Capítulo 20 - Ghost Of You

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"...so I drown it out like I always do and I chase it down, with a shot of truth..."

(A escrita a seguir está em itálico porque se trata de memórias e sonhos)


- Ei, grandalhão! Sai de perto dele!

A luz quase o cegou. Ao abrir os olhos, Bucky foi atingido por uma quantidade desrespeitosa de claridade que nada tinha a ver com uma fonte artificial. O cheiro acre que invadiu seu nariz segundos após foi mais uma indicação de que ele definitivamente não estava dentro de lugar algum. Em um ato reflexivo para cobrir o rosto do assalto luminoso, ele acabou por criar uma nuvem de poeira em cima de si mesmo e ao erguer o tronco para tossir, suas pupilas avistaram um chão de terra vermelha.

Longos segundos passaram até que ele se acostumasse com a visão e o entendimento de aquilo não podia de maneira alguma ser real. Não era apenas o lado de fora, mas sim um lado de fora que não lhe era familiar. Pelo menos não...

- Sai de perto dele! Você é surdo?

Uma voz ao longe gritou pela segunda vez desde que ele despertara. Olhando pra baixo, Bucky tomou consciência do próprio corpo. Ele estava mesmo lá, as pernas, o tronco, o braço biônico e as roupas com as quais ele tinha ido buscar Steve mais cedo naquele dia...

Steve.

A realização o atingiu como um soco na boca do estômago, mais impiedosa do que a luz do dia contra suas pálpebras, porque essa dor o tomou por inteiro. Cada célula de seu corpo foi entendendo gradualmente o que estava acontecendo. Lembrando com uma vivacidade desnecessária do que o trouxera até ali. Steve. Festa surpresa. Dr. Landscorpe. Sedativo.

A porra de um sedativo.

O desespero ameaçou deixa-lo paralisado, tamanho o pânico que jorrou por suas veias ao mero pensamento de ter sido tão burro e imprudente, e que onde quer que ele estivesse, estava bem longe de Steve. Longe demais.

Bucky ergueu-se, obrigando os músculos a ficarem na posição sentada e por um breve momento ele se permitiu assimilar. Assimilar que por um momento o mundo pareceu ser um lugar bonito e seguro, sua guarda descansando para poder aproveitar o que ele pensou ser mais um dia tranquilo ao lado do homem que amava. Mas não. Esse tipo de coisa não acontecia com Bucky e ele já devia ter se acostumado. Até o maldito médico que devia lhe ajudar a se recuperar, o estava espionando pelo que poderiam ser meses e nenhum deles poderia fazer nada agora.

Suas células que antes estavam tentando entender, agora gritavam em agonia, cantando um mantra que Bucky já conhecia muito bem: tomara que ele esteja bem. Pelo amor de deus, qualquer que seja o mal, que recaia sobre mim e que o Steve fique em paz.

Então, um gritante alerta para suas esperanças infundadas, Bucky ouviu mais uma vez aquilo que o havia acordado.

- Eu. Vou. Quebrar. O. Seu. Nariz.

Ele empertigou o pescoço e dessa vez realmente olhou em volta. Um espaço não muito grande o cercava, com muros de tijolos desgastados e uma árvore quase morta que não devia ser muito mais alta que ele. Bucky, ainda sentado no chão duro de terra vermelha, virou o tronco para ver o que tinha atrás e se deparou com um prédio de dois andares, tão envelhecido quanto os muros ao redor. Algo naquele lugar serviu para lhe dizer que o ambiente era sim familiar, mas muito distante em sua mente danificada.

Entre um dos muros e o que parecia ser uma das portas dos fundos do prédio, haviam... Crianças?

Ele franziu o cenho conforme começou a se por de pé, quase sem perceber que o fazia. Mas havia algo ali, algo que puxou em cordas adormecidas em um canto um tanto profundo de sua mente. Duas figuras maiores bloqueavam dois corpos menores, o que não estava impedindo em nada os dois encurralados de estufarem o peito para seus agressores.

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⏰ Última atualização: Jun 24, 2018 ⏰

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