te conheço." Mas o coração sabe.
Esse alguém toma a nossa mão pela primeira vez, e a lembrança daquele toque transcende o tempo e faz disparar uma corrente que percorre todos os átomos do nosso ser. A pessoa olha em nossos olhos e vemos um espírito que nos vem acompanhando há séculos. Há uma estranha sensação em nosso estômago. Nossa pele se arrepia. Tudo o que existe fora desse momento perde a importância.
Talvez não nos reconheça, mesmo que tenhamos finalmente nos reencontrado, mesmo que o conheçamos. Sentimos a ligação. Vemos o potencial, o futuro. Mas a pessoa não vê. Temores, racionalizações, problemas lhe cobrem os olhos com um véu. Ela não permite que afastemos esse véu. Choramos e sofremos, mas ela se vai. O destino tem seus caprichos.
Quando os dois se reconhecem, nem um vulcão é capaz de explodir com força igual. A energia liberada é tremenda. O reconhecimento da alma pode ser imediato. Uma súbita sensação de familiaridade, de conhecer aquela pessoa em níveis mais profundos do que a mente consciente poderia alcançar. Em níveis geralmente reservados aos mais íntimos membros da família. Ou ainda mais profundos. Sabemos intuitivamente o que dizer, como ela vai reagir. Um sentimento de segurança e uma confiança muito maior do que se poderia atingir em apenas um dia, uma semana ou um mês.
O reconhecimento da alma pode também ser sutil e lento. Um despertar da consciência à medida que o véu vai sendo aos poucos levantado. Nem todos estão prontos para ver imediatamente. É necessário um tempo, e aquele que reconhece primeiro talvez precise ser paciente.
Um olhar, um sonho, uma lembrança, uma sensação podem fazer com que despertemos para a presença do companheiro. O toque de suas mãos ou o beijo de seus lábios pode nos despertar e projetar-nos subitamente de volta à vida.
O toque que nos desperta pode ser de um filho, de um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal. Ou pode ser da pessoa amada, que atravessa os séculos para nos beijar mais uma vez e lembrar-nos de que estamos juntos sempre, até o fim dos tempos.

WEISS, Brian. Só o amor é real.

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