Alison

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  Saí do banho secando os cabelos já vestida com meu pijama largo e xadrez. Senti o olhar decepcionado de Alison ao ver que eu era a estranha garota que usava pijamas xadrez e a ignorei.

— Sabe... Todo o ar de fodona que você tinha acabou de escorrer pelo esgoto com esse pijama. — Disse ela lendo um dos livros de Rachel.

— Dá pra parar de mexer nas coisas dela, por gentileza? — Pedi fazendo a voz mais arrogante que tinha. Não ia dar trela para a filha de Peggy Stewart nem a pau e ela sorriu fechando o livro e o jogando do outro lado da cama.

— Paro, se parar de ser uma bruta comigo. Não tenho culpa de seu dia estar sendo uma merda sabia?

— Qual a parte de não falar comigo que você não escutou? — Perguntei despreocupada soltando um suspiro e notando uma caneca contendo um líquido claro no recipiente.

— É pra você. — Disse ela virando-se de lado para me ver melhor e notando minha atenção sobre a caneca. — Vai ajudar a te acalmar, bebe, você vai gostar. — Franzi o cenho estranhando aquela preocupação repentina. — Tá, talvez eu tenha batizado o chá, mas juro juradinho que foi uma quantia muito pouca, só o suficiente para você relaxar. Está muito nervosa.

— Você está querendo me deixar chapada? — Perguntei franzindo o cenho da testa e ela se levantou num pulo indignada.

— Larga de ser chata, estou tentando te ajudar. Desculpe se não tenho um calmante natural aqui comigo!

— Eu não uso drogas, valeu. — Respondi me direcionando para a cama quando ela começou a rir de repente.

— Não mandei usar drogas, sua tapada. Só queria te ajudar, mas já que não quer, tem quem queira. — Respondeu pegando a caneca e experimentando o que tinha dentro. — É, eu realmente não gosto de chá. — Respondeu fazendo uma careta.

  Alison era bem extrovertida, parecia sempre não ligar com nada, e embora fosse a filha da mulher que queria me matar, até que diria que ela me lembrava muito a Dany. O estilo despojado, a fala divertida, sempre procurando aprontar... Exceto o fato de que tenho certeza que Dany não batiza a bebida de ninguém para "relaxar".

— Você é... — Procurei as palavras certas para dizer aquilo, só que não havia encontrado alguma. — Diferente do que imaginei.

  Alison encarou o nada e desta vez sua expressão estava um tanto... Séria..

— Todos olham pra mim, e esperam que eu seja uma cópia da minha mãe. Aposto que me imaginou usando aquelas roupas de dona de restaurante caro e falando bonito enquanto reclamo de não ter um closet importado. — Ela sorriu e eu também. Até que ela parecia legal... Não Becca, não se esqueça de quem era ela. — Bom... Fui criada pra ser assim, só que não sou, ok? Até batizo a água dela com uma branquinha de vez em quando. — Me contou e arregalei os olhos espantada, ela era muito mais louca do que a Dany. — Não me olhe assim, eu sei que você está curiosa pra ver a reação dela.

— Definitivamente estou.

— O fato é que eu não dou a mínima para o que minha mãe faz, ela quer que eu me recomponha e me torne igual a ela, quer que eu a ajude no trabalho, mas sinceramente? Odeio o que ela faz. E acredite em mim se eu tivesse escolha estaria longe daqui. Aparentemente tenho que fazer algo de útil para ela, e sou a única com a mesma idade que a sua, assim poderia "ficar de olho".

— Então vai ficar na minha cola o tempo todo? — Perguntei. Aquilo não era bom, ainda mais agora que estamos aprontando várias coisas para desvendar os mistérios dos portões infernais.

— Que? Ficar em cima de você o tempo todo? Está louca? Qual parte de que não dou a mínima para o que minha mãe fala você não entendeu? Faça o que quiser, eu só estou aqui de enfeite. — Ela sorriu. — Meu dever é proteger você Rebecca. Não virar a sua guarda-costa. — Ela jogou uma espécie de botão vermelho para mim.

— Quando estiver com problemas aperte isso. — Ela pegou uma espécie de celular, porém mais fino e pequeno. — É um rastreador. Aperte e eu saberei aonde você está, mas só aperte isso se precisar da minha ajuda. Vou saber na hora o que fazer. — Disse ela guardando o aparelho de volta no seu bolso.

— Valeu?

— Não agradeça. Eu realmente acho isso tudo aqui um grande saco. — Ela se levantou se preparando para sair porta à fora. — Vou dar uma volta, não se esqueça, é só apertar o botão. — Ela piscou e saiu me deixando completamente assustada. Uau, como ela realmente não se importava.

  Se eu tivesse uma mãe como a dela entraria em pânico e piraria com tudo o que ela me pedisse!

  Bom, acho que pela primeira vez na vida eu poderia dizer que estava com sorte em alguma coisa. Não iria ter que me preocupar com Alison por agora, mas... Isso não signifique que eu não tenha outras preocupações no momento...

Renegados do Inferno - Marcada - Vol 2 (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora