Renegados do Inferno - Marcada - Vol 2 (REVISÃO)

O filho das trevas

  Entrei no meu quarto com medo de dar de cara com a "Miss Purpurina" Já que era assim que Adam a chamava.

  Mas quando abri a porta um susto. Não era Ravena que estava ali sentada em minha cama.

— Blake? — perguntei fechando a porta e estranhando aquela aparição.

— Precisamos conversar... — Ele disse se levantando e foi somente então que percebi que ele ainda segurava aquela maldita rosa vermelha.

— Precisa colocar isso em um vaso com terra e molhá-la, ou ela vai morrer... — Respondi e ele entendeu que eu me referia a rosa.

— Não é só ela que se sente murcha no momento. — Ele sorriu.

— O que você quer de mim, Blake?

— Vim me explicar. Sobre aquilo que você viu. — Disse ele se aproximando de mim, mas eu me afastei e ele parou. Ele entendeu que queria manter uma certa distância dele. Estava namorando agora e tinha muito medo do que aquela conversa iria render.

— Não tenho nada para escutar, você está livre para sair com quem quiser, mesmo que seja com a garota que tentou me matar, eu não ligo.

— Becca, não foi assim que aconteceu!

— Blake. Não quero desculpas! Não preciso saber, não quero saber!

— Por que está fazendo isso?

— Isso o que?

— Não me dando escolha de me explicar! Me tratando dessa forma como se já tivesse todas as respostas!

— É por que se eu o escutar tenho certeza que tudo vai mudar! — Lágrimas preenchiam meus olhos. — Por que você... Você mexe comigo! E eu não quero me machucar Blake.

  Ele franziu o cenho da testa.

— Princesa, eu não quero te machucar eu...

— Se não quer. Então por favor, saia. — Respondi. Ele parecia incrédulo, magoado... Não o olhe Becca, não o olhe.

— Só queria dizer que eu não beijei Lucy. Foi ela quem me beijou.

— E por que eu acreditaria em você?

— Por que eu mentiria? Acha mesmo que depois de todos esses anos ignorando ela eu iria beijá-la agora? Justo agora? Não adianta não é? Você sempre acha que eu sou o lado errado da coisa. — Respondeu já se preparando para ir embora quando de repente... — Lilith... — Sussurrou arregalando os olhos. Ela estava na porta observando toda aquela cena esse tempo todo?

— C-Como saiu do porão? — Perguntei torcendo para que não fosse Lilith, e que simplesmente fosse Rachel vindo me pedir ajuda ou qualquer outra coisa. Ela sorriu e eu sabia, era sim a pessoa que eu não queria que fosse.

— Tenho meus segredinhos. — Disse ela e logo seu olhar foi diretamente para Blake. — Parece que não sou o único não é mesmo Blake? — Ela sorriu.

— Cala essa boca! — Gritou ele um tanto... Nervoso?

— Está com medo Blake? — Perguntou ela e sua respiração se tornou ofegante do nada.

  O que será que ela ia falar? Seria o tal segredo? Que segredo era esse? O que Lilith queria?

— Não me olhe assim, ainda vou matar você. Mas não agora. — Respondeu ela olhando para mim. — Que bom que escolheu o anjinho por sinal. Não iria querer o filho das trevas como seu namorado iria? — Perguntou para mim e eu franzi o cenho da testa enquanto ela gargalhava em risos.

— Do que está falando? — Perguntei.

— Becca eu... Me desculpa, eu... — Ele tentava se explicar quando foi interrompido pela vampira sedutora.

— Blake Styles, é o meu filho. — Respondeu Lilith e eu acabei entrando em choque. 

— Como é que é? — Perguntei encarando Blake que parecia que ia desmaiar a qualquer momento.

— Foi exatamente isso que ouviu docinho. — Disse Lilith desencostando da porta. — Blake é o filho do diabo. — Respondeu antes de ir embora desaparecendo completamente de nossas visões. Sério isso? Blake era o filho do diabo?

***

— Becca? — Blake me chamou, mas me afastei ao perceber que ele ainda estava ali.

  Lilith havia ido embora, sumido do mapa, mas eu estava em completo estado de choque para falar algo.

— Por favor Becca... Deixe-me explicar.

— O filho do diabo, Blake... Você não é só um renegado, é um demônio legítimo! Príncipe e tudo! — Respondi com receio de pronunciar seu nome.

— E-Eu sei o que isso parece, mas... — Me afastei mais ainda até encostar na parede ao reparar que ele se aproximava. Ele reparou e permaneceu no local.

— Mas? Sério que ainda quer se explicar? Você mentiu pra mim... Me fez confiar em você! Você abriu aquela tumba! Sabia dos risco!

— Não eu não sabia! — Ele respondeu, mas como ele não poderia saber? Era filho de dois demônios! — Becca eu não sabia! Eu juro! Eu tinha até minhas dúvidas sobre ser o filho dele! E como eu iria te contar isso? Você nunca olharia pra mim de novo!

— Não é questão de te confiar ou não Blake! Eu nunca menti para você mesmo quando disse com todas as palavras que eu era filha do próprio braço direito do teu pai!

— Nunca? — Perguntou ele pressionando o maxilar. — Tem certeza disso Rebecca? — Ele perguntou e notei do que ele possivelmente estava pensando.

— Você sabe sobre...

— O seu despertar? Oh, não foi muito difícil de arrancar da Lucy.

— Por que nunca me disse nada?

— Por que confiei em você. Por que por mais que Lucy achasse que fosse uma assassina, pra mim não. Não via você desse jeito, sempre te vi como a Rebecca, a garota que eu gostava. Mas e você? Vai me ver como Blake, ou como o filho de Lúcifer? — Ele perguntou jogando a rosa em cima da escrivaninha e saindo do quarto aos nervos.

***

  Botas negras caminhavam pela madeira do solo onde estava logo ao seu lado o mar coberto de navios de pesca e pessoas que compravam os peixes ou ajudavam os pescadores com o trabalho de uma tarde inteira.

  Seu casaco negro de couro se arrastava pelo chão dando um ar assustador por onde ele passava. Usava uma roupa social por baixo, suas calças eram sociais e negras, sua camisa de abotoaduras também era social, mas a cor era um vinho escuro e o tecido era de seda, usava um suspensório preto e um longo colar com uma pedra vermelha brilhante.

  Seus olhos eram claros e seus cabelos eram lisos e bem penteados. Suas mãos eram cobertas por anéis e em seu rosto uma barba por fazer. O homem andava com uma bengala de cabo negro e a cabeça de uma cobra alada. Ele sorria.

— Por que estou sentindo minha orelha queimar? — Respondeu ele com uma voz grossa e medonhamente encantadora.

— Talvez por que eu estava causando uma pequena intriga usando nosso nome. — Respondeu a voz sedutora e completamente sensual de Rachel Alucard. Ou melhor... Lilith, a esposa de Lúcifer. — Precisava tirar um encosto de perto do nosso menino. — Concluiu ela e ele sorriu orgulhoso.

— Sentiu minha falta? 

— Sempre. — Ela se aproximou deslizando a mão pelo ombro do homem até então desconhecido.

— Está diferente, cortou o cabelo? — perguntou ironizando e fazendo Lilith soltar um sorriso no canto da boca.

— Me beija... Lúcifer. — Ela pediu e ele a obedeceu ignorando os olhares desconhecidos das pessoas que notavam aquele homem um tanto mais velho e estranho beijando uma garota de aparentemente 17 anos de idade. E não um homem qualquer aparentemente.