Viandante

13. Futuro

Quando aquela agulha gigante entrou em seu braço, Jimin já começou a sentir sua cabeça pesar, e seus sentidos se esvaírem de seu corpo. Brevemente, viu flashes de luz intensa que fizeram seus olhos piscarem, algo que parecia com a Terra vista de longe... Mais uma agulhada o fez mergulhar novamente na inconsciência... Sentia o corpo balançando violentamente, mais luzes coloridas... A Terra se aproximando... O rapaz se sentia tonto, e em sua mente se alternavam a inconsciência e essas visões do soldado alto de cabelos negros, da Terra, luzes coloridas, turbulências, parecia um sonho do qual ele não conseguia acordar, por mais que tentasse.

Quando Jimin despertou, seu corpo estava dolorido, e podia sentir que seu rosto estava inchado. Ainda se encontrava muito sonolento, mas abriu os olhos, sentindo-os arder pela claridade repentina. Sua mente confusa não conseguia identificar de imediato onde estava, nem lembrar direito o que acontecera.
A cama grande e confortável parecia clamar para que voltasse para ela. Lençóis brancos e macios, um edredom quentinho e cheiroso, ele fechou os olhos por um longo tempo, querendo voltar a dormir, mas sua consciência dizia que precisava se levantar.
O rapaz se sentou e olhou ao seu redor. A cama se encontrava no centro de um quarto grande e todo decorado em tons de branco e cinza claro. Ao seu lado, havia um criado mudo com um copo d'água, o qual ele bebeu de uma só vez, percebendo que realmente estava com muita sede. As dores no corpo denunciavam que devia ter dormido por muito tempo. Nesse momento, sua cabeça começava a voltar a raciocinar, e flashes do que acontecera passavam pela sua mente, o fazendo deduzir onde estava.

Levantou e viu que tinha um par de chinelos ao lado da cama, calçando-os para olhar o restante do cômodo. Somente nesse momento, percebeu que estava usando um conjunto leve de cor branca que não lhe pertencia. A parede esquerda do quarto tinha um grande espelho, e ele viu que seu rosto realmente estava inchado, provavelmente por dormir demais. Passou os dedos através do cabelo bagunçado e percebeu que em frente à cama se encontrava uma escrivaninha, com um aparelho de som, alguns cds e livros.

O quarto tinha duas portas, e o rapaz forçou a maçaneta da que ficava ao lado da escrivaninha, porém, estava trancada, como ele suspeitava. A outra porta ficava no canto esquerdo, próxima ao espelho, esta se encontrava aberta, dando acesso a um grande banheiro. Ali Jimin se aliviou, já que nem tinha ideia de quanto tempo ficou sem fazer xixi. Na frente do vaso, observou um painel digital, se perguntando se precisaria fazer um curso para conseguir dar descarga naquela desgraça.

O banheiro, além de todo tecnológico, era também muito chique, tinha um chuveiro enorme e quadrado, do tipo que Jimin sempre sonhou em ter, uma grande banheira, feita de um vidro tão fino que nem parecia estar ali, e vários produtos de higiene e cosméticos. Tentando dar a descarga, ele liga as luzes coloridas do chuveiro, fez uma música ambiente tocar, levando um susto, fez a banheira começar a encher, sem nem mesmo saber de onde estava saindo a água, desistindo de mexer no tal painel antes que fizesse alguma besteira.

Finalmente, ele tomou coragem de ir olhar para onde ele mais queria desde o início, mas tinha medo. A ampla janela do lado direito do cômodo. Desde que descobrira toda a verdade sobre Jungkook, o menor sempre se sentiu protegido, teve tanta confiança no garoto, que jamais achou que se encontraria em tal situação. Estar de fato no futuro, mais de sete mil anos à frente de seu próprio tempo, era absurdo demais para ser absorvido assim tão rapidamente.

Jimin abriu as cortinas através de um botão próximo à elas, e olhou para o lado de fora. O vidro era à prova de sons. A julgar pela altura, ele deveria estar no 15° andar de um edifício. Do lado de fora, viu diversos viadutos com um pavimento cinza muito claro, quase branco, porém poucos carros circulavam. Estes eram pequenos, com um design arredondado e muito rápidos. Aparentemente aquele pessoal do futuro realmente gostava de branco, nada tinha cor, a não ser os pontos arborizados espalhados pelo local, os prédios também eram claros, quando não eram espelhados. Mais à frente, ele conseguiu ver um grande lago, num local que aparentava ser um parque, e logo abaixo de si um amplo pátio, no qual algumas pessoas circulavam. A cidade parecia muito tranquila, limpa, bem cuidada, praticamente perfeita.