Renegados do Inferno - Marcada - Vol 2 (REVISÃO)

Everything Black

  Handriel me levou para um local privado. Seu olhar era um tanto preocupante, mas antes que ele viesse para me chamar para sair ou algo do tipo, tinha de dizer logo o que sentia naquele momento.

— Handriel, eu realmente precisava falar com você sobre o nosso relacionamento... Eu...

— Blake está te enganando Becca. — Ele me interrompeu deixando-me sem nenhuma expressão no rosto.

— O que? 

— Ele vem mentindo pra você esse tempo todo. 

— Espera do que você está falando, Handriel?

— Não foi você que abriu os portões do inferno. Foi o Blake.

  Arregalei os olhos e encarei Handriel sem reação alguma, estava muito em choque. O que foi que ele tinha dito?

***

— Do que diabos você está falando? — Perguntei franzindo o cenho.

— Eu sou amigo de um dos amigos de Blake, o Josh, o rapaz que divide o quarto com ele, e ele me disse que leu o diário de Blake. — Respondeu abrindo em uma página específica do diário já bastante usado de Blake e me entregando. — Ele veio pra cá a mando do pai dele. Veio pra cá pra seduzir você e abrir os portões do inferno, Becca. — Disse ele, mas eu não acreditava, precisava ler aquilo e reler diversas vezes, para entender e cair a minha ficha. — O plano dele era abrir os portões para que os pais dele passassem e colocar toda a culpa em você. Ele só está te usando. 

  Não... Aquilo não podia ser verdade.

— Isso... Aqui não tem nada disso só diz que ele foi mandado pra cá...

— Mas não diz como. Ele passou sozinho por que ele pode abrir os portões... Ele é como você! E aí diz claramente que os planos dele eram de abrir os portões do inferno apenas para que seus pais passassem e começassem a vingança deles!

  Minha respiração ficou ofegante e as lágrimas começaram a escapulir dos meus olhos. Blake estava apenas me usando? Comecei a chorar... Não suportei aquilo... Por que ele? Como pude ser tão... BURRA!

  Handriel acabou aproveitando do momento para me abraçar e secar minhas lágrimas, ele me deu um beijo nas bochechas e começou a sussurrar os motivos da qual eu deveria me afastar de Blake. Os motivos da qual me relacionar com um demônio era péssimo, e horrível pra mim... E ele tinha razão... Handriel tinha razão, no que eu estava pensando ao confiar em Blake? Ele era o filho do diabo! Óbvio que não era confiável! Eu só queria me reconfortar em Handriel... mesmo sem perceber que ele soltava um sorriso vitorioso por minhas costas.

***

  Caminhava pelos corredores do meu dormitório fazendo aquela típica expressão vazia, aquela que você tem quando bate uma depressão firme e forte dizendo que vai ficar por um tempo sabe?

  O mundo parecia lentear aos meus passos, minha vida como sempre estava de cabeça para baixo e tudo o que eu conseguia pensar era em como eu iria esfolar o Blake se eu o vesse.

 Pedi para que Handriel me deixasse sozinha, não dei nenhuma resposta à ele, e nem falei mais nada apenas decidi matar o resto das aulas e me debruçar covardemente em meu quarto. Estava entristecida, enraivada, queria tanto destroçar a garganta de alguém que se eu fosse para a sala de aula, eu provavelmente iria fazer uma besteira e perder o controle devido ao nervosismo.

  Abri a porta do quarto.

  Ótimo, aparentemente eu não teria meu tão sonhado sossego.

  Uma garota de cabelos lisos e dourados tentava tirar o adesivo onde estava escrito o nome de Rachel do guarda-roupa e acabei batendo a porta com tudo para que ela soubesse que ainda estava lá e ela se virou nem um pouco assustada.

— Ah, e aí?! — Respondeu voltando para o guarda-roupa.

— O que pensa que está fazendo? Sai daí! — Respondi curta e grossa pra ela que deu um suspiro entediado e voltou-se para mim dando-me um sorriso preguiçoso.

— Alguém está de mal humor hoje. Só estava tentando tirar o nome da sua antiga colega de quarto do meu novo guarda-roupa.

— Novo guarda-roupa?

— Alison Stewart. — Ela ergueu a mão em cumprimento. — Sua nova colega de quarto. — Sorriu entediada, porém não correspondi seu aperto de mão.

— Então é você... — Respondi me aproximando e obrigando a garota a dar passos lentos para trás tentando se afastar da minha presença.

— Sou eu?

— A filha da vagabunda que quer me dissecar?

— Uau! — Ela começou a rir da minha audácia. — Precisa aprender novos palavrões, esses já estão bem ultrapassados. — Continuei a me aproximar até que ela foi obrigada a se apoiar no criado-mudo e cheguei perto o suficiente para que ela entendesse que eu não ia querer ouvir desaforos de imbecis pela minha situação atual.

— Vou deixar as coisas bem claras pra você Alison. Eu não gosto de você, não fale comigo a menos que eu fale com você, se tentar tocar em mim sem o meu consentimento, ou fizer gracinhas, eu juro por tudo que é mais sagrado nessa vida... — Senti meus olhos começar a brilhar naquele branco intenso. — Que mato você. — Respondi e ela que antes estava tensa e quieta abriu um sorriso chocante.

— Pois bem, Rebecca. Estou sentindo que vamos ser muito amigas. — Respondeu e voltei com meus olhos ao normal. Ela parecia não se importar com absolutamente nada. — Agora se puder se afastar só pouquinho, estou começando a duvidar da minha sexualidade com você toda fodona em cima de mim desse jeito. — Respondeu e arregalei os olhos surpresa me afastando ao me acalmar. Realmente havia extrapolado os limites, mas não pediria desculpas. Apenas me direcionei ao banheiro louca por um banho e deixando Alison no quarto sozinha.